Sirius' daughter escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 84
Marvolo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a One Simple Boy, Taah e Juliana Sato pelos comentários do cap. anterior



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—Você sabe que não precisava fazer isso – disse Bianca no batente da porta.

—Precisava sim. Esta manhã, coloquei meu nome no pergaminho da Ordem da Fênix, sou um Ordenado e ele, um Comensal, lados opostos da mesma guerra.

—Ele não queria ser Comensal, foi forçado a se tornar um.

—Quando ele ajudar a “tia Bella” a lançar um Avada Kedavra no seu peito, eu vou rir da sua cara – ele brincou.

—Vai nada. Vai chorar e atacar os Comensais – ela continuou a brincadeira.

Foram para o jardim e se deitaram sob uma árvore, como faziam quando menores. Harry pousou a cabeça nas pernas de Bianca, que se pôs a brincar com seus cabelos. Aproveitavam o momento a sós. Por um instante, não havia magia, Ordem da Fênix, Comensais da Morte, nem mesmo magia. Eram só eles dois.

—Já parou para pensar que talvez devesse ser assim? - perguntou Harry. - Eu e você, não você e Fred ou Draco e eu.

—Eu pensei que você preferia meninos.

Harry desviou o olhar. A questão era um debate interno que há muito ele enfrentava. Meninas ou meninos? Os dois? Ou ele podia se apaixonar pelas qualidades das pessoas? Preferiu continuar a discussão mental mais tarde, então desconversou:

—Eu quis dizer que se Fred e Draco não tivessem entrado em nossas vidas, não estaríamos sofrendo tanto.

—Estaríamos sim – disse Bianca, olhando as nuvens pensativa. - De solidão.

—Por Merlim, não seja melodramática.

*********

Eu juro doutor, nunca fiz nada de mal para Bianca – disse Elis ao seu psicólogo.

—Bem, sra. Castlefield, pelo que me disse, há seis anos sua filha vive com o pai, estou certo? - ela assentiu. - E quando Bianca era pequena a senhora fugiu com ela, privou-a do contato com aquele que mais tarde, a amparou quando ela mais precisou? - Elis assentiu de novo. - E, na última vez em que se viram, ela gritou por socorro, mais especificamente pelo pai?

—Sim doutor, eu disse tudo isso.

O homem bateu os dedos no queixo. Sem dúvida, Elis Castlefield era uma de suas pacientes mais intrigantes.

—E, sem nenhuma razão aparente, sua filha passou a odiá-la?

Elis assentiu mais uma vez, os olhos desvairados, como de louco. Para o psicólogo, Bianca era filha de pais divorciados e preferia o pai à mãe. Talvez porque ele não é louco, pensou, tomando algumas notas.

—Procure um psiquiatra, ele vai ajudá-la a lidar com a rejeição.

—Obrigada doutor.

—Disponha – ele sorriu enquanto ela deixava o consultório.

Encontrei-a. A descrição bate perfeitamente.

********

—Você prometeu me dar tudo quanto eu quisesse – protestou o garoto.

Tinha cerca de dezessete anos e discutia com um homem idoso, eram muito parecidos, como pai e filho.

—Sinto muito, mas ela está fora de tudo— disse o homem, ajeitando os cabelos castanhos iguais aos do rapaz, porém mais curtos. - Você sabe bem como ela é, mas se ainda a quiser, terá de fazer isso por si só – o garoto bateu o pé. -Por Deus, não seja tão teimoso. Já teve provas o bastante para ver que ela é difícil.

As palavras não coagiram o menino. Alguém bateu a porta e o homem fez um gesto com as mãos, mandando o garoto abri-la. Quem batera fora um rapaz loiro da mesma idade do moreno, e que trazia um bilhete.

—Malfoy – disse o moreno com desprezo.

—Marvolo. Ele está aí?

—Está. O bilhete é para ele?

Malfoy assentiu, girando nos calcanhares e jogando a carta por trás do ombro. Contrafeito, Marvolo se abaixou para pegar. Ele não gostava de se agachar para pegar coisas, achava que era uma situação indigna de alguém como ele.

—Por que a demora, Marvolo? - o homem cobrou.

—Se quer rapidez, apanhe suas cartas sozinho ou me pague melhor.

—Está bem. Vou lhe dar um frasco de Amortentia. Satisfeito?

Marvolo revirou os olhos. Isso é muito cliché, pensou, mas disse:

—Sim – estendeu a mão, onde surgiu um frasco de poção cor-de-rosa. - Vou deixá-lo sozinho.

Feliz por ter se livrado do menino, o homem apanhou a carta sobre a mesa e leu-a, sorrindo.

********

Bianca estava sentada em um banco, usando vestido branco e marias-chiquinhas.

—Moça, onde estão meus pais? - perguntou, a voz fina e delicada.

—Seus pais?

—Sim, meus pais Sirius e Remus.

Elis ia dizer que ela era sua mãe e que não tinha dois homens por pais, mas um coro de duas vozes a impediu:

—Bianca Lupin-Black! Onde você está?

