Como Fazer Nossos Pais se Apaixonarem? escrita por Influenza


Capítulo 14
Merecedor


Notas iniciais do capítulo

OLHA SÓ QUEM VOLTOU COM CAP. NOVO ♥ Foi muuuiiitoooooo legal escrever esse cap! Espero que gostem ♥ E eu queria agradecer a Sawako e Mandy pelos seus comentários no capítulo anterior, SÉRIO, SEUS COMENTÁRIOS ESTÃO ME SURPREENDENDO MAIS A CADA CAPÍTULO QUE PASSA! SEUS COMENTÁRIOS COM CERTEZA VALEM POR MIL ♥♥♥♥♥♥ Vocês sabem mesmo como fazer uma autora feliz. Muito obrigada mesmo! ♥
Nesse capítulo, vai ter uma grande interação entre a Hina e o Boruto, e uma pequena surpresinha no final hihihihi. E TÁ ENORME (não sei o que tá acontecendo comigo gente, sério). Só digo isso. Boa leitura! :3

Obs: O que estiver entre aspas e em itálico é um pensamento. O que estiver com letras maiusculas e minusculas e em negrito (Ex.: BoRbOLetA ) é um tipo de pensamento com um teor psicológico da personagem. Como se ela tivesse sido forçada psicologicamente a pensar aquilo ou algum tipo de paranóia. É, eu sei que é estranho, mas eu acho que esse tipo de construção tem tudo a ver com isso :v Vocês vão ver. Boa leitura.



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Naruto estava realmente grato pela gentileza de Hinata, Boruto tinha que admitir. Assim que Hinata se ofereceu para fazer um yakisoba, Naruto se prontificou a arrumar tudo e encontrar tudo o que Hinata precisaria para fazê-lo, correndo até a cozinha em seguida, deixando Boruto e Hinata sozinhos na sala, sentados no sofá. Boruto não conseguia imaginar o Naruto criança agindo daquela forma tão prestativa em circunstâncias diferentes, sinceramente...

Porém, logo ele se deu conta de uma coisa: era a primeira vez que ficava sozinho com sua mini-mãe desde que foi levado para o passado. Sua conversa no hospital não conta, pois estavam apenas se "conhecendo" – e aquilo não durou nem dois minutos. Estava, de certa forma, feliz por ter esse momento com sua mãe; gostaria de entender exatamente o que leva Hinata a não gostar muito de sua moradia, e não apenas saber da existência desse fato.

Ele gostaria de ajudá-la também.

— Então, Hinata, – Boruto começou a falar, o que chamou a atenção da Hyuuga – Como é lá na sua casa?

Hinata quase deu um pulo de susto do sofá, ao mesmo tempo que fazia uma expressão confusa e curiosa.

— Como... Como assim, Boruto-kun?

— Eu percebi que você hesitou em voltar para sua casa... "Lá é muito frio", hein? – Boruto explicou, citando o que a própria Hinata falara particularmente para Himawari – Eles te tratam mal lá?

Ao ver que Hinata estava nervosa – olhando para todos os lados, menos para Boruto –, lhe ocorreu que possa ter perguntado algo pessoal demais. Ela poderia estar pensando todo o tipo de coisa; mas o que mais o dava medo, era que ela pensasse que ele só a convidara para dormir na casa de Naruto para fazê-la se sentir mal.

— P-Por quê a pergunta? – A Hyuuga indagou, desviando o olhar.

Porque eu me importo com você, é por isso.— Declarou o loiro, o que fez Hinata encará-lo com os olhos arregalados – Se tá incomodada com isso, eu esqueço que você disse aquilo. Mas sabe, apesar de nos conhecerem há pouco tempo, você e Naruto são pessoas muito importantes para mim e para Himawari, acredite você ou não. As pessoas, geralmente, querem saber se algum monstro trata mal alguém com quem elas se importam. Eu apenas deduzi isso pelas suas atitudes, não foi para te fazer se sentir mal ou algo assim...

