Goku estava de pé na entrada da caverna, não sabia se a condição de android de Raditz o faria encontra-los pelo ki, por isso mandou Gohan anular o seu ao máximo. Estava inquieto pelo risco que estavam correndo, mas ao mesmo tempo feliz por finalmente ter encontrado seu filho. O menino continuava bondoso e doce como sempre fora, tudo pelo que passou não modificou sua personalidade, ao contrário, havia amadurecido. Ele, uma criança, já carregava uma enorme responsabilidade.

— Vamos indo.- chamou Goku.

— Vamos caçá-los ou nos deixaremos ser caçados?- perguntou o menino ao seu lado.

— Por enquanto deixaremos com eles, se Raditz não conseguir sentir nosso ki iremos atrás deles.- decidiu.

Gohan concordou com a cabeça, tanto ele quanto Kooler conheciam o planeta muito bem, então nenhum dos lados teria a vantagem de explorar o terreno. Por outro lado, o monstro era muito mais experiente que o garoto e, desse modo, poderia saber algo que Gohan desconhecia.

— Eu sugiro ir pelo sul.- apontou Gohan.- O terreno lá é melhor.

— Muito bem.- concordou Goku.- Filho, não se esforce muito, não quero que se machuque de novo.

— Não se preocupe.- sorriu.

Os dois deixaram a segurança da caverna sempre atentos a tudo. Fora eles e seus dois inimigos, não havia nenhum outro ser vivo. Os dois conversavam alto, uma forma de atrair Raditz ou Kooler, Goku contava ao menino sobre como o procurara, inclusive quando a nave em que viajavam quebrou e o povo que os acolheu ensinou-o o tele transporte. Gohan admirou-se por seu pai conhecer a técnica de Kaioshin e Sr. Kibido.

— Como aqui tem ar bom para respirarmos?- perguntou o mais velho mudando de assunto.

— Aqui as reações químicas são artificiais.- respondeu Gohan.- Os cientistas do Rei Cold tiveram que sintetizar elementos em larga escala e usar esses vulcões para fazer todo o processo, neles sai o ar e em outros o ar é filtrado. Um planeta construído por cima de outro, dizem que o original era muito bonito, mas o Império teve que expandir e o destruiu, aí fizeram um planeta de máquina.

Goku estava impressionado com a inteligência do menino, algumas partes nem entendeu direito. Olhou-o orgulhoso até que foi atraído para um objeto em seu pulso, sorriu.

— Você ainda tem isso?

— Hunn?

— O relógio que vira capacete.

— Ah, era o que usava como o Grande Sayaman, só coloquei uma antena para camuflar o ki e bloquear os scouters.- respondeu.

— Esse capacete funciona como um radar do dragão.

— O que é isso?- perguntou Gohan confuso.

— Serve para achar as esferas do dragão.

Incrível, pensou Gohan. Todo esse tempo que queria fugir dali para acha-las e tinha como encontra-las.

— Foi um presente.- continuou Goku.

Gohan tornou a encara-lo.

— Bulma, lembra dela?

— Na verdade não.- desculpou-se.- Não lembrava nem que tinha um avô. Só consegui lembrar de você, da mamãe e um cara verde que te ajudou quando me levaram.

— Piccolo?- admirou-se Goku.

— E uma menina chorando também.- murmurou o menino.

— Ela é filha da Bulma.- contou Goku.- Na verdade do Vegeta, mas Bulma e Videl se adotaram como mãe e filha e são inseparáveis.

— O que é adotar?- perguntou.

— Bem, é quando você escolhe uma pessoa para ser algo importante para você. No caso delas, elas escolheram de coração e não através do sangue para serem parentes.- continuou.- É um laço criado tão forte que nada pode separá-las, como o amor de uma mãe por seu filho.

— Só que não pelo sangue.- repetiu Gohan baixinho.

Goku olhou para o menino, algo parecia incomoda-lo.

— Há alguém que você adotou?- perguntou.

Gohan olhou-o envergonhado.

— Eu...bem...- suspirou.- Tem o Kaioshin e o Sr. Kibido, mas...

Goku esperou pacientemente, o garoto parecia triste.

— Melhor deixar para lá.- murmurou.- Não importa mais.

