Entropia escrita por Reyna Voronova


Capítulo 11
X - O Cair da Noite


Notas iniciais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=3z6gtlU2HXU
Arcade Fire - Here Comes the Night Time II.



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X

O Cair da Noite


“A noite é escura e cheia de terrores.”

— George R. R. Martin; A Fúria dos Reis.


As manhãs do deserto são serenas; as tardes, calmas; o crepúsculo trás o sentimento de angústia. Angústia porque a noite está chegando, e com ele, o frio de zero grau, as sombras, o medo, a solidão, o silêncio, o perigo atrás de cada duna.

Não havia becos para se esconder no deserto. O saar era o labirinto sem curvas, sem becos sem saída. Era um labirinto ainda mais tortuoso que o de Dédalo, apesar de não haver nenhum minotauro no centro. Não havia nenhum fio de Ariadne para lhe guiar pelo deserto; apenas areia e mais areia. E no labirinto sem fim, qualquer caminho que você pega parece levar para o mesmo lugar que você estava eras atrás. Não era como um labirinto de revistas de passatempo que sempre havia um caminho que levava à saída; o saar não tinha fim. Era mais que um labirinto; era um nó. Muitos tentaram, inclusive ele e Annik, achar o fim, a saída do labirinto, mas todos falharam miseravelmente, enlouqueceram e vagavam pelo deserto desde então, escondendo-se nas dunas, esperando uma vítima para matarem e procurarem o fim na memória delas. Hackers de memória, ladrões de sonhos, invasores mentais, hipnotizadores e ladrões de vidas.

Annik era um daquele tipo. Suas habilidades com a mente eram excepcionais, assim como sua frieza para matar. Enquanto o “pobre” Adam era “apenas” um bardo que andava por aí dedilhando acordes no seu violão. Ele era um domador da música e um caminhante do deserto. Suas modestas habilidades eram, de certa forma, bem mais pacíficas que as de Annik, apesar de que invadir mentes nem sempre significava algo ruim.

Durante as noites das andanças dos dois e dos outros companheiros, Adam tocava para espantar o silêncio e a solidão. No fim, suas habilidades “inúteis” eram as mais reconfortantes no meio da noite fria.

Apesar de todos os perigos, a noite ainda era, ao mesmo tempo em que fria, misteriosa. Durante a noite, a areia ficava azulada, e parecia que andava sobre águas ou até mesmo que flutuava pelo espaço sem fim. Infelizmente, o chão não tinha estrelas. Mas o céu tinha, e quase infinitas. Tanto quanto os grãos de areia. Além de estrelas, havia outras coisas no céu, outros inúmeros corpos celestes: nebulosas, quasares, cometas, planetas e até mesmo outras galáxias distantes. A terra era tédio; o céu, caos.

Contudo, havia algo entre as duas coisas que ia de tédio a caos e podia até mesmo entrar em outros patamares ainda mais esquisitos ou admiráveis: a mente e os sonhos. O sonho de Adam, para ser específico. A voz gélida e sussurrante que o chamava.

E Adam ia para lá, enquanto tocava sua música, os dedos movendo-se incessantemente pela escala do violão, e, ao mesmo tempo, caminhando pelo deserto cósmico e sem fim.


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