Sirius' daughter escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 112
Lady of the night




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O dono do apartamento era o próprio Florean, que os acompanhou até o apartamento. O síndico lembrava muito Argus Filch, mal humorado e maldoso, mas este cumprimentou Florean de maneira educada.

A porta do apartamento estava emperrada, e foi necessário o esforço de Harry, Florean e Draco para abri-la. Entraram em uma sala de estar, com um conjunto de sofás vermelhos, paredes creme desbotadas, uma lareira, uma televisão velha e algumas estantes.

Havia também a porta da sacada, onde Bianca pensou em criar um jardim, obtendo apoio de Florean. “Se criar flores para vender, compro alguns arranjos”. Passaram para um quarto, azul bebê com uma beliche, dois guarda-roupas, uma escrivaninha e vista para o campus da U.M.

Seguindo pelo corredor, havia o pequeno banheiro, que os quatro teriam de dividir. Depois um quarto amarelo, com duas camas, móveis genéricos como os do quarto anterior e vista para a rua oposta a U.M. Por último, a cozinha. Os equipamentos e a pia estavam em bom estado, mas as cadeiras e a mesa precisavam de conserto.

—Ficamos com ele – disse Bianca, sorrindo.

****

—Vamos comemorar? - propôs Fred. - Cerveja amanteigada? Ou preferem algo mais forte, tipo Uísque de Fogo?

Harry e Draco logo concordaram, e não foi difícil convencer Bianca a acompanhá-los. Foram ao Três Vassouras, pediram as bebidas e sentaram em uma mesa afastada dos poucos clientes que restavam no lugar. Fizeram algumas piadas sobre o fato de já quase terem morrido juntos, e agora iam dividir um apartamento.

Fred criou coragem e tirou do bolso uma caixinha, que tinha um monograma bordado. Bianca de imediato reconheceu suas iniciais, e Draco e Harry trocaram risinhos. O ruivo tamborilava na mesa de madeira escura, tenso.

—Você fez sua cama – disse ela, apontando para a caixa – agora tire seu cochilo.

Ele respirou fundo, diante do incentivo dela e dos olhos ávidos dos amigos com quem ele compartilhava alegrias e tragédias.

—Essa já é a minha terceira tentativa, que Merlim me ajude – murmurou.- Bianca, eu sei que da primeira vez não deu certo e que a segunda foi mais… um acordo do que um pedido, então… quer casar comigo, Bianca?

Com um gritinho excitado, Bianca deixou que Fred colocasse o anel em seu dedo. Draco e Harry se autodeclararam padrinhos, e desejaram as devidas felicidades. Beberam diversas taças, rindo e brincando. Foi então que encarando seu próprio anel de noivado, Bianca lembrou-se que Sirius e Remus estavam noivos havia quase um ano, e ela, como filha, tinha que ajudá-los.

Até que as aulas começassem havia um prazo de alguns meses, tempo o bastante para organizar um casamento. Fred deixou-a na porta do largo com um último beijo em sua testa. Não era muito tarde, embora Sirius e Remus já estivessem lutando para que Teddy fosse dormir, o que causou risos a Bianca.

—Só vou quando ela chegar – choramingou o menino. - Por favor!

—Ela chegou – Sirius apontou para a garota, que ria, encostada ao batente.

Teddy gemeu, triste, mas seguiu a irmã escada acima. Bianca pediu a Monstro que trouxesse o leite com chocolate e biscoitos de Teddy e despediu-se do irmão com um beijo na bochecha.

—Espera – pediu ele –, pode me contar uma história? Como os trouxas fazem?

Por que não?, ela pensou, sorrindo e sentando-se ao seu lado na cama.

—O que quer ouvir?

—A sua história.

