Entropia escrita por Reyna Voronova


Capítulo 56
L - Guerra Quente




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L

Guerra Quente


O Faraó deu um soco tão forte na mesinha de madeira que quase a partiu ao meio. Ele estava vermelho de ódio, as suas veias pareciam a ponto de explodir de tão ressaltadas e seus olhos, a ponto de pularem para fora das órbitas.

Ele não falava nada, apenas grunhia e rugia como um leão selvagem, dando socos em qualquer coisa que via pela frente — com exceção de Kurt, que estava sentado diante dele na única mobília que restou de pé no aposento, um banquinho de madeira. Kurt, por sua vez, estava impassível, de olhos arregalados com medo de levar um soco das mãos enormes do Faraó. Um golpe daquele homem deveria ser o suficiente para afundar os ossos da sua cara, quiçá matá-lo.

Deveria ter se retirado logo após de ter lhe dito as péssimas notícias ao invés de ficar ali, assistindo-o ter mais um de seus ataques de raiva. Além de se sentir extremamente desconfortável, até mesmo com um pouco de vergonha por causa daquela atitude extremamente infantil do Hasir, também estava vulnerável a ser atacado. Na raiva, o Faraó não distinguia seres vivos de não-vivos.

Tudo havia começado quando Kurt dissera a terrível informação. “Senhor, tenho más notícias”, tinha dito. “Annik está, muito provavelmente, viva.” Depois de dizer aquelas palavras, o Faraó ficou vermelho como um tomate. Levantou-se de onde estava sentado calmamente, tentando controlar sua raiva. Estava tão cheio de fúria que tremia. Seus punhos estavam cerrados, trêmulos e com as veias ressaltadas. E então ele explodiu. Primeiro atacou as plantas, o criado-mudo, a sua própria cadeira, até chegar ao ponto de restarem apenas duas mobílias intactas no aposento: a pequena mesa de madeira e o banco em que Kurt se sentava. Tudo isso ao som de seus berros animalescos, claro.

— S-senhor — Kurt tentou chamá-lo, mas se arrependeu assim que o disse, pois o Faraó olhou com uma fúria bestial em sua direção —, a-acalme-se. — Levantou as mãos pacificamente em sua direção, como que se rendesse. — Não deixe a fúria te dominar. — Lembrou-se das palavras da Rainha, sempre direcionadas à calma e ao foco. — O senhor tem de agir. — Mais uma vez, lembrou-se das palavras dela quando a visitara pela última vez. “Apenas teremos de esperar para que possamos agir.” Trabalhar com a Rainha estava influenciando bastante em seu modo de pensar.

COMO?! — o Faraó berrou, sua voz soando tão alta que fez os ouvidos de Kurt ensurdecerem.

— Já passou da hora de a gente se manter passivo nisso. Temos que agir de maneira mais... ativa. Chega de decidirmos tudo daqui desta pirâmide, vamos realmente ir aonde devemos ir e, nós mesmos, fazermos o que tem de ser feito.

— Está sugerindo que nós... ataquemos? — ele falou bufando.

— Sim. Vamos acabar de uma vez por todas qualquer grupo ou indivíduo que se opuser a nós. Os Nômades, Os Lobos, os sobreviventes da Legião... Qualquer um, senhor. Vamos entrar em guerra.

O Faraó respirou fundo, perdeu a cor avermelhada e suas veias deixaram de ficar expandidas sob a pele. Ele se apoiou na parede e disse:

— Ah, senhor Kurt... O senhor é minha única salvação no meio deste caos. Pois mais uma vez você veio até a mim com ótimas ideias.

O Faraó se aproximou da mesinha e deu uma pancada nela, mas não como a primeira, de raiva e brutalidade. Foi uma pancada que indicava determinação.

— Assim será feito, então — o Faraó deu seu veredito. — Entraremos em guerra. Todos os homens, meus e d’Os Corvos, marcharão e irão confrontar qualquer um que ousar contradizer as minhas palavras.


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