—Papai! - saltou em direção a eles.

Lágrimas grossas rolaram pelo rosto da mulher. A menina que ela tentara proteger da anormalidade do pai, que ela cuidara por dez anos, até que o mundo virou ao contrário e de repente, Elis era a vilã e Sirius o herói. Agora, a menina era uma bruxa que daria a vida pelo pai e sentenciaria a mãe à morte, se tivesse poder e oportunidade.

Eu vejo o coração dela, disse uma voz rascante e sibilada. Sei quem ela ama e quem odeia. Posso dizer que você encabeça a segunda lista.

Posso devolver sua filha a você, se me ajudar com umas coisas.

—Eu concordo – disse Elis.

O coração da mulher batia forte contra o peito. Estava presa em uma paralisia do sono. Lúcida e consciente, mas sem poder mover-se. Ela sabia que era um sonho, mas a voz arrastada em sua mente era muito real e as palavras “eu concordo” de fato saíram de sua boca. Com o quê teria concordado? Ela não conseguia lembrar-se. Finalmente colocou um pé para fora da cama e se levantou. Acendeu a luz e analisou o quarto. Marius não estava. Ele já saíra ou ainda não voltara?

Cansada de pensar tanto, rumou para a cozinha. Quando Marius sabia que ia se atrasar ou saía cedo, deixava um bilhete explicando o que acontecera, mas não havia nada, exceto uma nota presa na caixa de leite. Primeira missão, dizia. Fique alerta e quando a “encomenda” chegar, receba-a bem.

Encomenda? - Elis perguntou-se baixinho.

Ela sacudiu a cabeça repetidamente, tentando esquecer o que lera e jogou a nota no lixo. Aquele seria apenas mais um dia comum para Elis Castlefield.

********

Os alunos estavam reunidos no campo de quadribol, assistindo à semifinal entre Slytherin e Hufflepuff. Bianca e os corvinos torciam pelo time da Sonserina, enquanto Harry e os grifinórios apoiavam a Lufa-Lufa.

Blaise Zabini narrava a partida, enunciando cada passe e cada gol com perfeição. A apanhadora da Lufa-Lufa, Juliana, ziguezagueava atrás do pomo. A sonserina, Melissa Onuki tinha mais vantagem na corrida pela bolinha dourada. Além de ter uma vassoura melhor e seu tamanho diminuto, ela tinha muita técnica.

Os lufanos venciam por cento e dez pontos contra setenta, a mão de Melissa se fechou ao redor do pomo.

—SONSERINA VENCE! - berrou Zabini. - Onuki agarra o pomo, Sonserina totaliza duzentos e vinte pontos e vai pra semifinal! Grifinórios, se preparem, a serpente está chegando.

Enquanto a Sonserina tinha sua festa da vitória, o time da Grifinória continuou no campo, discutindo a estratégia que usariam na final.

—Ronald, não deixe que façam nenhum gol – disse Tyler. - Gina, Neville e Angelina, façam tantos gols quanto possível. Harry, pegue o pomo assim que der. Black, monte guarda para ele e se precisarem, executem aquela jogada. Eu protegerei os artilheiros. Treinaremos esse esquema amanhã à tarde. Dúvidas?

Os seis moveram as cabeças negativamente e se dispersaram. Bianca e Harry não se falavam desde sábado, e a distância não fazia bem a nenhum dos dois. Bianca se sentia só, mas ainda amparada de uma forma estranha. Em vez de ir para a torre da Casa, ela preferiu matar um tempo na biblioteca.

—Oi – disse um rapaz bonito, de longos cabelos castanhos, roupas pretas e nas mãos, um cálice de suco de abóbora. - Marvolo.

—Bianca – ela respondeu, sorrindo enquanto ele se sentava a seu lado.

Marvolo era dono de uma beleza encantadora, e parecia saber usá-la quando era preciso. Ele não vai me ganhar tão fácil assim, Bianca pensou. Interagir com ele seria muito divertido.

—Desculpe os meus modos – disse ele, envergonhado. - Aceita suco de abóbora?

Bonito e galante, Bianca analisou seu comportamento, quase enojada. Levou o cálice aos lábios, mas antes que desse um gole, percebeu um risinho vitorioso nos lábios dele. Rapidamente, repousou o cálice na mesa e questionou:

—O que ganha se eu beber? - o sorriso do garoto murchou. - Se for ouro, quero pelo menos quarenta por cento.

Marvolo pareceu desnorteado por um segundo, mas logo se recompôs.

—Não vejo porque precisaria acrescentar ouro à sua já muito bem recheada conta em Gringotes.

—Como você sab….

—Quem não sabe? - ele voltou a sorrir. - Você é Bianca Lupin-Black, herdeira de duas fortunas. Apesar de ser a primeira na história a usá-lo, seu sobrenome é muito poderoso.

—Já que sabe tudo isso, deve ter as respostas das minhas perguntas. De onde você veio? Por que está aqui?

—Meu nome é Marvolo... Treer, e estou aqui a pedido do professor Snape.