Hinata ouvia tudo silenciosamente. Estava surpresa com as palavras do novo amigo – que conhecera fazia apenas algumas horas –, mas algo no discurso dele chamou muito a sua atenção. "[...] apesar de nos conhecerem há pouco tempo, você e Naruto são pessoas muito importantes para mim e para Himawari" – aquilo era estranhamente recíproco. Não deveria ser possível; ninguém se importa tanto assim com quem conheceu há, no máximo, alguns dias. Não deveria, mas aconteceu. Estava feliz de ter encontrado-os, mas ao mesmo tempo desconfiava da situação.

E, além disso, Boruto falou como se ele e Himawari já conhecessem a si e Naruto antes de seus encontros em Konoha. Ela deveria se preocupar?

— Mas se, – Boruto recomeçou a falar, se inclinando e colocando seus cotovelos nos joelhos, para logo em seguida entrelaçar seus dedos das mãos – hipoteticamente, você realmente fosse mal-tratada lá no Distrito Hyuuga, desabafar com aqueles que você confia pode tirar metade desse peso dos seus ombros. Porém, a outra metade só deixará de existir quando começar a lutar pelos seus direitos como uma pessoa que verdadeiramente merece ser amada.

A Hyuuga não conseguiu reagir àquela declaração, apenas arregalando os olhos e olhando diretamente nos olhos de Boruto. Eram olhos confiantes e corajosos, mas ao mesmo tempo gentis e compreenssíveis, exatamente como se fossem uma mistura perfeita do que os olhos de Hinata e Naruto transmitiam. Se ela, algum dia, parasse para pensar em como seriam os olhos de um filho seu e de Naruto, com certeza imaginaria daquela forma.

Porém, não era isso que havia chamado mais sua atenção. O loiro, literalmente, dissera que ela merecia ser amada. Mas, também, dissera que era preciso lutar para mostrar a sua família que era merecedora de seu amor e admiração. Era uma visão bem realista do mundo: não bastava merecer, era preciso lutar para ser reconhecido como tal. O mundo foi feito assim. Para tirar esse peso dos seus ombros, Hinata não deve guardar seu merecimento só para si; ela deve lutar para mostrá-lo ao mundo e, finalmente, receber o amor que é seu por direito. Assim como seu Naruto-kun está fazendo agora!

"Ela se sentia egoísta por ter chegado a essa conclusão. ErA umA PESsoa hOrRÍVeL. Ser egoísta não fazia parte de sua personalidade. Mesmo Boruto dizendo todas aquelas coisas, É MeLhOr GUarDAr o mErEcimEnTo sÓ PaRa si. Ela não podia, não estava pronta, ela–"

— Bem, acho melhor mudarmos de assunto – Boruto sugeriu em resposta ao silêncio estupefato da Hyuuga. Ela sacudiu a cabeça para sair de seu transe, e, num impulso, concordou com a cabeça – Tá bem. Vamos ver... – Ele olhou para os lados, como se estivesse procurando algo, até que seu olhar caiu sobre um atrapalhado Naruto que tinha dificuldades em limpar a mesa com uma mão sem deixar os pratos caírem da outra.

Hinata encarou sua paixão platônica. A total inabilidade de Naruto em limpeza não tirou-a de seus devaneios mais profundos por completo, mas contribuiu para criar um ambiente mais descontraído. Ela adorava essa capacidade dele de acabar com a tensão do ambiente. É uma pena que não tenha acabado completamente com seu desconforto.

— Ah, olha lá, – Boruto se pronunciou – Vamos falar sobre o Naruto, tudo bem? – Hinata não estava entendendo o rumo que Boruto queria que aquela conversa tomasse, mas assentiu – Ah, bom. Eu sei sobre os seus sentimentos pelo Naruto.

A Hyuuga abafou um gritinho baixo com a mão e arregalou os olhos. Ela achava, com razão, que nunca havia corado tanto quanto corara naquele momento. Como Boruto descobrira? Ela os havia escondido tão bem! E se Boruto sabia, será que Naruto também estava ciente de seus sentimentos? Ah, não! Ela não estava preparada ainda para isso! E se Naruto se afastar dela por causa disso? E se deixarem de ser amigos? E se–

Recomponha-se, Hinata!, repreendeu a si mesma. Você não tem certeza se Naruto-kun sabe. Fique calma, controle seu nervosismo, e não faça aquele movimento ridículo com os dedos indicadores!

