ChiChi depois que Bulma foi embora passou a preparar o jantar, sabia que apesar de Goku ter acabado de comer, ele já estaria com fome. Goku vinha do quarto depois de ter tomado um banho, o cabelo ainda pingava.

– O cheiro está muito bom, Chi.- elogiou.

A moça virou-se para ele sorrindo, mas ele sumiu ao notar o olhar perdido e abatido do marido. Ela então suspirou.

– E como vai o Sr. Kaioh?- perguntou.

– Bem.- respondeu Goku sentando-se.

Tanto um quanto o outro resolveram não ter outros filhos até encontrarem seu pequeno Gohan. A jovem, ao longo dos anos, enfrentou inúmeras depressões, mas recentemente estava melhor. Bulma e Videl eram como sua sombra, sempre saindo e tentando animá-la. ChiChi agradecia o apoio da amiga e da doce criança.

– Mestre Kame ligou!- começou ela enquanto mexia em uma panela.- Semana que vem será seu aniversário e ele quer todos lá para comemorar seus 300 e não sei quantos anos. Disse que iríamos.

Goku sorriu, apesar dessas festas não serem mais tão divertidas sabia que ChiChi precisava dos amigos. Lembrava como ela sofreu e, estando bem agora não queria que sua esposa passasse tudo aquilo de novo. Ela precisava de distrações para não ter outra crise.

Porém, o que todos viam, inclusive ChiChi, era que Goku acreditava que apenas a moça tinha mudado desde o desaparecimento de Gohan. Ele não percebia que toda aquela alegria que sempre o acompanhou desapareceu. Goku não era mais o mesmo. Ele também sofreu com depressão e, até hoje, era perseguido por terríveis pesadelos. Ele precisava dos amigos tanto quanto ela. Nenhum dos dois via sua própria dor, em sua ânsia de impedir que o outro sofresse.

– Só espero que o Mestre não dê vexame como da outra vez!- riu Goku.

ChiChi soltou uma gargalhada ao lembrar. Ambos riam juntos ao lembrar como o velho mestre ficava depois de beber. Porém, aos poucos o riso foi diminuindo, a alegria de antes foi substituída por uma tristeza e as gargalhadas de ChiChi deram lugar às lágrimas.

Goku, ao notar, levantou-se e abraçou a esposa por trás. ChiChi recostou-se no marido, a dor era intensa. Por que com eles? Não era justo, o tanto que amava seu pequeno filho, como sempre o protegeu e ele ser tirados deles daquela forma cruel. O guerreiro sentia a dor da mulher, mas também muita raiva. Queria vingar-se de Turles, queria tortura-lo e matá-lo.

– Estou bem.- disse a moça se virando e enxugando os olhos.- Foi só...

– Eu sei.- falou o guerreiro secando as lágrimas dela com os dedos e beijando de leve seus lábios.

– Goku?- ouviram a voz de Kami Sama.- Venha imediatamente ao templo!

Goku olhou a esposa preocupado. Não podia deixa-la assim.

Uma leve batida na porta soou. A moça adiantou-se para abri-la. Era Piccolo, um namekuseijin que um dia foi o maior inimigo de Goku e hoje era um amigo muito querido. Ele ajudou-os muito na busca por Gohan.

– Piccolo.- cumprimentou ChiChi.- Entre.

– Eu estava por perto e vim para buscar Goku, Kami Sama pediu para irmos ao templo.

–Eu ouvi.- respondeu o sayajin.- Mas...

– Freeza está na Galáxia do Norte, em Namekusei.- interrompeu Piccolo.

– O que?- exclamou Goku assustado.- Eu...

– Você vai!- gritou ChiChi. – Goku, você precisa ir ajudar o planeta. Além disso, essa é nossa chance de descobrir se Gohan está com ele!

– Mas Chi...

– Eu vou ficar bem!- disse docemente.

Piccolo saiu da casa para esperar o sayajin do lado de fora e dar privacidade ao casal.

Goku abraçou a esposa e a beijou.

–Vou ver o que está havendo, então irei a Namekusei procurar por pistas de Gohan.

O rapaz então partiu com Piccolo. Se Freeza estava na Galáxia do Norte ele o encontraria.

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Todos os outros guerreiros já estavam no Templo, Vegeta estava em um canto mais afastado apoiando-se em um pilar de braços cruzados, Kuririn sentado no chão observava Videl brincando com Chaos, Yamcha e Tenshinhan conversavam baixo e Bardock permanecia concentrado com os olhos fechados.

Kami Sama não dera muitas informações, queria a todos presentes para narrar a situação. As notícias do Sr. Kaioh não eram nada boas.

Piccolo e Goku logo chegaram, com rápidos acenos de cabeça cumprimentaram a todos e esperaram o que o deus da Terra tinha a dizer. Kami Sama suspirou, sua preocupação era obvia.

– Bem,- começou.- Freeza segue rumo ao meu planeta natal, Namekusei, ele busca as esferas do dragão com o objetivo de tornar-se imortal.

Vegeta e Bardock se entreolharam preocupados. Isso jamais poderia acontecer! Um monstro poderoso como ele imortal seria invencível.