—Por que ele te pediu para vir?

Marvolo engoliu em seco, dizendo:

—Temo que… não possa ficar muito mais tempo. Foi um prazer.

Ele saiu correndo biblioteca afora. Bianca tamborilou os dedos na mesa, pensando. Ele hesitou ao dizer o sobrenome. Quem hesita ao falar o nome está mentindo.

Marvolo deixara o suco para atrás, talvez esperando que ela bebesse. Bianca apanhou o cálice e foi até a sala de Severo. Um vulto adentrou a sala e bateu a porta com força, antes que ela entrasse. Cautelosa, a menina colou o ouvido na madeira.

—Ela bebeu? - Severo questionou, a voz abafada.

—Não, aquela diabinha é esperta. Aposto que já descobriu tudo. Se for este o caso, você terá de bolar outro plano.

—Eu não sou obrigado a te ajudar com nada, e espero de verdade que ela te dê todos os foras possíveis até você desistir e o Lorde te vê como um garoto mimado que ele é forçado a suportar, não um aliado.

Então Severo não o queria aqui… Voldemort forçou Severo a colocá-lo aqui, para que Marvolo me espionasse ou algo assim.

Decidida a não facilitar as coisas, se escondeu atrás de uma armadura enquanto Marvolo passava pelo corredor. Bianca fugiria para sempre do Comensalzinho, se fosse preciso. Assim que o garoto sumiu de vista, ela entrou na sala de Severo, sem bater.

—Preciso que analise esse suco – ela colocou o cálice na mesa de trabalho.

—Tem Amortentia – ele respondeu sem olhá-la.

—Como sabe? Ah, você estava lá quando Marvolo fez isso.

Ele assentiu com um sorriso de canto. - O que mais sabe?

—Marvolo está aqui por mim, seja para me roubar, sequestrar, espionar, passar informações sobre mim ou…

—Te conquistar – o queixo de Bianca caiu. - Deduziu tudo isso mas deixou de lado a estratégia mais manjada que ele tem… é, não dá para negar que age como seu pai às vezes. Sabe quem Marvolo é? - ela negou. - Marvolo é um nome meio incomum, não? Mas você conhece mais alguém com esse nome.

—Tom Marvolo Riddle! - ela se lembrou em choque. - Marvolo é filho dele?

—Não, Marvolo é ele. - Bianca fez uma careta confusa. - Depois de você ter destruído as Horcruxes, Voldemort pesquisou novas formas de manter-se imortal, além de criar… - ele tossiu e engasgou. Era impressão ou o Tabu diminuía conforme Bianca se aproximava da verdade? - Ele destacou uma fase de seu passado e a trouxe para o presente, assim, se ele morrer em sua versão velha, a jovem continua.

—Droga! - ela gritou. - Como vou matá-lo se ele sempre inventa algo diferente e mais poderoso?

Severo revirou os olhos.

—É óbvio que ele não quer morrer, mas você tem que continuar tentando.

Ótimo, mais um problema para eu resolver, ela pensou, revirando os olhos também.

—Me diga: Marvolo tem algo a ver com a Horcrux roubada?

—Não, faz poucas semanas que ele voltou, mas se serve de consolo, ninguém o suporta mais, em especial seu amigo Malfoy.

—Tem notícias dele? - Bianca sabia que o amigo não sumira no mundo simplesmente, mas não podia imaginar por onde ele andava, e também, com tantas coisas em que pensar, Draco passava longe de sua mente.

—Tenho – o professor sacudiu a cabeça com pesar. - Ele não pode estar mais infeliz. Queria continuar na escola, terminar os estudos, mas Narcisa e Lucius o tiraram à força. Queria ter se despedido de você e Potter pelo menos, mas nem isso lhe permitiram.

—Ele recebeu a carta de Harry?

—Recebeu e só ficou mais deprimido, porém aceitou. Sou o único com quem conversa, levo notícias para ele, mas em suma, ele quer saber sobre você e Potter. Perguntei se não queria que eu intermediasse cartas, mas ele negou, disse que era muito arriscado.

—Ah é? Vou escrever uma coisinha para ele.

Única e exclusivamente para Draco B. Malfoy,

Eu sei a história e não te interessa como descobri – apesar de ser um pouco óbvio. Sinto sua falta, e entendo que não fez por vontade própria, mas você, Draco Malfoy, membro do MBWP 2 teria se arriscado para me mandar uma carta. A menos, é claro, que o Comensal da Morte covarde que há em você tenha tomado o controle da situação e te impedido.

De qualquer forma, não quero brigar, só informar que estou bem e que tenho esperanças de que o meu amigo desperte e ponha um fim nisso.

Bianca W. Lupin-Black.

P.S: Escrevi também para mostrar o meu novo sobrenome,

—Aqui está – ela entregou o envelope selado.

—Levarei assim que puder.

Era hora de ir embora. Desiludo!, Bianca usou o feitiço não-verbal, esperando que Marvolo não usasse Homenum Revelio.


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