—Ela não gosta dele, ela o defendeu – disse James, dando tapinhas nas costas do amigo. - É diferente.

—Cale a boca, Prongs. Você não sabe do que está falando.

Sirius correu às lágrimas para a Casa dos Gritos em forma de cachorro, James e Peter em seu encalço. Harry pensou em segui-los, mas decidiu que tinha de procurar Bianca. Encontrou-a na Sala Precisa, em seu quarto, chorando encolhida na cama. Carinhoso, ele se sentou e colocou a cabeça dela sobre as pernas dele.

—Você o fez chorar, sabia? O Sirius?

—Não ligo. Ele tem de ficar longe de mim, não é certo.

—Ele não sabe disso! Você não contou, lembra? Falando nisso, por que não disse a ele que são pai e filha?

A jovem suspirou e se endireitou.

—Porque vi como ele olhava para Remus. Se ele souber que vai passar vinte anos longe do homem que ama, vai ficar arrasado.

—Ou… vai fazer de tudo para mudar isso, por exemplo, impedir a gente de obliviá-lo quando a hora chegar.

—Ele não pode nem sonhar em fazer isso, mas sabe que eu já coloquei um medo do futuro nele. Acho que ele vai aceitar o Obliviate numa boa.

—O que você disse a ele?

—Disse que seus pais morrem.

—Você contou a ele que vai perder seu melhor amigo?

Ela assentiu, secando o rosto com um lenço.

—Sabe o que eu tenho de fazer agora, Harry? Tenho que esquecer Sirius Black, e mostrar para ele que o esqueci.

—Espera… eu fiquei meio confuso, você vai aplicar o Obliviate agora?

—Não Harry, não é esquecer nesse sentido. O que eu quis dizer é que vou fazer como fiz no ano passado.

—Quando ficou com o professor Snape para “esquecer” o Fred?

—Isso.

—Devo lembrar-lhe irmãzinha, que daquela vez sua ideia genial não funcionou. E isso que vai fazer não seria traição, tendo visto que você e Fred são namorados?

—Porque o Fred é o amor da minha vida, mas ele não está aqui. Ele nem nasceu. E mais, vai ser um beijo, ou nem isso. É só para o Sirius saber que eu não o quero.

—E quem vai ser seu comparsa nesse plano? Severo? Ah, não dá, vocês dois brigaram…

—Ele me chamou de Sangue ruim! O que esperava que eu fizesse?

—Remus? - Harry sugeriu, como se ela não o tivesse interrompido. - Ah, também não dá. Peter? Não, muito imbecil. Ele é gay. James? Hum, também não, ele é ligado demais na Lily para notar outra garota.

—Você! - ela exclamou. - É perfeito!

—Não! Eu não vou ficar com você só para que se exiba pro Sirius. E além do mais, eu não gosto de você… romanticamente falando.

—Eu faço o que quiser quando voltarmos pro futuro. Prometo.

—Ajuda a consertar a minha situação com o Draco? - o garoto levantou a sobrancelha.

—Tudo bem, ajudo, mas agora vamos logo.

Bianca sorriu e de mãos dadas, foram para a sala comunal da Grifinória, onde Sirius estava, já recuperado do choque, e cercado por James, Remus e Peter, que tentavam distraí-lo, mas assim que Bianca e Harry adentraram o salão, Sirius teve de virar-se para ela e tentar sorrir. Ele abriu a boca para falar, mas Bianca puxou Harry para sentar-se, como se não fosse nada demais. Conversavam amenidades, evidenciando assim a intimidade de longa data entre eles. Então Harry teve a brilhante ideia de falar sobre Fred, e Bianca reagia à conversa com risadinhas indiscretas. Depois de algum tempo, Bianca fingiu-se cansada e voltou para a Sala Precisa, enquanto Harry entrou na conversa com os Marotos.

—Apesar de tudo o que aconteceu antes, achei divertido o que fizemos com o Ranhoso – comentou Sirius, sorrindo.