– Ele parte com uma parcela do exército, enquanto a outra ficará sob a supervisão de Kooler em busca de um guerreiro rebelde com o nome de Grande Sayaman.

Vegeta arqueou uma sobrancelha. O que? Quem seria imbecil ao ponto de atacar Freeza dentro de seu território, ainda mais com um nome tão idiota. Goku ouvia tudo sério.

– O Sr. Kaioh crê que vocês devem ir ao planeta garantir que Freeza não atinja seu objetivo, ou todo o universo cairá perante ele.- terminou o deus.

– E se Shenlong realizar como nosso desejo que esse monstro nunca consiga ser imortal?- perguntou Yamcha animado. Se isso acontecesse não precisariam se preocupar em lutar contra o Imperador.

– Shenlong não consegue realizar todos os desejos.- respondeu Kami Sama.

Goku bem o sabia. Reuniu as esferas para trazer seu filho de volta, mas o dragão não pode realizar o pedido e nem dar qualquer informação. Parecia que uma força maior impedia.

– Além disso, o dragão de Namekusei é mais poderoso e poderia anular o desejo de alguma forma.

O que? Mais poderoso?- pensou Goku. Talvez esse poderia trazer seu filho ou, ao menos, dar sua localização.

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Gohan, mais uma vez, conseguiu driblar o exército e foi até a parte mais remota do planeta central do Império. Deixou seu scouter em seu quarto como se estivesse dormindo e anulou seu ki ao máximo para chegar até seu mestre e amigo. Se Freeza ou Kooler descobrisse seria morto.

O menino o conheceu com apenas quatro anos, ele apareceu misteriosamente e nesses dois anos passou a treiná-lo em seu planeta. Ele já o aguardava, um humanoide lilás com cabelo branco e de baixa estatura. Nenhum equipamento do exército o rastreava, já que se tratava de um deus. O Supremo Sr. Kaioh, Kaioshin. Às vezes quem vinha busca-lo era o Sr. Kibido, um semideus assistente do deus maior. Kibido demorou, muito, mas passou a gostar da presença do garoto.

Ambos sabiam a verdadeira história de Gohan, mas não contaram a ninguém por temerem que Freeza o matasse, o menino, apesar de forte, não seria capaz de vencer esse monstro ainda. Ambos, também, tinham receio que ele não estivesse pronto.

Quando foi sequestrado, Gohan esqueceu-se de toda sua vida ao lado dos pais, seja pela idade ou pelo trauma, ele não tinha recordações. Talvez ele não fosse maduro o suficiente para entender sua origem e se entregasse para os instintos sayajins, principalmente sob a influência de Freeza e Kooler.

O menino já era mais forte que Dodoria e Turles, mas não sabiam em que grau estava comparado à Zarbon ou às Forças Especiais Ginyu. Kaioshin tinha grandes expectativas no garoto, com apenas seis anos tinha o poder de um sayajin adulto e, além, era aquele que poderia vir a tirar a Lendária Espada Z do solo sagrado. O deus, porém, sabia que ele ainda era criança demais para isso, mas logo viria a ter tal poder.

– Problemas por hoje, Gohan?

– Não, Sr.- respondeu animado.

Adorava o planeta sagrado, achava-o tranquilo e bonito. Depois do treinamento deitava na grama e ouvia histórias e lendas do deus e do Sr. Kibido. Esses contos alimentavam sua imaginação. Era curioso e gostava de aprender sobre outras culturas. Tinha prazer em estudar sobre o universo, culturas, seres vivos e até fórmulas matemáticas. Era muito inteligente.

A viagem foi rápida pelo tele transporte do deus. Assim que chegaram, O Sr. Kibido o cumprimentou e passou a ensiná-lo uma nova técnica, o Masenko criado pelo guerreiro Piccolo da Terra.

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Freeza estava em sua nave, logo chegaria ao planeta Namekusei e poderia procurar pelas esferas. Nada iria dar errado. Kooler cuidaria de tudo e Turles capturaria o Grande Sayaman. Porém algo o incomodava, o menino filho de Goku estava perturbando-o.

Quando Turles chegou com uma criança e pediu para fazer parte do exército achou que fosse o pai verdadeiro, porém logo o sayajin reconheceu ter sequestrado o filho do mais poderoso de sua raça. Freeza achou muito interessante e Kooler logo percebeu o grande potencial do pequeno. Meio sayajin, meio terráqueo. O curioso era que mesmo tendo dois anos, quando nervoso, possuía a força de um guerreiro adulto.

Seu pai, o Rei Cold, ficou satisfeito em notar como ele viria a ser um aliado. E ordenou que seus dois filhos treinassem a criança para ser das Forças Especiais. Quanto mais treinavam-no, mais forte ele ficava e, possivelmente, maior a mudança quando nervoso. Poucas foram essas situações, apenas quando ele chegou, porém o Rei Cold torcia para presenciar um momento quando ele fosse mais velho.

Freeza, mais contido, temia que esse momento viesse quando o menino recordasse de sua vida e se voltasse contra eles quando fosse mais forte. Aceitava treina-lo, mas esse receio o perseguia. Seu irmão por outro lado, não escondia a admiração pelos poderes do garoto. Kooler praticamente o adotou como seu pupilo, era seu preferido dentre todos os guerreiros que dispunham.

