Entropia escrita por Reyna Voronova


Capítulo 66
LVIII - O Segredo


Notas iniciais do capítulo

O capítulo LVII foi editado. A edição feita foi relativamente importante, portanto recomendo que o releiam.



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LVIII

O Segredo


— Minha senhora — Aaron começou a dizer, no tom usual de sempre: nervoso e suando frio —, ele está aqui — porém, ele falava tudo aquilo num tom estranhamente calmo para alguém excessivamente nervoso.

— Ele? Kurt? — respondera a Rainha.

— Não. Adam, minha senhora. Ele retornou e aparentemente finalizou a jornada que a senhora lhe dera.

A Rainha arregalou os olhos de surpresa. Não imaginava que ele voltaria a vê-la novamente, muito menos que ele tivesse finalizado o trabalho que ela tinha lhe pedido.

— Você já sabe o que deve fazer, certo? — a Rainha perguntou, e Aaron assentiu. — Ótimo. E então, o que está esperando? Traga-o até aqui!

Aaron apenas acenou, saiu da sala e então voltou, trazendo consigo Adam. O próprio Adam em pessoa, com seu violão nas costas e as feições cansadas. Jamais imaginava que o veria novamente. Vê-lo ali em carne e osso diante dela era como estar acordando dentro de um sonho. A Rainha estava tão surpresa que não conseguia esconder suas emoções, como sempre costumava fazer, não conseguindo controlar sua agitação ao falar com ele.

— Eu realmente não acredito nisso. Senhor Adam. É um enorme prazer revê-lo. — Sorriu amigavelmente em sua direção.

— Onde ela está? — no entanto, ele foi firme, quase raivoso na resposta, e nem devolveu o sorriso que a Rainha lhe dera.

— Acalme-se, senhor Adam.

— Onde. Ela. Está?!?! — Ele avançou na direção da Rainha ameaçadoramente, mas ela se desvencilhou rapidamente dele.

— Senhor Adam. Você ainda deve me entregar sua parte do nosso trato.

— Isto? — Ele retirou um monte de papéis de dentro de uma bolsa a tiracolo que carregava. A Rainha pôde notar que neles estavam escritas várias partituras devido às notas musicais escritas. Não conseguiu, também, esconder o espanto ao ver a Música do Deserto ali, a um passo de distância; seus olhos arregalaram e brilharam ao vê-la nas mãos de Adam.

— Sim, senhor Adam. Entregue-me, por favor.

— Primeiro entregue-me Annik.

— Você fez o trato comigo, senhor Adam. Eu — Ela apontou para si mesma — que devo exigir minha parte nisso primeiramente.

Adam grunhiu e lhe entregou os pedaços de papel.

— Ótimo. Eu lhe agradeço, senhor Adam. — E então ela sorriu, como se nada tivesse acontecido e como se toda a negociação tivesse ocorrido amigavelmente.

— Entregue-me Annik, sua desgraçada!

— Aaron — a Rainha foi rápida em chamá-lo, e logo Aaron já chegara, mas não nervoso como sempre, mas levemente ameaçador. “Levemente” pois Aaron era mais cômico do que de fato ameaçador, mas pelo menos fazia um esforço em vão para tentar sê-lo. Ele apontava uma pequena faca na direção do pescoço de Adam e fazia uma cara ridícula de mau. Mesmo assim, aquilo era o suficiente para fazer com que Adam se submetesse à Rainha.

— Você realmente é uma desgraçada — xingou Adam. — Você me acordou quando eu dormi.

— Talvez eu seja uma desgraçada, de fato — respondeu com um sorriso maldoso e prazeroso nos lábios. — Mas eu jamais invadi seus sonhos, senhor Adam, a não ser quando eu o convidei para vir até aqui. Você está fazendo afirmações mentirosas contra minha pessoa ao julgar que eu o acordei.

— Se não foi você, quem foi?

— Tenho minhas suspeitas, mas todas elas longe de serem certezas. Existem três pessoas prováveis, pelo menos na minha lista, que podem ter feito isso com você. Mas não sei seus propósitos.

— Quem são?

— Você quer saber detalhes demais, senhor Adam. Mas tenho algo mais interessante para lhe dizer agora. Afinal, seria lamentável se você morresse agora, sem ter as respostas que tanto procura, não é mesmo? Você me disse que quis saber o porquê. O misterioso porquê de Annik ter tentado matá-lo, certo? E se eu disser que eu sei o segredo por trás disso? O segredo que eu sempre soube?

— Sempre soube?

— Sim, senhor Adam. Eu sabia disso desde o princípio. Mas eu acredito que seu verdadeiro desejo seja reencontrar Annik, certo? Portanto, eu quero que façamos um novo trato. Se eu lhe contar o meu segredo aqui, agora, para você, você aceitaria colaborar comigo em um último serviço que tenho para você? Em troca, finalmente lhe entregarei Annik.

— Sua... vagabunda!! Chantagista!!! — Ele avançou ainda mais em sua direção, mas Aaron o agarrou pelo pescoço e encostou a faca no pescoço de Adam.

