Com o anel destruído, a dupla voltou para Hogwarts, e Dumbledore os aguardava.

–Professor – os dois cumprimentaram.

–Espero que tenham aproveitado o tempo que lhes dei.

–Aproveitamos – Bianca riu.

O diretor trocou um rápido olhar com Severo, e Bianca entendeu que tinha de sair dali. Seguiu para a Grifinória, precisava colocar as matérias em dia. Severo deu um suspiro afetado ao ficar sozinho com Dumbledore.

–Foi uma boa escolha – disse o homem. - Para os dois.

–Do que está falando? - Severo indagou.

–Começo a achar que a felicidade não está em pessoas ruivas, tanto para você quanto para ela.

–Você diz… Lily e Frederich?

O diretor ajeitou os óculos de meia-lua, sorrindo.

–Você não se apaixonou por ela só porque os cabelos eram vermelhos. Eu sei disso.

Severo deu um riso nervoso.

–Nem sei se estou apaixonado por ela, mas a amo, tenho certeza disso.

–Sabe que vão enfrentar alguns… preconceitos, não sabe? - Severo assentiu. - Mas vai valer a pena, você verá.

Severo voltou para a Sonserina, pensando o que aquilo significava. Dumbledore nunca dizia nada que não tivesse grande sentido, mas dessa vez, ele apenas dissera o que já se sabia. Estava claro que Bianca e Severo não seriam aceitos com facilidade.

Enquanto isso, Hermione ajudou Bianca a copiar as matérias que havia perdido, e Fred as encontrou na sala comunal.

–Bianca, podemos conversar? - pediu ele.

–Não temos nada a conversar, Frederich. Você foi bem claro quando disse que terminamos.

–É sobre isso que quero falar. Não era eu naquela noite, Bellatrix Lestrange usou Império em mim!

–Que história ridícula. Você quer mesmo que eu acredite que uma Comensal da Morte conseguiu entrar em Hogwarts e ainda por cima usar uma Maldição Imperdoável em você?

–Eu posso provar! Tenho as minhas lembranças!

–Tá bom Fred. Algum dia a gente vê isso, agora dá licença, eu tenho deveres para terminar.

Contrariado, o garoto abriu o livro de Herbologia e leu sem interesse algum.

*********

Quem quer que visse Severo e Bianca quando se encontravam nos corredores diria que eram apenas professor e aluna, afinal a amizade entre os dois não era segredo para ninguém, mas depois do jantar, a morena recebeu um bilhete peculiar.

Sala precisa, o mais rápido possível.

Severo.

Bianca julgou que ele precisasse muito de sua ajuda, então foi correndo até lá, mas quando chegou à sala, encontrou um cômodo perfeitamente arrumado, com flores e uma mesa de jantar disposta com bolos e sorvetes, dos sabores favoritos de Bianca.

–Sev? - ela chamou, maravilhada. - Você está aqui?

–Aqui, Bia – ele surgiu atrás dela. - Venha, vamos comer a sobremesa.

Ele puxou a cadeira para que ela se sentasse e serviram-se de bolo de chocolate. Conversaram amenidades até que Bianca teve a ideia de levantar o assunto de Frederich e pedir a opinião de Severo.

–Frederich me encontrou hoje a tarde e disse que foi obrigado por Bellatrix Lestrange a terminar comigo.

–Você não acreditou nisso, acreditou?

–Claro que não – ela pegou uma taça de sorvete. - Ele disse que podia provar, usando suas lembranças.

–Me parece improvável que um garoto como ele saiba modificar memórias, então dar uma chance a ele não custa nada.

Ela assentiu, pegando mais pudim.

*****************

Dumbledore pediu a Jonay para ir a sua sala, segundo o diretor pensava, o Sobrevivente devia ajudar a destruir as horcruxes de Voldemort. O rapaz usou uma adaga embebida em veneno de basilisco para perfurar o cálice dourado.

–Professor, que taça era essa?

–O cálice de Helga Hufflepuff, que continha um pedaço da alma de Lorde Voldemort.

–E porque eu precisei destruí-la?

–Porque Voldemort deve ser fragilizado antes de ser derrotado.

–Entendi professor.

*********

O pocionista andava de um lado a outro do escritório. Precisava ter certeza do que faria antes de chamar Bianca. A foto de Lily que ele guardava em sua caixa sagrada desde os dezessete anos fora tirada de sua clausura pela primeira vez desde que fora ali colocada.

–Você sempre me deu ótimos conselhos, Lily… o que devo fazer agora? Termino com Bianca ou continuo com ela? - um estalo lhe ocorreu. - É você, Lil! O problema sempre foi você. Todas as qualidades da Bia que me atraem são aquelas que você tinha. A culpa é toda sua, Lily Evans Potter!

–Xingar uma foto de minha mãe não vai adiantar, professor – disse Harry entrando na sala.

–Cale a boca Potter.

–Eu posso ajudar, se quiser.

–Você nem sabe do que se trata. Saia da minha sala, garoto petulante.

–Vai terminar com a Bianca, não vai? - Severo ergueu a sobrancelha. Como o garoto sabia que eles haviam começado um namoro, para início de conversa? - Não vou me meter entre vocês, só peço que seja gentil com ela.