— Psiu! – Ela colocou o dedo indicador sobre os lábios, pedindo silêncio. Desviou seu olhar para Naruto, na cozinha; parecia não ter ouvido – P-por favor! O Naruto-kun pode ouvir!

— Ouvir o que? – Indagou Boruto de forma suspeita.

— Q-que eu...! – Ela parou no meio da frase. Não conseguiria dizer em voz alta, nem mesmo se não tivesse percebido o que Boruto estava tentando fazer. Ela desviou o olhar e, por impulso, uniu seus dedos indicadores – no que ela repreendeu a si própria.

Ela estava desconfortável com a situação. MUITO. A conversa tomou um rumo pessoal demais, e Boruto sabia disso. Doía no loiro fazer sua mãe se sentir assim, mas ele pensa que é preciso – tanto para seu plano, quanto para a trajetória de sua mãe. Boruto, em sua própria trajetória, aprendera que era preciso sair da zona de conforto, tomar uma atitude para alcançar seus objetivos; para isso, é preciso ser um pouco "egoísta", se você definir egoísmo como "mostrar que é verdadeiramente merecedor de algo". Ela pensa que o fato de merecer ser amada por todos incomoda. Sua mãe daquele tempo jamais daria um passo desses sozinha, pois é gentil e bondosa demais – qualidade que ele admira nela, e não pretende alterar. Quem, além dele e de Himawari, a ajudaria nisso? Seu clã, em sua maioria, parecia não dar a mínima; seus companheiros de time provavelmente não se meteriam a pedido da própria Hinata; os outros gennins não eram próximos o suficiente; Naruto era idiota demais para perceber.

E além do mais, Boruto está começando a suspeitar que o fato de estarem lá não é por acaso; estão lá para realmente fazerem a diferença na vida de seus pais, e não para passarem despercebidos por ela.

— Ele não está ouvindo, Hinata. Está tudo bem. – Boruto estava com uma expressão estranhamente serena ao falar. Hinata teve a impressão de estar se olhando no espelho, dada a semelhança que os dois compartilham – Olha, Hinata, eu peço desculpas se está incomodada com isso. Não quero que pense que eu sou um monstro por estar fazendo isso com você...

— D-de forma alguma!... – Exclamou a azulada, gesticulando desesperadamente.

— Eu só queria que soubesse que, se quiser ajuda com aquele idiota, – Boruto aponta para Naruto atrás dele – eu estarei aqui. Eu e Himawari. E acho que você deveria dar uma chance a si mesma com ele. Como eu já disse, vocês são importantes para nós. Logicamente, a felicidade de vocês dois é de igual importância.

A boca de Hinata abriu-se em um 'o' perfeito. Ela, com certeza, não estava esperando uma explicação daquelas. A Hyuuga provavelmente tinha uma expressão confusa no rosto, pois o Uzumaki continuou:

— Você deve estar confusa. Bem... Você sabe o que eu acho? O Naruto já sofreu demais na vida. E eu acho que você é a única pessoa com quem ele pode ser verdadeiramente feliz algum dia.

Hinata, sem sombra de dúvidas, já ultrapassara seu limite de surpresas por um dia. Nada do que Boruto falava fazia sentido para a Hyuuga; ele agia como se soubesse mais sobre Naruto e Hinata do que eles próprios, o que era suspeito. E apesar de sua declaração não ter respondido a todas as perguntas da Hyuuga... O pensamento de que Naruto poderia ser feliz ao seu lado era indescritível.

— O q-que... O que está querendo dizer c-com tudo isso, Boruto-kun?

— Meu objetivo com tudo isso é te mostrar que não tem problema ser egoísta de vez em quando. Provar que você merece ser feliz não é o tipo de egoísmo que está destruindo o mundo, é simplesmente reivindicar seus direitos como uma pessoa boa, merecedora. Quer ser reconhecida pelo seu clã? Mostre para eles o quanto você merece a admiração deles; enquanto ficar abaixando a cabeça para tudo o que dizem de você, isso nunca vai mudar. Gosta do Naruto? Mostre que é merecedora do amor dele. – O Uzumaki deu um sorriso de canto, e em seguida olhou diretamente para os olhos perolados de Hinata, como se quisesse que o que ele fosse falar em seguida ficasse gravado na mente e alma da Hyuuga: – Se bem que... Você já demonstrou isso.

