Transtorno da Genialidade Compulsiva escrita por Haydée


Capítulo 6
O Quarto de Van Gogh


Notas iniciais do capítulo

Palavra-chave: Admoestar (usada no sentido de advertir)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653153/chapter/6

Mesmo trôpego, consigo divisar o espelho. Um sujeito iníquo e repulsivo devolve-me o olhar.

Como pude ser capaz de tão perniciosa brutalidade? Como pude deixar que a insanidade sobrepusesse-se à razão? Não era ela quem deveria admoestar a sandice?

Fui insensato e irracional ao tentar agredir-te.

E agora lembro-me de seu olhar acusador e repreensivo sobre a ínfima criatura que sou. Todas as irracionalidades do ocorrido volta-me à mente em um turbilhão de idéias recriminantes.

Arrependimento não é palavra suficiente para descrever o meu verdadeiro estado de espírito. Sentia-me frustrado, culpado. E sobretudo distorcido e desiludido.

Se a minha vida era uma total decepção a culpa era unicamente minha. Não consegui cumprir meu papel de filho, de irmão, de amigo. Não consegui sequer vender um único quadro. Falido e fracassado, percebi que todos os erros da minha vida situavam-se não no destino ou na coincidência dos fatos como sempre pensei, e sim sobre o ser errante que os cometia.

Eu era o ser errante. A culpa era toda minha. E tal coisa precisava ser julgada e sentenciada.

Talvez absolvida, talvez condenada.

Resolvo arbitrar minha própria sentença.

Com a adrenalina correndo em minhas veias, agarro o instrumento do crime e condeno-me.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sobre o episódio em que Vincent ataca Gauguin com uma navalha. Após o insucesso do ataque, ele perde toda razão e corta o lóbulo da orelha esquerda.

O Quarto de Van Gogh foi pintado por Vincent Van Gogh em outubro de 1888, em Arles, na França. Os objetos duplicados (travesseiros, cadeiras, quadros, portas) sugerem o anseio que ele sentia de companhia.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Transtorno da Genialidade Compulsiva" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.