–Serei – o professor garantiu. - Não sou tão insensível assim. Mas, antes… uma pergunta garoto. Como você sabe que nós estamos namorando?

–Bianca fala dormindo, e segundo Hermione Granger, Bianca sonhou que era torturada até contar que estava envolvida com o senhor – Severo perdeu a cor. - Não se preocupe, apenas nós quatro sabemos.

Severo assentiu curtamente e pediu a Harry que fosse buscar Bianca. Assim que a morena apareceu, o homem sentiu o ímpeto de ir até ela e abraçá-la, beijá-la, mas pensou que isso seria muita crueldade.

–Obrigada por vir, Bianca.

–Aconteceu alguma coisa, Sev? - ela questionou preocupada.

–Não, nada sério, mas digamos que não posso continuar com você.

–Porque?

–Eu sou um Comensal do Círculo Íntimo, e Voldemort me mataria se soubesse que estou namorando a garota que ele quer para si.

Bianca fitou seus sapatos. Realmente, a situação de Severo já era bem complicada sem ela como sua namorada. Ela assentiu, a postura rígida ao máximo. Severo fora muito brando com ela, e o mínimo que ela podia fazer por ele era sair dali sem parecer humilhada e arrasada, afinal, a discrição daquele namoro tinha de ser mantida até mesmo quando eles tinham terminado tudo, não?

Assentindo, a menina se despediu dele polidamente, como se ele não fosse nada mais do que seu professor e voltou para seu quarto.

–Bianca? - Fred chamou. - Se importa de olhar a Penseira agora?

O que importa agora?, ele pensou. Ele merece uma chance no fim das contas. Ela assentiu, mergulhando na Penseira que o ruivo lhe oferecia. Viu tudo desde o momento em que Bellatrix aplicou a Imperio no garoto até quando ela voltou para a cama, sem saber que tinha terminado o relacionamento.

–Certo Fred, me desculpe pelo que disse antes – mas acabei de sair de um relacionamento, não vou engatar outro tão já, ela quase disse, mas conseguiu se refrear.

Pelo canto do olho, ela viu que Harry “captara” seus pensamentos. O que aconteceria em seguida? Sorrindo, Fred a puxou para um beijo rápido. Ela correspondeu, mas o beijo só foi rápido porque ela o empurrou, separando-os.

–O que foi Bianca? - o rapaz perguntou. - Fiz algo que não gostou?

–Me beijou! Eu disse que te desculpava, isso não quer dizer que vou voltar com você!

Pisando duro, Bianca foi para o quarto, com o ruivo nos encalços. A jovem se esforçava para não puxar a varinha e azará-lo, ou pior. Bateu a porta de seu quarto com força, não se importando se teria machucado Fred ao fazê-lo.

Fred me beijou, escreveu em seu diário. À força. Depois de eu ter observado suas lembranças e constatado que realmente, a culpa é de Bellatrix, ele me puxou e me beijou. Simples assim.

Eu odiei isso, porque um pouco antes de nos encontrarmos, eu tinha terminado com Severo – ele disse que era muito perigoso continuar comigo, pois ele é do Círculo Íntimo, e “Voldemort me mataria se soubesse que estou namorando a garota que ele quer para si”, segundo palavras dele mesmo. Certo, Fred não tinha como saber disso, porque Severo e eu fomos muito discretos com nosso relacionamento, mas ele não tinha esse direito.

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–Porque ela ficou tão brava? - Fred perguntou, sentando-se no sofá ao lado de Jonay.

–Vai ver não gostou de ser agarrada – o garoto disse com obviedade.

–Você conhece Bianca, as coisas levam tempo com ela – Harry opinou.

–Mas eu provei que não foi minha culpa, e ela me desculpou! - o ruivo protestou.

–Fred, não é tão simples – disse Harry de novo. -Jonay, nos dá licença? Preciso falar com esse idiota a sós.

Jonay assentiu e saiu, enquanto o moreno se aproximava do ruivo e dizia a voz baixa:

–Vou dizer só uma vez e bem baixo, tá entendendo? - Fred assentiu. - Depois que ela sumiu, em algum momento, começou a namorar o senhor Seboso, mas eles terminaram hoje mais cedo. Ela está um pouquinho abalada, afinal, foi “dispensada” por dois caras em duas semanas. E nem pense em dizer a ela que te contei isso.

–Entendi – disse o ruivo. - Vou dar um tempo a ela. Se ela me quiser, estarei aqui.

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Sirius, Remus e todos os outros funcionários do ministério estavam reunidos. Cornélio Fudge os informara que ia oficializar a renúncia prometida a Sirius e Shacklebolt e eles deveriam escolher o próximo ministro. Todos os aurores – de longe a maioria – achavam que o próximo ministro da magia devia ser Sirius, mas ele estava indeciso. Gostava da ação, e ser ministro da magia parecia um cargo tão monótono… mas também exigia menos viagens e o salário era maior. Por outro lado, proteger Bianca vai ser muito mais difícil, afinal quando ela mais precisar de mim vai ser quando Voldemort retornar oficialmente, e então terei uma crise nas mãos e uma batalha dentro de casa. Genial.

Ligeiro como nunca, antes, Sirius pediu um tempo para pensar, dizendo que havia muito a ser avaliado.