— C-como...? – Foi a única coisa que a garota conseguiu articular, tamanhas eram sua surpresa e vergonha.

— A questão não é "como". O fato é que você é merecedora, não importa o que diga. Agora, é Naruto que deve mostrar ser merecedor.

Ela não sabia o que dizer. Não encontrava palavras. Não conseguia articular coisa alguma. Ninguém nunca havia dito coisas tão gentis assim para ela; nem mesmo seu próprio pai. Pensando melhor na situação, Boruto estava agindo exatamente como um pai ou uma mãe deveria agir no pensamento de Hinata. O Uzumaki exigia dela não que fosse a mais forte, mas que fosse feliz, e não tinha medo de tirar Hinata de sua zona de conforto para mostrar isso. Ela era importante para ele. Era, realmente, como se fossem uma família.

Família. Que palavra linda.

Subitamente, ouviram um barulho de vidro quebrando vindo da cozinha. Parece que Naruto havia quebrado um copo.

— EI, IDIOTA! CUIDADO COM ISSO! VAI ACABAR COM SEUS COPOS DESSE JEITO E ONDE É QUE EU VOU BEBER?! – Boruto irritou-se.

— AH É?? SE TÁ TÃO INCOMODADO, ALTEZA, VEM AJUDAR ENTÃO! – Naruto berrou de volta, igualmente irritado, limpando os caquinhos do chão.

— TÁ! EU VOU MESMO! APOSTO QUE EU FAÇO TUDO ISSO SEM QUEBRAR NADA, AO CONTRÁRIO DE CERTOS LOIROS DE LARANJA! – Boruto levantou-se.

— COMO É QUE É?? COM QUEM VOCÊ PENSA QUE TÁ FALANDO??

— EU NÃO CITEI NOMES!

— E-eu... Eu poderia aju... – Hinata tentou interferir ao levantar-se também, mas logo foi cortada por Naruto.

— Não precisa, Hinata! Você é visita, deve ser tratada como uma rainha! – Disse, fazendo um sinal de 'joinha' em sua direção.

— O paspalho tem razão, Hinata. – Boruto colocou a mão no ombro de Hinata em sinal de companheirismo – Eu lido com ele. Você pode ficar aí pensando no que eu te disse. – Deu uma piscadela cúmplice, e virou-se em direção a cozinha, mas parou quando Hinata segurou seu braço e exclamou:

— Espera! – Ela arregalou os olhos, surpresa com sua própria atitude, e imediatamente o soltou – D-desculpe. Eu queria perguntar... Por que você e Himawari sentem isso por mim e pelo Naruto-kun? Digo... P-por que vocês nos consideram importantes?

Boruto mostrou um sorriso terno e complacente diante da curiosidade da Hyuuga, e afagou seus cabelos azulados; e disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

— Porque vocês são muito parecidos com nossos pais, ora! – E virou-se, indo em direção ao outro loiro, como se não houvesse dito nada.

Naquele momento, Hinata convenceu-se – sem um motivo específico– de que Boruto Uzumaki havia conquistado sua confiança.

—o-o-o-

Naruto pode dizer, com toda a certeza, que nunca pensou que iria gostar tanto de yakisoba feito com macarrão velho – que ele ganhou numa de suas missões, algumas semanas atrás, mas nunca usara por não saber cozinhar –, outros ingredientes que provavelmente saíram do quinto dos infernos – a ponto de sequer saber da existência deles até então –, e, urg, vegetais, como gostara daquele feito por Hinata – embora tenha achado estranho que não havia apenas quatro tipos de vegetais no yakisoba, assim como o bilhete de Iruka sensei informava. Talvez o sensei tenha se enganado.

A culinária de Hinata é realmente brilhante.

— Caramba, Hinata. Estava delicioso! – Naruto levantou-se bruscamente, no que assustou a garota, mas esta logo se recompôs e agradeceu com um tímido “obrigada”.

Naruto voltou a sentar-se e sorriu;

— Hinata, – chamou – Olha, eu nem sei o que dizer.

— S-sobre o que, Naruto-kun?

