Entropia escrita por Reyna Voronova
Interlúdio
O Céu Sem Fim
Naquela madrugada que se tornava manhã lentamente, o silêncio foi o verdadeiro imperador. Não havia reis, rainhas ou faraós para ousar desafiá-lo.
O Deserto, outrora frio, agora se aquecia com a brisa manipuladora do Caos, que agradava às pobres areias com suas carícias acaloradas e que ludibriava o Deserto com suas palavras doces. Palavras doces e macias para um Deserto amargo e áspero. Porém, o Deserto acordou do encanto hipnotizador do Caos com seu Exército de Areia, uma amostra perfeita da rudeza daquele ambiente.
O Exército lutou com o que parecia ser uma dança ao som de uma ópera silenciosa. Seus golpes eram como passos de dança de tão meticulosos. Valsavam com o Caos, porque este também pareceu gostar tanto da dança quanto da trilha sonora.
Ao longe, outros fugiam do Caos, que crescia e se alastrava como uma epidemia. Àquela altura, o Caos já não era mais uma epidemia, e sim uma pandemia.
Porém, outros não fugiam. Preferiam ficar ali, à mercê do Caos, à mercê do Fim, apenas observando o Céu Sem Fim do universo além daquele em que viviam. E lá mesmo dormiam. Dormiam ao relento do Caos, mas dormiam de modo sereno porque haviam atingido a completude.
E outros preferiam desbravar os oceanos do Céu Sem Fim para procurar outros céus que não fossem os daquele mundo contaminado.
Nada ecoava. Nada observava. O Deserto tinha parado de ver, e o sarlik tinha parado de soar.
Apenas restava a ópera silenciosa embalando aquela dança caótica entre areias e Caos.
“O resto é silêncio.”
— William Shakespeare; Hamlet.
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Fim do Quarto Cântico - Revelações.