Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 5
Quando Nymphadora foi para Hogwarts




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Hogwarts foi o melhor lugar que eu conheci em toda a minha vida.

Cada detalhe, cada segundo, era tudo indescritível. Mas ainda assim eu fazia meu melhor enquanto tentava explicar o quão incrível era o local. Eu contava sobre as aulas, sobre os quadros, sobre as escadas, sobre Dumbledore, sobre o Salgueiro Lutador...

— Não estamos interessados nisso. — Nymphadora estava extremamente irritante naquele verão, e mudada. Ela havia esticado, mas ainda assim estava menor que eu, e também estava menos rechonchuda, havia aprendido a respirar antes de falar e diminuído a gagueira significamente. Após tanto tempo sem minha presença, eu tive que reconquistar sua confiança, algo que eu tinha desaprendido. Entretanto, como minha mãe diz, eu sempre fui uma criança paciente e calma, e mesmo Nymphadora me tirando do sério, eu conseguia me controlar e respirar fundo, dando-lhe respostas educadas.

Mas dessa vez eu nem precisei responder.

— Eu estou, Dora. — interviu Audrey, cuidadosa.

Talvez, naquela época, eu tenha montado uma imagem maldosa de Nymphadora, mas eu não posso culpa-la. Ela era uma criança muito empolgada e agitada, um pouco maldosa e mandona, mas era por sua pouca convivência com outras crianças. Eu me lembro do quão irritado eu ficava com ela o tempo inteiro, mas eu não consigo me lembrar de um momento sequer em que eu não estivesse me divertindo com ela.

— Já vamos para lá daqui há uns meses, não tem porque ficarmos ouvindo o quão divertido foi e quantos amigos, nhe, nhe...

Ela não olhou-me enquanto falava, apenas ficou arrancando a grama, extremamente irritada. Então, de repente, na nossa frente, seu cabelo louro acastanhado simplesmente mudou bruscamente para um vermelho fogo, fazendo Audrey e Charles gritar. Eu fiquei tão apavorado que fui para trás, mas a voz em minha garganta não saiu.

— Não... — gemeu ela, nos olhando, apavorada.

— SEU CABELO! — berrou Audrey, levantando-se, desengonçada, indo para longe de Nymphadora.

A garota levantou-se com o cabelo praticamente em chamas de tão vermelho, a ponto de chorar, e saiu correndo em direção de sua casa. Eu estava chocado demais até mesmo para falar alguma coisa ou pensar em algo. Audrey sentou-se novamente e nós três chegamos a conclusão que foi uma manifestação bruxa, era normal nós fazermos isso quando somos bem mais novos. Mas conforme envelhecemos, raramente fazemos coisas sem as varinhas, é quase impossível. Sentimos remorso por termos assustado Dora.

Esperamos ela aparecer no parque no dia seguinte, mas nada. O dia inteiro.

No terceiro dia ficamos preocupados e fomos bater em sua casa em busca de respostas. Sua mãe nos recebeu abrindo apenas a porta principal, e não a tela.

— Olá meninos. — sorriu ela enquanto Charlie tentava ver através da Senhora Tonks.

— Podemos falar com Dora? — sorriu Audrey.

— Ah, meu amor, perdão, mas Dora está doente. Ela não vai sair para brincar durante um tempo.

Nymphadora não saiu de casa mais para brincar conosco. As vezes a víamos com a mãe indo ao mercado ou ajudando-a a cuidar do jardim, mas ela se negava a falar conosco e sempre que pensávamos em ir falar com ela, a garota lançava um olhar assassino em nossa direção, visivelmente magoada por termos nos assustado com ela.

Setembro estava chegando e eu já tinha aceitado o fato que não iria apresentar Dora a meus amigos e provavelmente não torceria para que ela caísse da Grifinória. Um dia, poucas semanas antes de irmos para Hogwarts, Charlie, Audrey e eu estávamos nos pendurando no trepa-trepa quando o pai de Tonks apareceu:

— Eu adorava isso quando eu era do tamanho de vocês! — comentou ele, sempre muito sorridente. — Ansiosos para Hogwarts?

— Muito, muitíssimo, eu já arrumei minha mala quatro vezes! — respondeu Audrey, soltando uma barra de ferro e caindo na grama, ajeitando seu cabelo castanho rapidamente.

— Eu já comprei todos os meus materiais, vou cair na mesma casa que Bill, Grifinória! — disse Charlie, ainda pendurado.

Continuei pulando de barra em barra, mas o senhor Tonks parecia esperar eu falar algo, então eu soltei a barra e limpei minhas mãos, desconfortável.

— Sim, estou bem animado. — comentei, nada animado.

— Gostaria que Dora também estivesse. — ele continuou olhando-me de uma forma estranha. Não parecia me acusar, mas parecia querer falar algo com os olhos, o que me deixou mais desconfortável ainda. Audrey limpou a garganta, meio que levantando a mão para chamar a atenção do homem.

— Dora ainda está doente?

— Na verdade, Audrey, Dora está envergonhada, ela exige muito de si mesma. — ele colocou as mãos no bolso, e apesar de aparentar jovem, seu olhar parecia de um homem de meia idade. Ele ficou em silêncio, parecendo pensar em como falar. — Como vocês viram, Dora é metamorfomaga, como eu.