— Sobre tudo isso. Sabe, ter me salvado de comer lámen instantâneo outra vez, me ajudado em minha missão... Essas coisas, sabe?

— N-Não há de quê, Naruto-kun. De verdade. Fico muito feliz de ter sido útil em alguma coisa, mesmo que não se compare ao que você e Boruto-kun enfrentam diariamente, e-

— COMO ASSIM “NÃO SE COMPARA”? – O loiro elevou inconscientemente a voz em virtude da surpresa com tais palavras, mas logo se recompôs, apesar de um pedido de desculpas não ter sido o que saiu de sua boca em seguida – Hinata, vou te dizer uma coisa: você, em algumas horas, foi mais eficiente que o Boruto em dias. É sério, comparado a você, ele foi um completo inútil e um ingrato! Veja só, ele até recusou comer da sua comida maravilhosa! Se eu fosse pai dele, sabe o que eu faria? Eu... hã... Faria ele comer vegetais puros por uma semana inteira! É, isso aí!

Hinata sorriu timidamente;

— Agradeço pelo elogio, Naruto-kun, de verdade, mas não acho que deveria ser tão duro com o Boruto-kun; ele disse que estava se sentindo mal e que achava melhor ir descansar, não? Não é culpa dele, e não acho que seja ingratidão.

— Você tem um coração bom demais, Hinata, por isso não vê todas as outras possibilidades; e se ele estiver mentindo? – Naruto cruzou os braços, olhando acusador para a porta de seu quarto – Vegetais não tem propriedades curativas ou algo assim? É obvio que ele ficaria melhor desse suposto mal-estar! Então por que motivo não comeria conosco? Eu te digo: porque ele é um ingrato que não tem coragem de comer verduras, como eu!

Hinata não pôde deixar de achar extremamente fofo o fato de Naruto praticamente ter se auto-declarado corajoso a ponto de comer verduras normalmente – e ainda acusar Boruto de não ter coragem para tal –, quando anteriormente era ele que quase tinha um treco ao vê-las.

E, ao mesmo tempo, alargou o sorriso por noticiar mais uma vez que sua paixão secreta havia gostado verdadeiramente de sua culinária e que passara a apreciar um pouco mais os vegetais por sua causa.

— Não é assim tão fácil. Se o organismo dele diz que ele não deve comer, então deve ouvi-lo; não sabemos se ele pode piorar se comesse. E, bom... d-desculpe dizer isso, mas acho que está um pouco paranóico demais, Naruto-kun. Você não é assim, de desconfiar de seus amigos... O que houve? Q-quero dizer, você pode me contar se quiser. – A Hyuuga logo deu um sorriso envergonhado, se arrependendo por ter tentado se meter em algo que poderia ser extremamente pessoal para o loiro.

Naruto arregalou os olhos ao perceber que o que Hinata falava era coerente.

— T-tem razão, Hinata, desculpe. Não sei, eu só queria... Só não queria que você tivesse algum aborrecimento. Sabe, eu sou o anfitrião e tudo mais, e você é a primeira pessoa que vem passar uma noite aqui em casa... Já sei o que vai perguntar: “mas e o Boruto?”. O Boruto não conta porque não faz nada além de reclamar. Ele é um inútil, sério; se eu fosse o pai dele, o Boruto levaria uns bons cascudos pra aprender a ser homem! – o loiro cruzou os braços e fez uma expressão séria (que, sinceramente, não fazia nem um pouco o perfil do brincalhão Uzumaki), logo após balançando a cabeça para cima e para baixo em sinal de confirmação da veracidade de sua sentença.

