Durante a hora de almoço, Bianca e Fred se ignoraram mutuamente. Jorge, o gêmeo de Fred, perguntou para o irmão:

–Hey, aquela não é a sua garota?

–Ela não é a minha garota. Por Merlim, Jorge. Ela tem só onze anos.

–E você é dois anos mais velho que ela. Nossa, que grande barreira o destino colocou entre vocês.

–Cale esta boca, Jorge. Nós somos amigos, só isso.

O ruivo assentiu, brincando com o garfo e provocando o irmão. Fred suportou as piadinhas e espiava frequentemente Bianca, que olhava para ele também. O terceiro ano tinha mais duas aulas, mas o primeiro tinha a tarde livre.

Bianca foi para a biblioteca estudar sobre a Oclumência, mas não haviam livros sobre o assunto.

–Srta. Black – chamou madame Pince -, está procurando livros sobre Oclumência?

–Sim, senhora.

–Bem, pode seguir por aquele corredor – ela apontou uma passagem estreita entre duas estantes. - Não se esqueça de deixar o brasão da Grifinória à mostra.

A menina assentiu e ajeitou as vestes, expondo o brasão vermelho e dourado no meio do peito. Estranhamente, a passagem se alargou, espaço suficiente para ela passar. Nenhum dos outros alunos pareceu notar aquilo, então ela respirou fundo e adentrou a sala.

Haviam livros empoeirados – coisa que os livros da biblioteca anterior não eram – mas com assuntos mais “obscuros”. Em uma estante escondida, estava o título: O início da Oclumência. Ela o tomou e avançou, procurando uma mesa para sentar-se. Encontrou um enorme salão com cadeiras e mesas. No teto havia uma inscrição: Aqui os grifinórios se reúnem.

Era um lugar apenas para alunos da casa dela. Sentou-se em uma das cadeiras vermelhas com detalhes dourados que combinava com a mesa e abriu o livro, concentrando-se no texto. Faltando dez minutos para o jantar, Bianca colocou o livro de volta no lugar e saiu dali, acenando para madame Pince e indo para o salão principal.

A refeição se passou no flash. Comida, risadas, brincadeiras, até o prof. Snape lhe dirigiu um pequeno sorriso, indicando que a aula começaria logo. Depois que os pratos foram retirados, os alunos rapidamente foram para as salas comunais, deixando os corredores vazios, fáceis de serem atravessados pela dupla.

Severo havia escolhido uma sala peculiar para aquela aula. Era cheia de estantes altas e cadeiras.

–Seja bem-vinda à Sala Precisa – disse ele.

–Que tipo de lugar é este? - ela perguntou, encantada.

–O tipo de lugar que é o que precisar, quando precisar, mas apenas se for extremamente necessário – Severo usava um tom divertido.

Ela girou pela sala, contemplando as imensas dimensões da mesma.

–Senhorita? - Severo convidou com um sorriso estendendo os braços, girando com ela pelo enorme salão.

Foi valsando com Severo que Bianca descobriu o poder da Sala Precisa. Assim que deram o primeiro passo juntos, uma música suave encheu o salão. Valsaram mais duas músicas e se soltaram juntos, Severo dizendo:

–Temos que começar a aula, está bem?

Ela assentiu, com um grande sorriso.

–Muito bem, a Oclumência é a habilidade de bloquear a mente à entrada dos poderes de outros bruxos que usam a Legilimência. Vou começar ensinando a Oclumência. E você vai fazer isso imaginando sua mente bloqueada, se veja me impedindo de entrar na sua mente e ver o que você tem aí dentro.

Ela assentiu, sentando-se em uma cadeira e visualizando a mente trancada e vendo pequenos flashes de sua mãe com ela quando pequena, a morte da Elis, ela e seu pai na loja de varinhas, a seleção que a levou para a Grifinória.

–Bom, muito bom – Severo elogiou. - Não consegui ver nada. Treine bastante quando ninguém estiver tentando entrar na sua cabeça.

–Vai me ensinar Legilimência?

–Vamos com calma, certo? - ele riu. - Usar a Legilimência é muito cansativo. Nos vemos na semana que vem e se quiser um parceiro para praticar no fim de semana, seu pai é um ótimo Legitimente e não vai ficar bravo se souber que está estudando isso. Pode até ensinar ao Potter se quiser, só tome cuidado, não pode dar com a língua nos dentes, entende?

Ela assentiu e eles tomaram caminhos opostos. Por sorte, Hermione ainda estava no banho quando Bianca se jogou em sua cama.

–Hey Bia, de onde você saiu criatura?

–Lugar nenhum – a menina deu de ombros. - Agora é minha vez – e disparou em direção ao banheiro.

)))))

Quinta-feira, dois dias para voltar para casa, Bianca pensou ao despertar na manhã seguinte. Oi professor, se estiver aqui, eu só queria dizer “bom dia”.

Ela se arrumou e esperou que Hermione fizesse o mesmo até irem para a aula de Feitiços, onde aprenderam o Lumus. Bianca decidiu não ignorar mais Fred, afinal ele estava querendo ajudar.

–Bom dia Fred – disse ela na mesa do almoço. – Ou melhor, boa tarde.

–Oi Bianca – ele respondeu educadamente, mas temeroso. Afinal, ontem mesmo ela tinha ido dormir furiosa com ele, mas agora estava tentando concertar as coisas? Fred decidiu aceitar a tentativa dela. - Está tudo bem com você?

–Está. Não sonhei nada esta noite e… - a menina corou da cor dos cabelos dele – queria pedir desculpas por gritar com você ontem.

–Perdoada – o rapaz riu. - E aí, vai para a mansão Black este fim de semana?