— Parece importar para você.- apontou Goku.

Eles continuaram andando por alguns minutos em silêncio, até Gohan finalmente recomeçar.

— Apesar de tudo eu gosto do Kooler.- reconheceu.- Eu meio que o adotei, mas não podia seguir pelo mesmo caminho dele. Acho que acabei magoando-o.

Goku permaneceu quieto, então esse era o problema. Por mais que Kooler fosse cruel, Gohan o amava.

— E ele também te magoou?

— Ele disse que eu podia ter sido seu herdeiro, mas eu acho que nunca saberei se ele realmente me via como um filho ou apenas um super soldado.

Sim, pensou Goku, Gohan estava triste com Kooler. Talvez o monstro realmente gostasse do menino, mas tanto ele quanto o próprio Gohan sabiam que o irmão do Imperador priorizava mais o poder, assim como Freeza.

— Mas não importa, não mais.

Goku olhou-o assustado pelo tom verdadeiramente alegre do filho.

— Por que?

O menino encarou-o com olhos brilhantes de admiração.

— Você está aqui comigo agora.

As lágrimas nublaram a visão do sayajin, mas não escorreram. Goku bagunçou os cabelos do menino feliz. Sim, eles estavam juntos agora.

Isso não é bom, pensou Kami Sama.

— Acho que estou velho demais.- suspirou o Patriarca.

— Não, meu amigo, o ki de Freeza realmente desapareceu.- retrucou o deus da Terra.

— O que houve?- perguntou Sr. Popo.

— Terei que visualizar a situação e não mais por percepção do ki.- esclareceu Kami Sama encaminhando-se para os limites do Templo. Dendê olhou-o curioso e seguiu-o.

— Como o senhor consegue?- perguntou o menino depois de um tempo tentando imitar o deus.

— Concentre-se e apure os sentidos.- respondeu o deus.- Como não encontramos Freeza pelo ki, priorize a visão para acha-lo.

O menino fechou os olhos, ao reabri-los enxergou o planeta a sua frente.

— Consegui!- comemorou feliz.

Kami Sama sorriu, ao voltar-se para o planeta suspirou. O que era aquilo?

Trunks abriu os olhos confuso, Freeza vinha direto na direção em sua direção, mas sumiu. Não sentia seu ki, estava às cegas. Virou um pouco o pescoço ao sentir a presença de Vegeta e Bardock.

— Também percebeu?- perguntou o mais velho.

— O que pode ter acontecido?- perguntou o jovem de cabelos claros.

— Temos de acha-lo.- mandou Vegeta.

— Melhor irmos até os outros primeiro.- refletiu Bardock.- Freeza é muito poderoso para ficarmos separados.

Os outros dois concordaram, Vegeta meio a contra gosto. Tinham que reunir-se ou Freeza poderia aproveitar para massacrar a todos.

Piccolo, Videl, Kuririn, Yamcha e Tenshinhan já estavam juntos, eles sabiam dos riscos e adiantaram-se. Estavam preocupados, pois não haviam notado mudança no ki do jovem do futuro, o que significava que não houve luta e Freeza desaparecera por outro motivo.

— Piccolo.- chamou a voz de Kami Sama, porém para que todos ali ouvissem.- Freeza conseguiu um equipamento que oculta seu ki, ele desviou seu caminho e se aproxima de Broly.

Piccolo cerrou as mãos, isso não era bom. Se Freeza alcançasse o sayajin podia se descontrolar.

— Mande Bardock e os outros irem direto até Broly.- ordenou o namekuseijin guerreiro.- Nós iremos antes.

— Será mesmo uma boa ideia?- perguntou Kuririn.

— Temos que atrasar o plano de Freeza o máximo possível.- retrucou Piccolo.

— Eu os avisarei.- concordou o deus.

— Não é melhor Videl voltar?- refletiu Kuririn.

— Não mesmo!- exasperou-se a menina.- Eu vou junto!

— Só fique fora de vista.- mandou Piccolo.

Os cinco começaram a voar a toda velocidade rumo ao local onde estava Broly, não podiam falhar.

— Estou com um mal pressentimento.- suspirou o Sr. Kaioh.