Hinata abafou uma pequena risadinha com a mão. Naruto estava claramente envergonhado e tentando mudar de assunto – e o coitado do Boruto estava pagando o preço. Achava aquilo tudo um pouco engraçado e, de certa forma, meigo. Era novo e incrível para ela o fato de duas pessoas, apesar de terem se conhecido há pouco tempo, tratarem-se com tanta liberdade e familiaridade – nem mesmo em sua própria família, que conhecia há doze anos, havia tal grau de familiaridade (estava bem longe disso). Ela via, de algum jeito – talvez pelo tom de sua voz ou o olhar –, que nas entrelinhas de tudo o que Naruto falara, havia algo a mais. Algo parecido com um sentimento verdadeiramente fraterno, ou até mesmo paterno – mesmo que as palavras que Naruto usara tenham sido um pouco grosseiras. Se o Uzumaki fosse pai de Boruto, a Hyuuga admite, ele não seria o melhor pai do mundo – todos têm seus defeitos, inclusive ela –, mas Hinata consegue visualizar Naruto como um pai compreensivo, bondoso, que com certeza mimaria muito seus filhos, mas não largaria do pé deles quando fizessem algo errado, brincalhão e feliz, e isso é o suficiente para ser um pai incrível ao seu ver. Naruto estava se expressando do jeito dele, pois nem todos conseguem expressar seus sentimentos, sejam eles quais forem, abertamente – ela é a prova viva.

— Vocês são muito diferentes, Hinata – continuou o Uzumaki – mas também são muito parecidos.

A Hyuuga ficava feliz por ser parecida com alguém como Boruto – ela havia gostado dele como pessoa –, mas não pôde deixar de ficar cabisbaixa e com olhos marejados por seu grande amor tê-la chamado de “inútil”, assim como seu pai fazia.

Naruto só foi perceber seu erro uns 15 segundos de silêncio depois.

— NÃO! ESPERA! – Ele levantou-se de súbito, gesticulando desesperadamente com as mãos – Não foi isso que eu quis dizer, eu me expressei mal, eu... DROGA! – Jogou-se de volta na cadeira, cobrindo seu rosto com as mãos, mas ainda era possível ver um pouco de vermelhidão, e lamentou-se: – Eu estou fazendo tudo errado hoje... Primeiro o lance do rio, agora isso...

O coração de Naruto estava acelerado e desesperado. Hinata era uma boa pessoa, que nunca ofendeu ninguém – nem mesmo ele, a quem todos ofendiam – ou deu motivos para ser chamada de nomes depreciantes. Ela não merece ficar triste por uma coisa tão imbecil como aquela que dissera, e quando Naruto pensa que ele fora o causador da tristeza de alguém como Hinata, doía ainda mais.

— Olha, Hinata, eu... Eu sinto muito. Eu prometo que não vai se repetir. O que eu quis dizer é que vocês se parecem muito em certos aspectos. Por exemplo, o formato dos olhos de vocês é idêntico – não conte a ele, mas fica fofo em vocês dois –; ah, o formato do rosto também é muito parecido; na verdade, o rosto dele, olhando de perto, parece mais com o seu do que com o meu – se ele tivesse olhos iguais aos seus, poderia muito bem ser confundido com um irmão ou até um filho seu –; oh, e, quando ele está calmo, ele fala de uma forma que realmente me lembra você, Hinata! E ainda, se olhar do ângulo certo, vai perceber que ele tem um jeito de andar muito parecido com o seu também!

Hinata sentiu a vermelhidão se espalhar pelo seu rosto de um jeito que jamais fizera antes. Perceber que Naruto havia notado todos esses mínimos detalhes de Boruto, e principalmente dela, a garota mais invisível que, ela imagina, ele já havia encontrado, foi um choque tremendo. Lutou contra a vontade de cair dura no chão.

— E tem mais uma coisa, – o Uzumaki recomeçou a falar, o que tirou Hinata (que só não ficou mais vermelha por ser impossível) do choque – todo esse tempo, eu achei que o sorriso daquele idiota me era muito familiar, mas não conseguia me lembrar de onde; eu estava quase batendo minha cabeça naquela parede ali pra ver se eu lembrava – Naruto riu e fez uma pausa de alguns segundos, e só então continuou: – Agora que eu paro pra pensar... Aquele sorriso era seu. Seus sorrisos são idênticos!

Hinata, apesar de corada, não pôde deixar de sorrir de forma genuína. Naruto estava absolutamente meigo falando aquelas coisas, e finalmente ver com seus próprios olhos o quão meigo o Uzumaki era por trás daquela máscara de brincadeiras e hiperatividade – que é apenas o que todos, com raras exceções, estando Hinata entre elas, conseguiam enxergar em Naruto –, fazia-a ficar genuinamente feliz.

