Começava a chover forte e Bianca tentava encontrar uma posição confortável na cadeira. Quando enfim obteve sucesso, o sono não lhe veio. A porta do quarto se abriu, e Bianca pensou que fosse Severo, mas para a sua surpresa era Voldemort. Usava calça social preta e uma blusa de moletom marrom, e carregava uma sacola

–Atrapalho? - ele perguntou, gentil. Lembrava bastante o Tom jovem.

–Não, de forma nenhuma.

E então, ele deu um presente a ela. Um caderno. Era simples, mas Bianca podia imaginar um milhão de utilidades para ele. Voldemort saiu e o caderno se transformou em um diário.

Não sei que dia é hoje, mas enfim. Nem sei porque estou escrevendo nesse caderno se tudo está na minha cabeça, mas enfim, meu nome é Bianca Black e eu sou uma bruxa. Tenho treze anos e estudo na Escola de Hogwarts, na casa de Godric Gryffindor. Sou filha de Sirius Black – um bruxo puro-sangue – e Elis Wilker -uma trouxa. Tenho um padrasto, o nome dele é Remus Lupin – e não é o namorado da minha mãe, é do meu pai. Tenho um “irmão” - afilhado do meu pai -, Harry Potter, famoso por ter resistido a um Avada Kedavra. Meus melhores amigos são Fred Weasley e Draco Malfoy. Sou uma agente da O.F – a mais jovem da história – e já prestei vários serviços para eles. No primeiro ano, cuidei de Harry Potter. No segundo, usei poção polissuco para me passar por meu pai e ser sequestrada por Lorde Voldemort e recolher informações para Dumbledore – o líder da O.F. Esse ano, fui para a Espanha buscar Jonay Sanchez, um garoto que por algum motivo, é importante para o mundo bruxo. Recentemente, descobri uma profecia que diz que eu e o sobrevivente (Harry) enfrentaremos Voldemort e eu o derrotarei. Isso é estranho, porque pela terceira vez, me encontro sequestrada por Voldemort. E eu podia odiá-lo, como todos os bruxos do mundo fazem, porque ele causou muitos danos ao nosso mundo – incluindo matar os pais de Harry -, mas eu não sei… no ano passado, conheci uma “versão jovem” de Voldemort – chamada Tom Riddle – e nós ficamos. Já tive beijos melhores, mas não sei por que razão, o beijo de Tom ficou guardado em minha memória, como se fosse o primeiro. Já li sobre um distúrbio mental que ocorre em pessoas que ficam muito tempo em cárcere, chamado Síndrome de Estocolmo, em que o sequestrado se identifica emocionalmente com o sequestrador, muitas vezes tentando impedir que este seja preso quando as autoridades descobrem tudo, mas eu não posso passar por isso. Eu não posso estar me apaixonando por Lorde Voldemort. Por Merlim, ele é sessenta anos mais velho do que eu!

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Enquanto isso, em Hogwarts, Dumbledore e Jonay tinham a primeira aula particular.

–Sua história tem muitos mistérios, sr. Sanchez, mas antes que os desvende, terá de aprender os segredos de nosso mundo, a magia. Mas, para que aprenda a magia, precisará de uma varinha. Consegui algumas com um amigo.

Então Dumbledore ajudou Jonay a descobrir qual era sua varinha ideal – vinte centímetros e meio, salgueiro. E lhe ensinou seu primeiro feitiço, Wingardium Leviosa. Jonay mostrou ser um aluno aplicado, conquistando o afeto do professor.

Na Toca, Fred imaginava o que teria acontecido com sua Princesinha. Bebido um veneno mortal? Severo não colocaria veneno na bancada sabendo que seria Bianca a ser testada. Voltado para casa sem se despedir? Mais provável. Então, escreveu uma carta para ela.

Bianca, você está bem? Onde foi depois do tri-bruxo? Me diga pelo amor de Merlim que foi direto para casa. Estou preocupado.

A carta foi recebida por Harry, que com pena do amigo, escreveu-lhe uma resposta.

Fred, é o Harry novamente. Bianca desapareceu depois do tri-bruxo e não sabemos onde ela está – é claro. Sirius tem alguns indícios de que ela esteja com Ranhoso. Eu e Remus queremos que ele confie no que Ranhoso tem dito, mas meu padrinho é um pouco cabeça-dura no que diz respeito a Snape – ressentimentos antigos -, mas temos tentado. O professor me mandou uma carta, dizendo que Bianca não estará de volta a escola, até que Sirius encontre Voldemort.

A carta era simples, nem havia muito o que discutir. Bianca estava longe até segunda ordem. Fred passara o final de semana jogado no sofá, imaginando se Bianca estaria bem, se Severo estava cuidando dela – Sirius dissera que era a única coisa que Severo sabia fazer bem, cuidar de Bianca -, se ele poderia fazer algo para ajudar. Decidiu então, escrever para Sirius.