— Broly?- adivinhou Kaioshin atento ao Planeta Central, estava sentado de pernas cruzadas com um braço apoiando a cabeça.

— Acho que não conseguirão impedir Freeza de controla-lo.

— Logo começará o embate de Goku e Gohan.- anunciou o deus supremo tranquilo.- Se vencerem rápido, poderão retornar mais cedo.

— Não dará tempo.- murmurou Sr. Kaioh.

Sr. Kibido olhou-o preocupado, já Kaioshin não perdeu a calma.

— Melhor Freeza conseguir do que Broly se descontrolar.- comentou.- Não sei até que ponto chega os poderes do Lendário Super Sayajin.

— Qual a diferença dele para com os outros?- perguntou o Sr. Kaioh.

— Broly é dominado unicamente por seus poderes e instintos sayajis, ele não tem uma consciência plena.- respondeu o supremo.- Um nível de poder como o dele precisaria de uma mente forte, Broly, apesar de ser o mais forte, não tem capacidade de controlar seus poderes dentro de sua cabeça e corpo, dessa forma ele vaza da barreira e o domina.

— Então os poderes são demais para ele?- perguntou Sr. Kibido.

— Exatamente.

O Sr. Kaioh suspirou, isso não parecia nada bom.

Paragas continuava avaliando o planeta, era realmente um bom lugar para recomeçar o Reinado dos Sayajins, claro que antes precisava se livrar dos verdadeiros herdeiros.

— Ouvi dizer que os humanos são fracos, mesmo assim vamos aproveitá-los como escravos.- refletiu já fazendo planos.

— Parece divertido.- ouviu uma voz atrás deles.

Paragas ao virar surpreendeu-se.

— Grande Freeza!- saldou.- O senhor me assustou, não o reconheci de imediato. O que é isso que está usando?

— O equipamento de um inimigo.- sorriu.- Já deve saber da morte de meu pai.

Paragas não sabia, mas isso de nada facilitava sua situação. Não mudou a expressão séria, lidar com Freeza exigia frieza e concentração.

— Eu lamento, Imperador.

— Isso significa que Kooler assumirá o cargo de Rei, nada mais mudará.

O sayajin concordou com a cabeça, não era aliado de Kooler, mas Freeza não precisava saber disso. O filho mais velho do Rei tinha seu próprio guerreiro, um misterioso, que assustou Cold ao ponto de ir atrás dos dois sayajins para uma aliança. Paragas não pretendia obedecer esse novo rei.

Kooler era astuto, mas ao contrário do que acreditava, não chegava aos pés do pai. O rei era o cérebro mais genial e perigoso do Universo. Paragas sabia que Broly tinha a força, mas necessitava de uma mente à altura de seu poder. Rei Cold era do que precisavam. Uma aliança necessária para os dois lados.

— Temos que encontrar logo esses guerreiros.- exigiu aproximando-se do sayajin.

Broly olhava o Imperador com interesse, havia notado uma intenção maligna no monstro, algo dentro dele se agitou. Sim, ficar sob o controle de Freeza seria mais interessante. O Imperador era cruel como ele, diferente de seu pai que ainda pensava mais na diplomacia, apesar de traiçoeiro. Talvez com Freeza fosse mais fácil de se libertar, o monstro era arrogante ao ponto de cometer um erro em algum momento. Não salvaria seu pai...

Paragas olhava para o monstro com desconfiança, não só pelo capacete, mas por pressentir que algo viria a acontecer. Freeza passou por ele e escorou-se em uma pedra, cruzou os braços sem tirar os olhos do sayajin mais velho.

— Temos que nos livrar desses guerreiros.

— Broly acabará com eles.- garantiu.

— Como conheceu meu pai?

— Vivíamos na Galáxia do Sul, um dia Rei Cold veio até mim oferecendo um cargo de confiança em troca que garantíssemos sua segurança.

— Contra Kooler?- perguntou Freeza.

— Sim, Imperador.- respondeu Paragas.- Seu pai temia um golpe orquestrado por seu irmão, principalmente depois de rumores e boatos ditos por Turles de que havia um Comandante não identificado, mas muito poderoso.

— Turles sabia quem era?