—Tá bom – ela riu, se divertindo. - Era uma vez um rei, que se apaixonou por uma plebeia. Eles tiveram uma linda princesinha, mas a plebeia não era uma boa pessoa. Ela levou a princesinha embora, e o rei não a viu mais por muito, muito tempo – Teddy suspirou e arregalou os olhos, surpreso. - Mas passados onze anos, a princesa encontrou seu pai, e entrou em uma escola para crianças especiais, como ela.

“Lá, ela conheceu grandes amigos, e conheceu a si mesma. Descobriu que além da magia, ela tinha outra habilidade especial: o amor. Ela amava seus pais e amigos, e era amada por eles também. E esse amor tinha de ser disciplinado, se não ela amaria todos ao seu redor, e isso atrapalharia seu julgamento. Ela conseguiu. Com a ajuda de seus amigos, venceu coisas que só ela poderia fazer, e conquistou a felicidade.”

—Boa noite querido – ela lhe deu um beijo na testa.

Ela deixou o quarto e seguiu para o próprio. Teria de começar a preparar a mudança em breve. Sentou-se no peitoril de sua janela, e balançou as pernas do lado de fora, sentindo o vento frio arrepiar sua pele.

Bianca sentia-se livre, como se pudesse pular do segundo andar da casa e não se ferir. Respirou o perfume gelado da brisa da primavera, de olhos fechados. Ela se levantou, ficando totalmente para fora da casa, rindo quase loucamente. Deu um passo para frente, como se pretendesse pular.

O que diabos você está fazendo?, perguntou sua consciência. Não pule. Talvez fosse o álcool, levando-a a fazer coisas estúpidas, como acontecera no sexto ano, após a vitória da Grifinória sobre a Sonserina no quadribol.

Ela soprou, os lábios entreabertos, e pôde sentir o álcool em seu hálito. O “perfume gelado da brisa da primavera” na verdade era seu próprio hálito. É, Uísque de Fogo tem um cheiro bom, ela pensou, rindo. Mas havia um aroma extra no ar. Uma flor, talvez. Era um aroma envolvente, que parecia guiá-la cada vez mais para a beirada, em direção ao chão, em queda eminente.

Venha para mim, sibilava o doce cheiro. Ela tinha a intenção de ir em frente, mas alguém a segurou, puxando suas pernas. Era Sirius, abraçando-a com as sobrancelhas franzidas.

—Ficou louca? Que diabos fazia lá? Tentava se matar de novo?

Ela não respondeu, apenas o puxou para a janela, questionando:

—Você sente o cheiro da flor?

—Não. Do que está falando?

—Tem… um cheiro… é de dama da noite. Conheço essa flor.

—Você saiu pra beber, não foi? - ela assentiu, a cabeça pensa. - Dezessete anos e não sabe ficar bêbada direito. Tem certeza que é minha filha? - ele riu, deitando-a na cama.

Sirius a deixou dormindo, com um anel no dedo e um doce perfume no nariz. O homem voltou para o quarto que dividia com Remus e sentou-se na cama, suspirando cansado.

—O que foi? - perguntou Remus, saindo da suíte. - O que ela tem?

—Resumindo, ela saiu para beber com os garotos. Nada demais, mas quase pulou da janela e tagarelou sobre flores… um cheiro na janela.

—Dama da noite? - Remus conjecturou, erguendo as sobrancelhas.

Sirius assentiu, perguntando o que tinha a ver. Assumindo a postura de aluno sabe-tudo querendo impressionar um professor, Remus explicou que damas da noite eram flores noturnas, que só exalavam seu perfume à noite. Podiam ser usadas para atrair animais em caçadas, mas nada disso se aplicava a Bianca.

—A menos… que alguém estivesse usando as flores para seduzir Bianca, convencê-la a pular – disse o lobisomem, pensativo. - Por que e quem faria isso?

—Eu não quero pensar nisso agora, sinceramente. Amanhã ela estará de ressaca.

Enquanto as luzes do largo se apagavam, um jovem descia a rua, carregando uma cesta de flores brancas, que enchiam a rua com seu perfume. Damas da noite.


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