Sirius, aqui é Fred Weasley. Harry me contou o que aconteceu com Bianca – o que sabemos que aconteceu com ela, quero dizer. Não fique bravo com ele, qualquer um que soubesse o mínimo teria pensado nisso, estou escrevendo para dizer que se houver alguma coisa que possa ser feita para ajudar a trazê-la de volta, eu me disponho a ajudar.

Dali para a frente era contar com a sorte.

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Sirius recebeu a carta de Fred e logo lhe respondeu.

Fred, agradeço sua ajuda e sim, tem algo que pode fazer. Preciso que pressione o prof. Snape para que ele lhe diga o endereço exato onde Voldemort está – estou certo de que será fácil para você – e em seguida, me escreva imediatamente –isso é crucial, entendeu?

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Dumbledore dissera a todos que Bianca fora eliminada do tri-bruxo na primeira fase, e isso bastou para convencer os corvinos, lufanos e sonserinos – exceto Draco -, mas os grifinórios juraram ter ouvido o prof. Snape anunciar em alto e bom tom que Bianca tinha ingerido poção do Sono, então esperavam ansiosamente o dia em que sua campeã voltaria, mas a semana foi passando e as esperanças diminuindo, menos para Fred e Harry, que tinham acesso a mais detalhes do que a maioria.

Jonay continuava com as aulas particulares e progredia em um ritmo frenético. Dumbledore apostava que em dois meses, já teria se equiparado a um quartanista.

Segunda à tarde, o rapaz estava na biblioteca quando alguém colocou uma pilha alta de livros ao seu lado. Com uma esticada de pescoço, ele viu uma garota morena bonita, aparentava ter a idade de Bianca, de olhos chocolate, que lia compenetradamente com um lápis na orelha. Queria perguntar o nome dela, mas sua timidez o impediu.

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Com o sumiço de Bianca, Sirius adquiriria um péssimo hábito. Beber até cair, para em seguida, perder-se em suas lembranças. E Remus sabia que eram lembranças relacionadas a Bianca.

FLASHBACK ON

Bianca era um bebê de dois meses e meio. Pela primeira vez desde que Bianca nasceu, Elis saiu de casa por um período mais longo, cerca de uma semana, dizendo que precisava visitar sua família.

Na primeira tarde, Bianca começou a chorar descontroladamente. Era estranho, ela era tão quieta… então, para minha sorte ou azar, três figuras surgiram em minha porta. James, Remus e Peter. Deixei-os entrar, e eles começaram a rir de minha situação deplorável com uma menininha aos berros nos braços. Remus foi o que mais gargalhou. Tive o impulso de acertar-lhe um cascudo no rosto, mas era meio difícil, porque eu estava segurando Bianca.

–Me dá ela aqui Sirius, assim você pode bater nele – propôs James.

–Não, estou bem assim.

Por um milésimo de segundo, Remus cutucou o cotovelo de Peter, que fez um gesto delicado com a varinha. Eu comecei a andar em pequenos círculos pela sala, na esperança de que isso acalmasse Bianca, mas em um momento de distração, pisei em uma barra de sabonete que aparecera sei-lá-de-onde. Enquanto caía, acabei soltando Bianca, que alçou dois metros de voo e depois desceu tranquilamente até os braços de Remus.

–Pelo menos sabemos que ela é bruxa, com certeza -disse James, ajudando-me a levantar.

–Cale a boca – falei.

Então uma risada doce tomou o lugar do choro. Bianca estava rindo das caretas que Peter fazia para ela por trás do ombro de Remus. Meu cérebro lutava para entender o que se passara. Era óbvio que tudo não passava de uma cena de meus amigos para acalmar minha filha, mas pareceu-me que foi só Remus tomá-la nos braços que ela parou de chorar. Pareceu-me que se eu não tivesse caído, e mesmo assim, ele a tivesse pego, o choro teria parado.

Já se passaram treze anos, e eu ainda não entendi isso.

FLASHBACK OFF

–Sirius? - Remus chamou. - Está parado aí há horas.

–Estava pensando no dia da barra de sabão.

–Aquele dia foi ótimo – riu. - Escute, tem uma coisa que preciso te contar. Quando Bianca tinha cinco anos, eu namorei Elis para observar Bianca de perto. Passei a te escrever, contando como elas estavam. Era um plano tão bom…

–O que deu errado?

–Elis queria casar. Queria que eu fosse o pai de Bianca e eu não pude fazer isso. Eu não podia ocupar o seu lugar, entende? Então fui embora, mas apaguei a memória delas antes.

–Obrigado – Sirius o abraçou e beijou-o. - De verdade.