— Sim... É esse mesmo, Hinata! – Naruto apontou para o rosto da garota e abriu um grande sorriso – Seu sorriso é muito bonito. Devia sorrir mais, Hinata.

Então, completamente ruborizada – visto que um elogio daqueles era mais do que uma garota com tal grau de timidez conseguiria aguentar vindo da pessoa por quem era apaixonada sem aparentar estar com 40°C de febre –, a garota ofereceu-se para levar os pratos até a pia, mas o Uzumaki recusou educadamente, alegando que ela era a visita e não precisava incomodar-se. Ele pegou os pratos e copos e foi, de um jeito um pouco desajeitado por apenas comer lámen instantâneo que não necessita e pratos (na verdade, nem sabia da existência daqueles pratos até então; teriam eles saído do quinto dos infernos?), em direção à pia – que ficava do outro lado da cozinha –, deixando Hinata sozinha por um momento.

“Mas eu sorrio, Naruto-kun. Sorrio todos os dias, pensando no seu sorriso.”

—o-o-o-

A certa altura do campeonato, Boruto já estava se arrependendo de ter feito toda aquela cena sobre mal-estar só para deixar Naruto sozinho com Hinata. “Eu deixo de comer a comida a mamãe só pra colocar o plano B em ação, e o que eu ganho de recompensa? CLARO, OUVIR AQUELE IDIOTA ESTRAGANDO TUDO O QUE EU LEVEI 4 MINUTOS PRA BOLAR”, pensou Boruto, indignado. Só de birra, trancou a porta do quarto de Naruto só pra ele ficar desesperado tentando entrar, com o objetivo de aprender a deixar de ser um completo idiota.

— O Boruto não conta porque não faz nada além de reclamar. Ele é um inútil, sério; se eu fosse o pai dele, o Boruto levaria uns bons cascudos pra aprender a ser homem!

"Maldito... Vem aqui que sou eu que vou te ensinar a ser homem...!"

Boruto não culpava seu plano pelo rumo que ele levou. Não, com certeza não. O plano B era perfeito— na visão dele –, o que o tornava ineficaz era o próprio Naruto, que não estava querendo cooperar. Ele concluiu, então, que o fator decisivo para a efetivação de um plano eficaz seria o auxilio de sua irmãzinha – quem ele esperava que estivesse bem; porém, por hora, apenas começou a conversar consigo mesmo para se distrair do fracasso de seu plano brilhante:

Eu estou morrendo de fome? Claro que sim. O Naruto estava conseguindo estragar tudo? Com certeza, mas essa pergunta nem deveria estar aqui se for levar em conta o próprio motivo de ter começado essa conversa unilateral. Estava entediado a ponto de ter que conversar comigo mesmo para me distrair? Obviamente, e dormir já me parece uma ideia muito atrativa. Eu fiz alguma coisa pra merecer tudo isso? Pode ser. Isso tudo está realmente valendo a pena? Aparentemente nã-

— Agora que eu paro pra pensar... Aquele sorriso era seu. Seus sorrisos são idênticos!

... Interessante. Talvez tenha valido um pouquinho a pena.

— Seu sorriso é muito bonito. Devia sorrir mais, Hinata.

“ALELUIA! O GAROTO AINDA TEM CONSERTO, MEU DEUS! O MENINO ESTÁ VIRANDO UM HOMEM E, DE BÔNUS, NÃO VAI MAIS MORRER SOLTEIRO! É PRA GLORIFICAR DE PÉ!”, a autora pensou enquanto digitava.

Só faltava Boruto desmaiar de alegria. Apesar a incrível inabilidade de seu mini-pai com garotas e habilidade de estragar tudo com elas de igual intensidade, Naruto foi capaz de mostrar a Boruto uma esperança, mesmo que mínima, de ‘seus filhos’ não serem obrigados a ficarem anos e anos longe de seu tempo e, tecnicamente, dele próprio. É gratificante. E além do mais, a sensação de ter êxito – de certa forma – num plano depois e uma falha era imensamente satisfatória para Boruto.