–Vou – ela respondeu, feliz.

Fred mordeu a língua. Queria, mas não podia convidar Bianca para ir a sua casa. O que Percy ia pensar se soubesse que ele pretendia levar uma menina de onze anos para passar o fim de semana n'A Toca? Certo, Fred tinha apenas treze anos, e precisava lembrar-se disso constantemente, mas ainda assim, não soaria bem.

–Fred? Está tudo bem? - Bianca gesticulou a própria boca, limpando uma sujeira invisível no canto e Fred fez o mesmo com um guardanapo, observando a linha fina vermelha impressa ali. Ele mordera tão forte a ponto de cortar a língua.

–Está – ele falou, engasgando com o sangue.

–Fred! - Jorge exclamou ao ver o irmão tossir sangue.

Jorge arrancou o irmão da cadeira e correu para a ala hospitalar.

–O que aconteceu? O que eu perdi? - disse Rony, cuspindo comida de tão cheia que estava a boca.

–Seu irmão cortou a língua com os dentes – disse Harry. - Foi bizarro.

–Madame Pomfrey vai mandá-los de volta em um instante – disse Bianca. - Isso se ela não pensar que é uma brincadeira.

Os amigos riram e terminaram de comer. Bianca e Hermione fizeram as malas para irem pegar o trem logo que as aulas terminassem no dia segunte.

–Hey Bianca – disse Hermione -, acho que devíamos descer para a sala comunal.

–Tudo bem, já terminei aqui.

As duas desceram, dando de cara com os três Weasley. Jorge e Rony estavam brincando de “bobinho”, jogando um leão de pelúcia de um para o outro, impedindo que Fred o pegasse.

–Me dá isso – ele gritou, envergonhado ao ver Bianca na sala.

Jorge ergueu uma sobrancelha e passou a pelúcia para o gêmeo, que caminhou até Bianca, e vermelho como seus cabelos, gaguejou:

–Er… eu não poderei te proteger enquanto estiver no largo Grimmauld, mas queria te dar uma coisinha – ele estendeu o leãozinho e Bianca o apertou.

–Eu adorei, obrigada – e abraçou o amigo.

Fred tocou os cabelos da amiga e deu um sorriso cumpliscista.

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Sexta-feira, vou para casa depois do almoço, Bianca pensou saindo da cama.

Ela queria poder falar com o prof. Snape antes de ir, mas não tinha nenhum tempo livre nem aula de Poções. As aulas passaram na velocidade da luz e em segundos, ela, Harry, Rony e Hermione estavam na cabine indo para King's Cross. Rony e Hermione encontraram os pais assim que saíram do trem, e Bianca e Harry tiveram que procurar Sirius pela estação.

–Ele gosta de olhar os trens da passarela – disse Bianca. - Disse que foi ali em cima que conheceu minha mãe.

–Vamos procurá-lo lá em cima então.

Enquanto as crianças iam para a escada, um homem alto usando uma túnica preta os seguiu. Harry Potter e Bianca Black juntos, pensou ele. Deve ser meu dia de sorte.

Ele estendeu a mão com a varinha comprida e escura, similar a uma bengala, para os poucos trouxas ali presentes. Começou a murmurar o feitiço:

–Avada…

–Protego! - gritou Sirius, protegendo os meninos. - Estupefaça!

Puxando Bianca e Harry pelas mangas, ele saiu da estação e aparatou, chegando em segundos em casa.

–Pai… quem era aquele? - perguntou Bianca.

–Eu não sei, mas acho que era um dos homens de Voldemort.

–Voldemort tem homens? - perguntou Harry.

–Estão mais para um exército. Bianca, diga para Monstro preparar o quarto de Harry, preciso falar com ele a sós.

Bianca assentiu e saiu, sorrindo calmamente para Harry.

–Como sabe meu nome? - questionou o menino, ajeitando os óculos redondos no rosto.

–Era amigo de seus pais, e eles queriam que eu fosse seu padrinho quando nasceu, e eu aceitei.

–Você é meu padrinho? - Harry olhou para Sirius, os olhos brilhando de felicidade. Ele tinha alguém no mundo para ajudá-lo, e ainda por cima era bruxo e pai de Bianca.

–Sim… eu tentei impedir que te mandassem para seus tios trouxas, eu sabia como eles eram e como te tratariam, mas Dumbledore insistiu que seria melhor para você.

Harry sentiu uma momentânea pontada de raiva do diretor. Ele podia ter sido criado por e como um bruxo, mas fora sentenciado a uma vida de desprezo.

–Quem sabe, mais para a frente, eu possa morar aqui? - ele pediu.

–Sabe que eu deixaria sem hesitar, não sabe? - o menino assentiu. - Mas a casa dos seus tios tem algumas proteções especiais que a tornam o lugar ideal para você, e transferi-las para cá… eu precisaria convencer Dumbledore que posso cuidar de você antes, entende? Mas vamos fazer uma coisa, sempre que puder sair da escola aos finais de semana, pode vir para cá.

–Obrigado – Harry abraçou o padrinho.

Bianca e Harry passaram o resto do dia lendo na biblioteca da casa, que era bem abastecida, mas não se comparava à de Hogwarts ou à sessão secreta grifinória que Bianca descobriria. Posso contar para ele, pensou. Harry é grifinório.

–Hey, você sabia que a Grifinória tem uma sessão secreta na biblioteca? - ela perguntou.

Harry fechou o livro à sua frente e perguntou como ela descobriu. Bianca contou a história omitindo alguns detalhes – principalmente aqueles que incluíam Snape – e disse que o levaria lá quando voltassem para a escola.