— Quê isso? — questionou Charlie.

— Bem, é uma pessoa com o dom de transfiguração.

— Isso é uma matéria em Hogwarts... — comentei.

— Você está certo, Bill. Provavelmente ela vai ser ótima nessa matéria. — riu ele. — Os metamorfomagos podem transformar partes distintas de seu corpo separadamente, e não precisam mudá-lo totalmente, podendo assim transformar a aparência de uma parte do rosto para outra, sem que o corpo todo sofra alterações... Também podem mudar sua idade, e as cores de seu cabelo, pele entre outros.

— Então ela é tipo a Mistica de X-Men? — perguntou Audrey, visivelmente confusa.

— Hummm, eu não faço ideia de quem essa seja, não sei muito sobre cultura trouxa. Enfim, eu só queria que vocês fossem compreensivos com Dora, ela se sente muito mal por não conseguir ‘controlar’ seu dom.

Ficamos devastados.

Na verdade, foi só assim que eu notei que Dora era uma pessoa com sentimentos e que não havia só maldade em seu coraçãozinho. No 1 de Setembro, eu estava com toda a minha família na Estação, mais a de Audrey. Procuramos por Nymphadora, mas não vimos em lugar nenhum. Chegou a hora da despedida e Charlie chorou, e claro que eu o zoei por toda a viagem. Apresentei os dois para meu amigo Joe.

Joe Jordan era o cara mais engraçado que eu já conheci na vida, apesar dele ser meio impulsivo demais, vive fazendo burrices o que lhe dá detenções eternas. Também tinha Louise Spinnet, que adorava falar sobre músicas e vivia dando miçangas para as pessoas, e quando não estava distribuindo miçangas, estava fazendo miçangas.

Quando chegamos em Hogwarts Audrey começou a chorar e algumas pessoas riram dela, eu também queria rir, mas tentei ser cavalheiro e segurei-me, consolando-a. Seguimos de barco sem eles, pois os primeiranistas se separavam de nós por conta da Seleção. Em todo esse trajeto eu não vi Nymphadora Tonks em lugar nenhum. Audrey finalmente foi chamada e o Chapéu riu um pouco quando encostou em sua cabeça, sussurrou algo para ela e então berrou:

— CORVINAL!

Eu aplaudi, um pouco triste por ela não ter ido para a Grifinória, mas Corvinal é a casa mais inteligente de Hogwarts. Ela correu para a mesa decorada de azul, nervosa, mas sorridente. Mais algumas pessoas da letra S foram chamadas, inclusive o irmão de Louise, Nicholas Spinnet, e ele foi selecionado para a Lufa-Lufa.

— Tonks, Nymphadora.

Ninguém riu, mas Dora estava tão nervosa que seu cabelo estava em um azul gelo gritante. Estavam todos chocados demais para rir ou falar de algo que não fosse seu cabelo. Meu coração ameaçava sair da boca, eu nunca fiquei tão nervoso antes, na verdade, só na vez que Charlie caiu do balanço e bateu a cabeça enquanto estava nos meus cuidados. Parecia que o tempo havia parado enquanto o Chapéu pensava, mas então disse:

— LUFA-LUFA.

Nem acreditei, eu estava decepcionado demais para aplaudir. Eu realmente pensei que ela poderia ter ido para a Grifinória. Eu me virava de segundo em segundo para conferir se ela ainda estava na mesa da Lufa Lufa, mas todos estavam extremamente entretidos conversando com ela, todos interessados em seu cabelo azul vibrante, que aos poucos ficava com algumas pontas rosas, se transformando.

Charlie foi para a Grifinória e eu respirei mais tranquilo. Durante o jantar eu me levantei e fui até a mesa da Lufa Lufa, apertando o ombro de Dora:

— Você foi para uma das casas mais legais! — comentei. Ela virou-se para mim e sorriu lentamente, parecendo tímida. Nem acreditei que ela tinha vergonha na cara. Mas era estranho nos falarmos após tanto tempo.

— Eu vi. — disse ela. A conversa foi essa. Não falei muito com Nymphadora novamente até o meu quinto ano, que foi o seu quarto ano, mas eu ouvi muitas coisas sobre ela, acredite. E em vários momentos tivemos nossos amigos ligados, por mais que não nos falássemos. Eu até queria falar com ela, mas ambos estávamos passando pela estranha fase da adolescência.

Ela andava pelos corredores com o cabelo cor de rosa ao lado de uma garota loura, já que Audrey também fora deixada de lado por um tempo, mas foi apenas por um tempo.

Essa garota loura se chama Franchesca Diggory...

E foi a maior desgraça que já aconteceu a Nymphadora.


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Notas finais do capítulo

Eu acho que o Nyah devia ter um sistema de chat semelhante ao facebook, ou até mesmo do e-mail, porque a interação autor-leitor é muito rasa, muito superficial. As vezes eu quero falar muito mais do que posso escrever aqui nessas notas ou em uma resposta de um review, sobre outros assuntos, ainda mais em um local tão rico de cultura como aqui, vários títulos, muita coisa pra conversar!

Fiquem a vontade para me mandar uma mensagem, eu sempre demoro, mas respondo sem falta!

Beijos