Na alegria, ele acabou tropeçando e tendo que se segurar numa mesinha que havia perto da cama do loiro do passado para não cair, e os objetos que estavam em cima dela só não caíram por causa dos reflexos rápidos como um trovão de Boruto; entretanto, é verdade também que todos os objetos pessoais saíram de seu lugar, mesmo que não tenham caído no chão. Para piorar, parece que o barulho do impacto chamou a atenção dos dois pombinhos no outro cômodo, e devem ter ficado preocupados, pois começaram a chamar por Boruto e perguntar se ele estava bem.

Droga. Pensar que o próprio Boruto pudesse ter quebrado o clima dos dois pombinhos era desestimulante.

Visto que ele não tinha escolha a não ser abrir porta para Naruto e Hinata e tranquiliza-los, Boruto começou a recolocar rápida e desastradamente os objetos pessoais onde ele imaginava que estavam anteriormente. No processo, o garoto colocou os olhos num colar de corrente – que estava muito perto de cair da mesinha – com um pequeno, mas adorável, pingente branco de formato circular com uma espiral no meio – Boruto apenas não conseguiu reconhecer se representava o símbolo o clã Uzumaki ou o que usualmente acompanhava o lámen.

Talvez fosse uma referencia a ‘Naruto’, pensou Boruto enquanto tentava recolocar colar em seu – possível – lugar. Era uma coisa bem comum, ter pingentes que representassem o nome de seu possuidor. Até ele mesmo tinha um colar com um pingente de parafuso – fazendo referência ao seu próprio nome – que sua irmãzinha havia dado a ele. Estava usando-o naquele exato momen-

Oh, céus. O colar não estava em seu pescoço.

Sem pânico. O colar deve estar em algum de seus bolsos, certo? Ele pode tê-lo guardado e esquecido de recolocar no pescoço. Isso, só pode ter sido isso. Começou a revirar os bolsos em questão de segundos, e a única coisa que encontrou foi um papel de bala.

Ele estava morto. Se Himawari não o matou quando ocorreu o incidente do maldito urso de pelúcia, ela terminará o trabalho. Já estava até visualizando a cena: quando Himawari descobrisse, primeiro iria atrás dele com aquele olhar assassino de “você-quebrou-meu-urso-de-pelúcia”. Depois, ela o guiaria para um lindo campo de girassóis, para que Boruto visse uma coisa bonita antes de seu destino cruel e amargo. E, finalmente, ELA O MATARIA COM O QUE RESTOU DO URSO DE PELÚCIA E DIRIA AOS OUTROS QUE O URSO GANHARA VIDA E MATOU-O PARA CONSEGUIR SUA VINGANÇA!

E tudo isso foi imaginado em questão de segundos. O Uzumaki tinha uma imaginação muito fértil quando queria.

Um momento depois, ouviu-se uma batida na porta. Na realidade, deveria ser Naruto ou Hinata preocupados com o silêncio do garoto, mas Boruto estava paranóico demais para considerar tais possibilidades. Ele simplesmente desmaiou – caindo bem em cima do colchão em que dormia – ao considerar que poderia ser a morte, vindo buscá-lo mais cedo.

(Diagnóstico da autora: o Sr. Uzumaki é muito paranóico e imaginativo, apesar de incidentes assim serem raros na vida do pequeno Uzumaki. Isso tudo é trauma – carma e estresse são também possibilidades. Vá para um psiquiatra, Sr. Uzumaki.)

Eram um fenômeno muito raro, os desmaios de Boruto. Não eram nem de longe tão frequentes – ou de mesma causa – quanto os da sua mãe de antigamente. Mas, quando acontece, ele demora muito para acordar; normalmente, leva uma noite inteira – não é uma enfermidade, é apenas paranóia não usual.

Portanto, não acordará para destrancar a porta.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHAHA O que será que vai acontecer? NÃO SEEEEEEEI KKKKKKKKKKK. Vamos ver quando eu postar o cap. 15. Mas e aí, o que acharam do capítulo? SEJAM SINCEROS, POR FAVOR. E, em especial, eu queria saber o que acharam da conversa do Boruto com a Hina. Eu introduzi essa conversa de última hora, então não sei se ficou muito bom e coerente. Pra mim ficou bom, mas sei lá, eu não confio em mim :v KKKKKKKK.
Enfim, espero que tenham gostado. E... EU MUDEI MEU NOME DE NOVO :V Crise de identidade, crise de identidade.
Beijoooooooooos ^3^