—Esse é o Padfoot—disse James, orgulhoso da recuperação do amigo.

—Bom, gente, estou cansado – disse Harry bocejando. - Vou pra Sala Precisa agora.

—Vamos com você – disseram os Marotos, seguindo-o.

Os cinco caminharam até o corredor da Sala, onde encontraram a porta aberta. Adentraram o local temerosos.

—Severo, me larga! - Bianca gritou da sala de estar.

Bianca estava no sofá, sendo agarrada por Severo Snape contra a sua vontade. Ela o estapeava, mas seus golpes não tinham nenhum efeito.

—Só um beijo, Bi. Só um…

—Larga ela! - gritaram três vozes ao mesmo tempo.

Um era Sirius e o outro Harry, que puxaram Bianca do sofá. O último era um ruivo que acabara de aparatar na sala com os amigos, e desferia um soco no queixo de Severo. Bianca correu para o colo do ruivo, chorando.

—Vamos tirá-lo daqui – disse James a Remus e Peter.

Usando o Levicorpus, os três grifinórios levaram o sonserino para a torre da Sonserina.

—Ele te machucou? - Fred perguntou a Bianca, examinando-a.

Bianca mostrou que tinha hematomas nos pulsos, onde ele havia segurado-a. Fred beijou-os delicadamente, despertando a curiosidade de Sirius:

—Vocês se conhecem? -perguntou.

—Sim – Bianca respondeu. - Fred, este é Sirius. Sirius, este é Fred.

—Prazer – cumprimentaram-se com desconfiança.

—Veio sozinho, Fred? - Harry perguntou.

—Não, Draco e Jonay vieram comigo, mas não sei onde estão.

—Estamos aqui, cenoura gigante – disse Draco, sentado com Jonay em um dos sofás com um pote de pipoca no colo. - Só ficamos quietos para ver o show.

—Imbecis – Bianca rolou os olhos. - Sirius, estes são Jonay e Draco, nossos amigos também.

Sirius esquadrinhou os presentes, não podendo conter seus pensamentos. Bianca correu diretamente para os braços de Fred, e ele a acalentara e confortara. Os foras que Sirius levara de Bianca. Tudo isso indicava que…

—Vocês são namorados? - perguntou. - Ou serão, quando nascerem e se conhecerem?

Bianca assentiu, sem entender bem as perguntas. Sirius sacudiu a cabeça, tentando afastar as dúvidas que se formavam e chegando a uma conclusão: ter amigos do futuro era muito complicado.

**********

EM 1995…

Era sexta-feira e Remus não encontrou Bianca e Harry na plataforma 9 ¾. Desesperado, voltou para casa, anunciando:

—Bianca e Harry não estavam na estação.

Sirius arregalou os olhos.

—Será que… não pode ser! Remus, me faça um favor e me ajude a escrever uma carta para Dumbledore.

Ao diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,

Escrevo como Sirius Black, pai de Bianca Black e tutor de Harry Potter, ambos estudantes quintanistas de Hogwarts

Os estudantes acima citados não foram encontrados no Expresso de Hogwarts nessa sexta-feira e…

Alvo, Bianca e Harry não estavam na estação hoje. Você os mandou para algum lugar como o passado, por exemplo? Responda o mais rápido possível.

Sirius O. Black e Remus J. Lupin.

Monstro levou a carta para o correio e a agonia tomou conta do largo Grimmauld, doze. Sirius estava em um estado de nervos que só faltava arrancar os cabelos.

—Quer se acalmar? - Remus perguntou, segurando os ombros do marido.

—Acalmar como? Na certa, Dumbledore os mandou para o passado por algum motivo idiota, ou até por motivo nenhum, quem sabe?

—Você não confia mais em Dumbledore, amor?

—Eu confio, mas não confio meus filhos a ele. Pelo menos não mais.

—E o que vai fazer? Tirá-los da escola?

—Não, mas vou tirar a Bianca da Ordem. E assim ele não vai mandar os garotos para missões suicidas e sem sentido.