Eu acordo com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão, minha cabeça ameaça explodir a qualquer momento e a luz do sol que vem pela janela definitivamente não ajuda. Me levanto para poder puxar a cortina, porém percebo que não me lembro de ter saído do bar, noto que não estou vestida e o mais importante esse não é o meu quarto. Respirando fundo para tentar controlar o pânico iminente, eu noto que também não estou sozinha ao ver alguém do outro lado da cama se mexendo, eu fico congelada.

Ao ver com quem eu dormir, pra não falar outra coisa. Eu arregalo os olhos e sinto todo o meu rosto em queimar de vergonha. Ele senta na cama e demora um pouco para se situar, é então que ele vira e me encara, sua expressão é surpresa absoluta “O que aconteceu?” ele pergunta “Você pergunta isso pra mim?” Eu respondo com outra pergunta, estou prestes a levantar quando me lembro “Feche os olhos e se você ousar abrir eu juro que te dou um tiro” eu me levanto rapidamente e começo a procurar minhas roupas. Embora eu não tenha achado meu sutiã, começo a me vestir e a contornar a situação. “Nenhuma palavra sobre isso Rossi, em hipótese alguma. Vamos fazer de conta que isso nunca aconteceu” ele murmura algo como ok, até que olha as horas “Droga, estamos atrasados” eu apenas saio do quarto o mais rápido que posso, mesmo atrasada eu preciso de uma ducha e de roupas que não estejam amassadas.

Vinte minutos depois, já devidamente vestida, maquiada e claro com um óculos escuro para esconder meus olhos da incrível claridade, finalmente chego a recepção do hotel e não demoro muito pra ver o restante da minha equipe e isso inclui ele também. “Pensamos que teríamos que chamar o resgate para vocês dois” Morgan fez uma piada, meu estomago gelou “Dois?” eu meio que engasguei “Aparentemente nosso amigo Rossi, também teve uma noite agitada minha cara Alex” eu apenas assenti com a cabeça.

Para o caminho para o avião, eu tive o azar de ir com ele, no banco de trás. Por sorte nós dois estamos de óculos escuro assim nossos colegas sentados no banco da frente, não podem perceber o olhar furioso que eu lanço a ele, e mesmo que eu não possa ver seu olhar, eu sei que é um daqueles cínicos.

O voo foi tranquilo, Morgan começou a atormentar Rossi perguntando se a gata de ontem a noite era bonita, já que de acordo com ele, Rossi tem bom gosto e isso só faz eu sentir um frio na barriga, para minha sorte, Rossi diz a ele que um cavalheiro não dá esse tipo de detalhes.

Chegamos em Quântico na hora do almoço, e porque justamente hoje eles tinham que decidir almoçar em equipe? Durante o almoço, uma garçonete vem pegar nossos pedidos, claro que ela e Morgan flertam um pouco, o que deixa Garcia com uma carranca e alguns múrmuros de como as garçonetes são muito oferecidas. Eu sorrio com isso. Conversamos entre nós enquanto nossos pedidos não chegam, vez ou outra eu o pegava olhando para mim e eu me pergunto se ele lembra de alguma coisa, porque honestamente eu não.

Mais tarde naquele mesmo dia, eu estava procurando uma carona, já que meu carro estava na oficina já há alguns dias, eu poderia até mesmo jurar que eles pudessem estar armando algo, já que de repente hoje todos eles tinham compromissos, exceto ele. Fui obrigada a aceitar a carona, por mais que pudesse ser constrangedor, eu não estava muito a fim de pegar o metro hoje.

O caminho foi surpreendentemente silencioso, quando chegamos em frente à minha casa eu agradeci pela carona, mas claro, Rossi sendo Rossi, não deixaria o momento ficar menos constrangedor “Você não vai me convidar para entrar?” eu mantenho a expressão séria “Acho que já tivemos contato suficiente por toda uma vida” ele ri e diz até amanhã.

Quando estou prestes a abrir a porta eu ouço um pequeno barulho, olhando para o canto da varanda eu vejo um pequeno gato malhado, eu encaro o animal e ele parece fazer o mesmo. Mesmo sabendo que isso vai ser permanente eu pego o bichano, ninguém merece passar a noite no frio, nem mesmo um filhote.