MESES DEPOIS…

Era o aniversário de quinze anos de Bianca. Ela despertou com um grande sorriso no rosto e foi para o espelho admirar-se. Com certeza mudara desde que chegara ao mundo mágico. Seus cabelos agora alcançavam seus ombros em cachos leves e delicados. Seu corpo se desenvolvera um pouco no verão, o bronze da pele ganhara um tom mais intenso devido ao tempo passado no jardim. Parecia totalmente diferente, mas se olhasse com atenção os olhos castanhos, notaria que eles continuavam os mesmos.

–Sabe, eu ainda vejo a menininha que sofreu um acidente de carro aos dez anos – comentou Sirius, entrando no quarto. - E sempre verei, não importa quanto você cresça.

–Pai! - ela correu feliz para os braços do homem.- Bom dia.

–Feliz aniversário, querida – ele lhe sorriu. - Já está pronta? Vamos sair agora então – ele lhe estendeu o braço para aparatarem.

–Harry e Remus não vão conosco?

–Não. Esta manhã é só nossa.

No Beco Diagonal, foram a Floreios e Borrões e Bianca escolheu alguns livros, em seguida foram a Florean Florescue. Depois que a garota comprou e comeu mais açúcar do que a população bruxa inteira poderia comer, entraram na Borgins & Burkes. Sirius queria comprar um relógio para a filha.

–Bom dia Borgins – ele saudou o balconista. - Minha filha faz aniversário hoje e eu quero dar um relógio para ela.

–Feliz aniversário, senhorita – o senhor idoso sorriu, indo para os fundos da loja.

–Não me traga nada amaldiçoado ou verde, ouviu? - Sirius gritou, fazendo-o rir.

Bianca observou as vitrines por um tempo. Expunham objetos mágicos, como relógios cuco que mostravam a localização de seus donos antigos e outras peculiaridades, algumas com uma etiqueta que dizia: Não está a venda. Amaldiçoado. Mas ali também vendia-se coisas de trouxas, como um livro de receitas perfeitamente comum.

Borgins retornou, trazendo bandejas cheias de relógios de diversos tipos. De pulso ou de bolso, mostradores pequenos ou grandes, ponteiros finos ou grossos, feitos de ouro ou de prata, cravejados de diamantes ou de rubis. Por fim, Bianca escolheu um de correia fina, mas tão comprida que o relógio podia ser usado no pulso ou pendurado no pescoço. Era de ouro com diamantes na volta do mostrador e nos ponteiros.

Voltaram para o largo, e Sirius pediu a ela para ir para o quarto. Enquanto esperava seu pai chamá-la, colocou os livros nas estantes, os chocolates no malão e ajeitou o relógio no pulso. Monstro aparatou no aposento, dizendo que o patrão a chamava na cozinha.

Quando a menina entrou no cômodo, encontrou ali um reduto de Hogwarts misturado à Ordem da Fênix. Harry, Remus, Draco, os Weasley, Dumbledore, Tonks, Hermione, Jonay, Olho-Tonto, até mesmo Severo estava lá.

–Surpresa! - gritaram todos ao mesmo tempo, provocando uma crise de risos nervosos.

Fred lhe trouxe uma fatia de bolo de chocolate, feito pela sra. Weasley, e não por Monstro. Por sorte, Bianca não foi o centro das atenções por muito tempo, logo todos voltaram às conversas de antes, apenas Harry, Fred e Draco ficaram com ela.

–Quinze, hein? - Fred falou, com um sorriso. - Está ficando velha demais para mim.

–Olha quem fala – ela riu. - Quantos tem? Dezessete. Vai terminar Hogwarts esse ano, cara.

–Veja pelo lado bom. Está namorando um aluno do último ano.

As conversas continuaram anemas por toda a parte. Por algumas horas, Voldemort não existia. Pelo menos não dentro do largo Grimmauld, doze.

A noite caiu e Bianca estava em seu quarto, desembrulhando seus presentes. Draco lhe dera um pomo de ouro que pendia de uma corrente delicada. Fred lhe comprara uma caixa de seus chocolates favoritos da Dedosdemel. Harry lhe dera flores, violetas, como ela gostava. Molly lhe dera um suéter vermelha com um B bordado no peito. Dumbledore enviara uma gargantilha azul com uma pedra preta e lisa como pingente, além de um bilhete anexo: use com sabedoria. Tonks comprara um vestido rosa choque, cujo tom lembrava estranhamente os cabelos da metamorfamaga. Olho-Tonto dera uma caixa de poções polissuco prontas, bastava adicionar a amostra e já estavam prontas para uso. Hermione comprara um livro, chamado Hogwarts: uma história. De Jonay ela ganhara um presunto espanhol muito bom.

Jonay enviara uma nota anexa, que dizia que o presunto se chamava Jamón.

–Quem dá presunto de presente de aniversário? - a garota se espantou, mas a aparência da carne era tão suculenta que ela logo aceitou o fato.

E por último, de Severo, ela recebera uma boneca. Tinha um ar gracioso, como se fosse uma modelo, parecia as bonecas que ela tinha quando criança, mas com a diferença de que aquela tinha o uniforme da Grifinória vestido. Dentro da caixa, havia um bilhete com os dizeres: Para a minha filha.

–Filha? - Bianca se questionou. -Quem se importa? Gostei da boneca.