— Ele dizia que não, mas seu pai sabia ser mentira. Ao que parecia, o medo de Turles por Kooler era tamanho que preferiu não contar, mesmo assim jurou lealdade ao Rei Cold.

— Então meu pai resolveu garantir seu poder aliando-se com alguém mais poderoso que meu irmão.- refletiu Freeza.

— Rei Cold sabia que o senhor permaneceria neutro, até porque, com perdão da verdade, Kooler é mais forte que o Imperador, por isso acreditava que não ousaria se rebelar contra seu irmão.

Sim, pensou o monstro, Kooler tinha uma transformação a mais. Contudo, Freeza sabia que seu irmão jamais atentaria contra sua vida, ao contrário do pai. Seu irmão mais velho o condenava por ser imaturo, arrogante e impaciente, mas sabia que sempre seria ele a protege-lo e amar. Seu pai morrera, mas Kooler ainda vivia. Estavam livres para unirem-se sem as artimanhas do Rei. Agora era hora de um novo reinado, o de Kooler.

Freeza saiu de seu lugar e aproximou-se do sayajin colocando a mão em seu ombro.

— Não se desculpe.- confortou-o.- Kooler não é meu inimigo.

Paragas, ainda desconfiado, olhou para o monstro. Freeza estava tramando algo? Quando ia afastar-se percebeu sua ingenuidade. O monstro apertou a mão segurando seu ombro e com violência enrolou sua cauda metálica no braço de Paragas, o mesmo do ombro segurado. Antes que o sayajin chamasse por Broly, Freeza separou o membro do corpo.

Paragas gritou de dor, o sangue passou a escorrer manchando seu corpo e chão. O braço arrancado era o que estava o controle em formato de jóia. Broly, ao sentir a falta do domínio, sentiu seus poderes esfaqueando sua mente mais que o normal quando controlado. Antes que pudesse agir com liberdade, Freeza colocou o controle em sua própria mão.

— Broly!-gritou o Imperador.- Obedeça-me!

Kami Sama cerrou as mãos, Dendê olhou-o assustado. Freeza conseguira seu intento, ele agora controlava Broly. Sr. Popo permaneceu em silêncio ao sentir a tensão do deus.

— Patriarca?- chamou Kami Sama.

O namekuseijin gigante encarou-o sério.

— Este menino,- começou.- É herdeiro do sangue do dragão?

— Sim.

— Sr. Popo?

— Kami Sama?- respondeu.

— Ajude-o.

Os três olharam-no sem entender.

— Dendê, eu o nomeio o novo Kami Sama, deixo a Terra em suas mãos!

— O quê?- gritaram o menino e o Sr. Popo.

— O que pretende?- perguntou o Patriarca calmo.

— Eu e Piccolo faremos a fusão.- respondeu.

— Mas Kami Sama?!- tentou Sr. Popo.

— Agradeço por sua ajuda e amizade.- sorriu o deus.- Agora peço que auxilie essa criança.

Lágrimas transbordaram dos olhos do bondoso e gentil homem que concordou com a cabeça.

— Mas eu...- gaguejou o menino.

Kami Sama colocou a mão em sua cabeça.

— Restaure as esferas.- ordenou o deus.- Você será um bom Kami para esse planeta!

Em seguida, Kami Sama partiu voando em alta velocidade. O Patriarca olhou-o se afastar.

— Quem diria que ele ainda podia voar tão rápido?- comentou sorrindo.

— Freeza agora controla Broly.- anunciou Sr. Kaioh sentindo suor escorrer por seu rosto e costas.

O Sr. Kibido olhou-o tenso, a situação estava cada vez mais grave.

— Ele conseguindo manter esse controle...- começou Kaioshin sem sair de sua posição sentado parecendo muito tranquilo.- Só não podemos permitir que Broly se descontrole.

— Devo avisar os guerreiros?- perguntou o deus menor.

—Diga-os para não causar dano à Freeza, enquanto Broly estiver inerte de seus instintos melhor.- concordou o deus Supremo.

— E Gohan?- pediu Sr. Kibido.

Kaioshin estreitou os olhos e levantou-se assustando os outros dois. Finalmente o deus supremo reagiu de maneira diferente de sua enervante calma e tranquilidade. Isso os apavorou, a batalha contra Kooler e Raditz se aproximava.