– Imperador?- chamou Zarbon.

Freeza apenas encarou o recém-chegado. Não gostava de ser tirado de seus pensamentos.

– O planeta está muito além de nosso domínio e, encontra-se na Galáxia do Norte.

Sim, o Imperador sabia-o. Havia a possibilidade dos guerreiros da Terra virem em socorro dos namekuseijins, esse era um dos motivos do garoto ficar sob a supervisão de Kooler e não sua.

– Então façam seu trabalho mais rápido e encontrem as esferas!

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O menino respirava muito rapidamente, mostrando seu cansaço. O deus e Kibido sim eram adversários fortes, não os idiotas do Dodoria e Turles.

– Você está indo muito bem, Gohan!- elogiou o Supremo Sr. Kaioh. Observava o garoto lutar com Kibido, em algum tempo já seria mais forte que seu assistente e mais que o próprio deus.

Gohan parou de lutar e sentou-se na grama. Sua roupa molhada de suor pelo esforço da luta. O Sr. Kibido aproximou-se e conjurou comida e água para o sayajin.

– Kaioshin?- chamou o menino após engolir uma grande porção.- O que são as esferas do dragão que Freeza quer?

O deus, em silencio, sentou-se ao lado do menino e encarou o horizonte. Seu assistente permaneceu quieto esperando. Gohan voltou a comer esperando a resposta do deus, estava tudo uma delicia. Mas sua mente imaginava o que seriam essas esferas, devia ser algo muito importante para Freeza ir pessoalmente buscar e, potencialmente, perigoso.

– No planeta Namekusei o líder da raça criou as esferas, ao todo sete, que quando reunidas ativam uma entidade divina que realizará desejos. O deus de um planeta chamado Terra, nativo de Namekusei, também criou outras sete esferas para uma divindade menor realizar aos desejos vindos da Terra.

– E Freeza quer reuni-las para pedir um desejo?

– Temo que ele queira ser imortal.- respondeu Kaioshin.

Isso era muito grave e perigoso. Como alguém derrotaria o Imperador se ele fosse imortal?

– E as esferas realizam qualquer desejo, Kaioshin?

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Bulma e seu pai faziam os últimos retoques na nave. Todos os guerreiros encontravam-se ali, além de ChiChi, Mestre Kame, Oolong e Rei Cutelo. Assim que a nave estivesse pronta iriam à Namekusei, então estavam ali para se despedir.

– Mas eu quero ir, mamãe!- pedia Videl. A menina ainda não tinha entendido o porquê tinha que ficar na Terra e os outros iam nessa grande aventura.

– Não!- respondeu Bulma pela milésima vez. Jamais deixaria sua filha ir a um lugar tão perigoso.- Além disso, se algo acontecer à Terra precisaremos de você aqui.

Isso surtiu efeito, Videl parecia satisfeita de ficar como protetora do planeta. Yamcha e Tenshinhan também ficariam.

Kuririn, Bardock, Piccolo, Goku e Vegeta iriam ao planeta Namekusei impedir que Freeza encontrasse as esferas. Não sabiam bem o que esperar, apenas que muitos inimigos poderosos estariam prontos para lutar em nome do Imperador.

– Acho que está tudo pronto!- declarou Bulma fechando um compartimento da nave.

Ela foi para onde Vegeta e Videl estavam. O Príncipe Sayajin esperava a nave ficar pronta de braços cruzados. O relacionamento dos dois ainda era estranho para os outros, Vegeta era rabugento e orgulhoso demais e ela petulante e orgulhosa demais. Contudo, todos viam como um ficava perturbado quando algo acontecia ao outro ou com a pequena Videl. Bulma pendurou-se no pescoço dele e beijou-o. Iria ficar na Terra e já estava com saudades.

Mestre Kame dizia à Kuririn para tomar cuidado e evitar lutas que sabia não poder vencer. Bardock dava conselhos à Videl em seu colo que ouvia a tudo animada, a menina abraçou o sayajin.

– Boa sorte!- desejou a menina.- Eu quero um presente bem bonito.

Bardock riu e beijou-a na bochecha.

– Farei o possível!- prometeu.

– Você vai ficar bem, Chi?- perguntava Goku abraçado na esposa, estava preocupado em deixa-la.

– Não se preocupe, Goku. Vou ficar bem.- a mulher deu um beijo no marido e continuou.- Tome cuidado, sim?

– Pode deixar!- disse beijando-a novamente.

Vegeta pegou a filha do colo de Bardock, que foi despedir-se da nora.

– Tome cuidado e proteja sua mãe e a Terra.- pediu Vegeta sério.- Lembre-se do seu treinamento.

– Não se preocupe, papai. Eu cuidarei de tudo direitinho.- a menina beijou o pai na bochecha e abraçou- o pescoço com mais força.- Vou sentir saudade, então volta rapidinho.

Piccolo despediu-se de Kami Sama e esperou aos outros. Os guerreiros entraram na nave e partiram rumo ao perigo.