O objetivo de Fred tornou-se acalmar Bianca. Suas pegadinhas antes totalmente despropositais agora tinham o único propósito de fazer Bianca rir, e elas funcionavam, principalmente as que eram com Duda.

No fim da semana, a despedida dos dois foi um pouco dolorosa. Ele sabia que na segunda seguinte, Bianca colocaria sua estratégia em prática e então, o risco seria mais real do que nunca.

–Tome cuidado – ele pediu, quando o trem chegou a King's Cross.

–Eu sempre tomo – ela riu, beijando a bochecha.

–Boa sorte – ele lhe deu um selinho rápido e saíram do trem.

Bianca ficou na ponta dos pés para localizar Sirius, mas não o viu.

–Ele está ali – Fred apontou a direção para ela, rindo. - Espere, antes de ir, o que diabos nós somos? Amigos, namorados…?

–Os dois – ela respondeu, dando-lhe um último beijo e seguindo até o pai.

Minutos, horas, dias poderiam ter passado e Fred continuaria lá, parado, recordando o toque de Bianca e sua resposta. Amigos namorados.

Namorados.

–Hey Fred! - o rapaz ouviu Jorge chamá-lo. - Criou raízes, foi? Temos de ir!

Ele o seguiu, com a mente distante, pensando em Bianca.

*****

–Bianca? Filha? Você me ouviu?

–Hã? O que foi?

Sirius suspirou pesadamente enquanto dirigia.

–Ouviu alguma coisa do que eu disse?

–Ao que parece, não – ela disse irritada por ele ter interrompido seus devaneios a respeito de Fred. - De que falava?

–Perguntei como foi sua semana.

–Ah, tranquila.

Se você ignorar o fato de que Voldemort me perturba o sono à noite e planeja como sequestrar você durante o dia, a menina pensou. Pelo espelho, Bianca viu Harry secretar um sorriso no banco de trás.

–Qual a piada, Harry? - perguntou.

–Você está mentindo. Sua semana pode ter sido tudo, menos tranquila.

–De que está falando? - Sirius perguntou, interessado.

Não fale do sequestro, disse Bianca com os olhos. O moreno assentiu.

–Bianca e Fred brigaram por causa de Cedrico Diggory.

Bianca sentiu vontade de esmurrar o menino e em seguida torturá-lo infinitamente com Crucios. Sirius gargalhou e disse:

–A primeira discussão da minha filha com o namorado. Queria ter estado lá para ver isso.

–Não – disse Bianca. - Acredite, você não queria.

–Porque? - ele disse, manhoso. - Teria sido legal.

Bianca se cansou de discutir e ficou em silêncio até chegarem em casa. Cumprimentou Remus educadamente e foi com ele até a biblioteca.

–Explique porque me mandou aquela carta – ele pediu.

–Eu queria te mostrar o que sabia e em que pontos precisava de ajuda.

–Está bem, só saiba que sou um péssimo pocionista.

–Já tenho quem me ajude nessa parte, mas obrigada pelo apoio, Remus.

–Por nada. Eu faria tudo para ver seu pai bem.

–O que me lembra de perguntar… vocês estão juntos?

–Sim e não. Somos… amigos namorados, acho.

–Entendo... – Bianca tapou a boca com força.

–Entende? Como assim? Você está namorando e não me contou? Estou magoado – ele fez um biquinho e ela riu.

–Bom, eu não estou namorando nesse sentido, mas é que eu e Fred… sei lá. É tão complicado…

–O amor é complicado, Bia. Veja só você, armou praticamente uma estratégia de guerra para proteger o seu pai, da mesma forma que eu me dispus a te ajudar. Tudo isso por amor.

*************

Eram duas horas da manhã quando o despertador de Bianca tocou baixinho. Pelos cálculos que ela fizera, seu pai, que tinha o sono pesado, devia estar no décimo sono, o que tornaria fácil para ela pegar alguns fios de cabelo e voltar para a cama sem ser notada.

Na ponta dos pés, ela chegou ao quarto do pai, a varinha acesa encoberta pela blusa do pijama. Chegando lá, viu a cena mais fofa de toda a sua vida. Remus e Sirius dividindo a cama, abraçados.

Secretando um sorriso, ela se aproximou do pai e puxou um fio cacheado, guardando-o em um lenço dobrado. Colocou o lenço com todo o cuidado no malão e voltou para a cama, adormecendo com o leãozinho.

************

No sábado de manhã, Bianca recebeu uma carta de Severo. Não deixe seu pai ler isto, dizia o envelope.

Ingredientes para Polissuco

Hemeróbios

Sanguessuga

Descurainia

Sanguinária

Pó de chifre de bicórnio

Pele de ararambóia picada

Algo da pessoa em que se pretende transformar

Ps: sugiro que peça a Remus para forjar uma carta do Ministério mandando seu pai para a Espanha nos dias 3 e 4 de outubro.

Ps 2: Em anexo estão todos os ingredientes de que vai precisar (menos o último, isso você tem de pegar sozinha).

Ps 3: Por Merlim, menina, lembre de tomar cuidado e eu te amo (nunca se esqueça disso).

Severo Snape.

Ela guardou a carta no fundo do malão. Dali duas horas, chegou uma caixa pequena, com um bilhetinho: tome cuidado.

UM MÊS DEPOIS…

Antes de Bianca tomar a poção, ela e Remus se certificara, de que Sirius já havia aparatado para bem longe dali.

–Sob hipótese alguma você vai me defender, ouviu? - disse Bianca, enchendo o cálice.

–E você vai sem resistir?

–Sim. Lembre de levar Harry a King's Cross no domingo à tarde.

Remus assentiu, sorrindo preocupado. Bianca estava se voluntariando para enfrentar o Lorde das Trevas e estava preocupada com a probabilidade de Harry perder o trem para Hogwarts.

Bianca sentiu uma leve tontura, e em segundos, tinha os cachos curtos e estava bem mais alta. Remus acariciou os cabelos dela e saiu.

*******

Passava da meia-noite quando Regulus aparatou na sala de estar, a varinha em punho.

–Sirius, meu irmão. Você não mudou nada.

–Digo o mesmo de você – ela copiou perfeitamente a voz do pai.

Regulus executou uma série de feitiços não-verbais e a imobilizou. É claro que ele não faria barulho, a menina pensou. Com um Estupefaça final, Regulus levou Bianca para o covil de Você-Sabe-Quem. Pouco a pouco, ela despertou, mas não abriu os olhos.

–Muito bem Regulus, você conseguiu. Nada que um Império não resolva – elogiou o Lorde das Trevas.

Com um olho entreaberto, ela viu que estavam reunidos Bellatrix, Severo e um loiro gordo com feições de rato.

–Encontrei Bianca Black! Encontrei Bianca Black! - festejou Bellatrix. Sirius perderia a linha nessa hora, pensou Bianca.

–Deixe minha filha em paz! - gritou.

–Vou matar Sirius Black! Vou matar Sirius Black! - a mulher continuou caçoando, a varinha levantada.

–Cale a boca, Bellatrix – mandou o Lorde.- Se apontar a varinha para ele de novo, azaro você.

–Mas… - Bellatrix choramingou – porque precisamos dele vivo, Mestre?

–Ele sabe onde está a menina. Você não. Agora diga, Sirius, onde está sua filha?

–Acha mesmo que vou contar? - ela deu uma risadinha.

–CRUCIO! - gritou Voldemort.

Foi uma longa noite regada a Cruciatus.