Ela colocou a boneca em sua cômoda para enfeitá-la. Todas as joias foram guardadas no porta-joias, exceto o relógio e a pedra de Dumbledore, que iriam para Hogwarts com ela, junto com as poções e o suéter. Mandou Monstro guardar o presunto na geladeira, pois queria comê-lo no café da manhã na manhã seguinte. Quando estava quase terminando, Remus apareceu na porta do quarto.

–Alguns presentes chegaram atrasados – anunciou, mostrando as três caixas que carregava. - Estas duas são de Bellatrix e Narcisa, não se preocupe, eu já verifiquei. E este aqui é meu.

–Obrigada – ela sorriu.

Admirou seus novos presentes. Remus lhe dera um jogo de tubos para poções completo. Para a pocionista mais inteligente que conheço, dizia o bilhete. Narcisa e Bellatrix haviam mandado duas peças bem peculiares. Um medalhão dourado com uma cobra em formato de S gravada e uma tiara em formato de corvo com uma grande lápis-lazúli encrustada. As joias eram bonitas e não eram suspeitas, então Bianca não hesitou em guardá-las com as outras.

Com as malas prontas, Bianca deu um longo suspiro. O ano anterior havia sido caótico, na melhor das descrições, mas ela era a Menina Preferida e Amaldiçoada. Teria problemas o tempo todo, e sempre os enfrentaria de cabeça erguida.

No dia seguinte, ela foi despertada pela chegada de uma coruja com uma carta e uma rosa no bico. Uma coisinha para alegrar o seu dia. Lamento ter pedido seu aniversário. Felicitações atrasadas. Não havia assinatura, mas Bianca conhecia aquela caligrafia até mesmo cega. Era de Tom Riddle. Será que a flor estava envenenada ou algo assim? Embrulhou-a cuidadosamente e saiu gritando pelo corredor:

–Pai! Pai!

–O que foi? - perguntou Sirius.

–Não, você não. Cadê meu outro pai?

–Remus está na biblioteca.

A jovem disparou rumo ao cômodo indicado. Sirius achou bonitinho ouvir Bianca chamar Remus de Pai, afinal os dois a amavam e cuidavam dela da mesma forma.

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–Vai me pedir para examinar tudo que chegar às suas mãos?

–Só te peço para conferir as coisas enviadas por Comensais da Morte – o lobisomem arqueou a sobrancelha. - E foi Voldemort que me mandou isso – ela sussurrou.

O homem pegou o embrulho e foi para seu laboratório, uma pequena sala com equipamentos anti Artes das Trevas, a maioria usada para conferir o que Bianca recebia de seus “admiradores”. Depois de um delicado processo – para não estragar a rosa – ele devolveu-a para a filha, que agradeceu com um beijo na bochecha.

–Valeu pai!

–Por nada, filha. Mais cuidado com o que recebe, pode ser?

–O máximo que posso fazer é jogar fora, desculpe.

–É tudo que espero que faça. Entenda Bia, os tempos são difíceis, Voldemort pode te mandar veneno disfarçado em uma caixa de chocolates.

–Eu sei disso. É por isso que peço que examine minhas coisas.

Remus dispensou a menina com uma piscadinha, e ela guardou a rosa junto as violetas que Harry lhe dera.

Sou uma garota estranha, escreveu em seu diário. Recebo presentes de bruxos bons e maus. Sou querida por gente de todos os tipos. E mesmo quando digo com todas as letras que sirvo à Ordem, Tom continua mandando-me agradinhos. Fiz quinze anos ontem, e ele me mandou uma rosa de presente.

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Depois do almoço, faltavam três horas para o chá ser servido, mas Bianca teve fome, então resolveu comer o Jamón dado por Jonay. Cortou algumas fatias e colocou-as na boca. Tinham um sabor distinto, que lembrava o presunto que comprava no Brasil, mas eram muito melhores.

–Fazendo uma boquinha? - Harry a surpreendeu, rindo. Ela assentiu. - O que está comendo?

–Jamón – ela respondeu, de boca cheia. - Jonay me deu de aniversário.

–Quem dá presunto de presente de aniversário?

–Me perguntei a mesma coisa ontem. Pegue um pedaço, é muito bom.

O garoto o fez e gostou do que provou.

–Sabe, podíamos fazer alguma coisa juntos hoje, algo como… um programa de trouxas.

–Podemos ir ao cinema -ela sugeriu.

Harry concordou, afinal nunca tinha ido ao cinema enquanto morava com os Dursley.

–Podemos até chamar Draco e Fred para irem conosco.

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A noite caia na Londres dos trouxas. Por ser sexta-feira, o cinema estava lotado. Fred, Harry, Draco e Bianca queriam ver um filme de terror que estava na moda, mas os quatro não queriam esperar na fila.

–Eu e Fred compramos os ingressos e vocês dois vão comprar a pipoca? - Bianca sugeriu.

O loiro e o moreno se afastaram da multidão e foram para a outra fila. Draco viu vários casais abraçados ao redor. Bem que eu e Harry podíamos ser como eles, o loiro pensou, suspirando.

–O que foi? - Harry perguntou.

–Inveja – respondeu com descaso.

–De quem?

–Deles – o rapaz fez um gesto vago.

–E por quê?

–Eu queria ser como eles, Harry. Abraçar a pessoa que amo sem medo do que vão pensar.

–Você devia começar a perder o medo da opinião alheia.

–Tudo bem. Harry, somos amigos há anos e já nos beijamos algumas vezes, mas nunca oficializamos a coisa. Eu queria saber…

–Um minuto Draco – Harry pediu, desconfortável. - Eu tenho de ir ao banheiro.