— Talvez eu seja de fato uma chantagista, senhor Adam. Mas o que me diz de minha proposta?

— Eu prometi... Prometi a mim mesmo que iria atrás da verdade. Saber do porquê Annik me atacou. Não posso morrer sem ter essa pergunta respondida. Argh. Sua maldita, desgraçada, chantagista! Eu aceito! — ele berrou, vermelho de raiva.

— Ótimo. — A Rainha simplesmente sorriu e indicou a cadeira à sua frente para que Adam se sentasse. — Melhor se sentar. — Adam obedeceu-a. Retirou seu violão, colocou-o no chão e se sentou na cadeira indicada. — E Aaron, não tire a faca de seu pescoço. Acredito que o que eu terei para revelar poderá causar em Adam bastantes surtos de raiva, então, se ele tentar qualquer coisa contra mim, não hesite em degolá-lo. — Falava aquilo numa calma que apenas a euforia de ter poder lhe proporcionava.

Aaron assentiu, trêmulo, e a Rainha finalmente começou a contar:

— Senhor Adam, eu vou resumir a história para você para que eu não me perca em detalhes muito demorados. Vamos começar de quando você e Annik fugiram para buscarem o Fim. Você se lembra bem disso, certo?

— Sim. Foi durante esse tempo em que ficamos a sós que ela tentou me matar.

— Sua memória está ótima, senhor Adam, mas existe um detalhe que o senhor não sabe.

— Qual?

— Que Annik veio até mim. Ela veio antes mesmo de vocês dois fazerem essa viagem até o Fim. E imagino que você sabe o que ela veio fazer aqui, não sabe? — Sorriu.

Adam bateu a mão no braço da cadeira, furioso.

— Ela veio fazer um trato com você, não é mesmo?

— Exatamente. Por qual outro motivo as pessoas vêm até aqui senão para fazerem tratos comigo? Mas você sabe qual foi o trato? — Seu sorriso se expandiu ainda mais.

— Me matar — ele falou de modo seco.

— Quase lá. O trato, na verdade, era não apenas matar você, mas sim, todos os Legionários sobreviventes ao massacre da Organização.

Ele uivou de puro ódio. O sangue subiu-lhe às faces e ele ficou completamente inquieto na cadeira, tentando avançar em direção à Rainha, mas Aaron segurou-o o mais forte que pôde, apertando ainda mais a faca em seu pescoço.

SUA ASSASSINA DESGRAÇADA!!!! — ele gritou e depois disso continuou gritando, se contorcendo de fúria para livrar-se do aperto de Aaron.

— Na verdade, senhor Adam, se tem uma das poucas coisas das quais eu me arrependo, é de ter pedido aquilo a ela — ela disse calmamente em meio ao ataque de fúria de Adam. — Jamais imaginei que você me fosse um peão tão prestativo. Eu achei, na época, que o restante da Legião pudesse ser um problema para meus planos. Felizmente, o Faraó e a Organização colaboraram bastante para que vocês se tornassem apenas uma pequena, minúscula pedra no meu sapato quando terminaram de aniquilar o resto. Sabe, de todas as forças presentes aqui no Mundo, a Legião era realmente a que mais me ameaçava, mesmo que não soubessem disso. O Faraó poderia colaborar comigo, assim como a Organização. O Grão-Mestre se curvaria aos meus pedidos, e o Hasir também. Bastava manipulá-los um pouquinho e eles cairiam em minhas graças. Mas a Legião, não. E eu também queria ter Annik como minha subalterna. Uma verdadeira máquina de matar, ela. Mas para que ela pudesse ser minha subalterna, ela não poderia estar filiada a mais ninguém, nem ter vínculos emocionais com mais ninguém, não é mesmo? — Ela olhou bem nos olhos de Adam. — Infelizmente, naquela época ela era uma pessoa muito emotiva e fracassou logo no princípio da tarefa. Mas não me arrependo do seu fracasso nem guardo rancor dela por ter falhado. Você, senhor Adam, se mostrou mais do que adequado para a tarefa, ainda mais que Annik, e é por isso que fico extremamente grata que ela tenha falhado. — Sorriu, ainda observando o surto quase incontrolável de ódio que Adam estava tendo. — Agora que finalizei, senhor Adam, espero que você me perdoe, mas isto terá de ser necessário. — A Rainha pegou o violão que Adam deixara no chão, apesar de seus protestos, e bateu na cabeça dele com o instrumento. O Bardo, ao receber o golpe, amoleceu na cadeira, desacordado. — Aaron, prenda-o em algum lugar e vigie-o quando ele acordar. Ele ainda é necessário aos meus planos.

— S-sim, senhora. — Aaron se apressava em tentar arrastar o corpo de Adam para fora dali.

— Ah, Aaron! — ela o chamou novamente, e ele virou-se para ela. — Chame Kurt, também. Está na hora de darmos início à segunda fase do plano.


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