Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 2
Quando Nymphadora entendeu a Guerra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652587/chapter/2

— Eu vou ser Você-Sabe-Quem. — decidiu ela, cobrindo-se com o xalé preto de sua mãe. Apontou para mim, decidida. — Você pode ser Dumbledore de novo.

— Mas eu quero ser Dumbledore... — choramingou Audrey.

No verão nós gostávamos de jogar bola, brincar no lago não muito longe do parquinho, mas sempre com a supervisão da mãe de Audrey ou simplesmente atuar. Como as outras crianças da vizinhança eram mais novas ou mais velhas, não dava muito certo nos juntarmos a elas pois eram sempre brincadeiras chatas e eles sempre se machucavam quando brincavam conosco. E os adolescentes que já frequentavam Hogwarts eram irritantes demais para falar conosco.

Gostávamos de interpretar alguns filmes como, “O Alquimista”, onde a cena de perseguição era a melhor e mais empolgante, ou brincar de Guerra 1 ou 2, brincávamos mais sobre a segunda do que sobre a primeira, pois era a que conhecíamos melhor.

— Eu sou o Auror Moody! — sorriu Charlie, amarrando um lenço ao redor de sua cabeça e ajustando para que tapasse seu olho esquerdo. Então apoiou-se em um galho grosso, fingindo-se de sério.

— Audrey, você precisa ser a Senhora Potter de novo. — decidiu Nymphadora.

— Mas eu sempre sou a Senhora Potter! — Audrey parecia muito, muito, muito triste. — E você sempre joga meu neném muito longe na batalha, olhe só o que você fez com o rosto da Mimi Rose, arranhou seu rostinho...

— Ai, tanto faz! — Nymphadora empurrou o rosto da boneca, magoando Audrey mais ainda, que encheu seus olhos de lágrimas. Senti-me incomodado.

— Tome, eu deixo você ser Dumbledore. — dei-lhe o xalé branco da mãe de Dora. Nymphadora arregalou os olhos, pronta para contestar.

— Não, você não pode trocar, Audrey mal sabe falar feitiços! — Audrey novamente encheu seus olhos com lágrimas, visivelmente ofendida, o que fez Nymphadora arrepender-se de sua boca grande. Sorriu torto para a amiga, meio envergonhada. — Estou brincando... Mas você precisa agir como Dumbledore, ok?

— Ok! — Audrey jogou sua boneca em meus braços e colocou sua florzinha vermelha atrás de minha orelha. — Você precisa fazer o choro do bebê Harry, ok?

— Tá...

A cena sempre começava com Nymphadora entrando no parquinho desconfiada, apontando seu graveto para todos os cantos, obscura, escondendo-se através do xalé, deixando apenas os olhos visíveis. Então tentava engrossar sua voz aguda:

— Onde será que está aquele bebê... É bom que se esconda, pois vou mata-lo assim que encontra-lo!!! — Então Charles entrava em ação enquanto eu me escondia atrás de uma árvore, imitando o barulho extremamente irritante de um bebê.

— Você não vai encostar na Senhora Portas...

— Potter. — corrigiu Dora, baixinho.

— Potter, Você-Sabe-Quem! Pxuuuu! Shhhpauu! — Charlie e Nymphadora começavam uma barulheira tremenda apontando seus galhos um para o outro em fortes emoções, era realmente empolgante. Se Charlie se saísse bem, Nymphadora mudava completamente o enredo e caia morta, iniciando um monologo de trinta minutos pré morte, explicando seus motivos. Ela era extremamente criativa, era sempre algo diferente.

— PSPLOOOOSH! — E Charlie caiu morto. Nymphadora deu uma gargalhada e avançou mais um pouco pelo parque, encontrando Audrey, curvada, fazendo uma voz fraca e rouca:

— Ahhh, Lord das Trevas, você é um tolo em ter matado Alan.

Alastor!

— Alastor, aaah, muito tolooo, ainda há...

— O que vocês estão fazendo? — nos viramos, assustados pela voz adulta. O homem alto tinha o cabelo castanho, mas também de forma estranha, como a de Nymphadora. Ele era semelhante a ela, mas não haviam quase nada em comum além de sardas. Ele usava uma roupa descontraída, diferente dos outros homens da vizinhança.

— Brincando, papai. — arregalei os olhos. Eu nunca tinha visto nenhum familiar de Nymphadora em um mês que ela vivia ali. E ela continuava imunda após a pausa do almoço, sendo que todos nós voltávamos relativamente limpos pois nossos pais nos forçavam a tomar banho.

— De que? Pode especificar para mim?

— É... Ai.... É que, ai não é melhor, ai, eu... Olha...

— Respire... Lembre-se do que o médico disse. — Médico? Olhei para Nymphadora, me sentindo mal por não saber muito sobre ele. Me perguntei que tipo de problema ela tinha.

— Nós estávamos brincando de Você-Sabe-Quem mata o bebê Potter. — disse Charles, fazendo eu me levantar instintivamente e de forma que eu me envergonhei depois, eu meio que fui para frente com muita petulância, como se fosse impedir o senhor Tonks de falar qualquer coisa contra ele. Coisas de irmãos mais velhos adquiridas de formas nada espontâneas.

Mas o pai de Dora apenas coçou a cabeça e olhou ao redor, voltando a nos olhar.

— Que tal um lanche? — sorriu ele. Então ele olhou-me, como se eu precisasse de mais que um convite para comer. — Andie é a melhor fazedora de sanduíches que você vai conhecer.

— Mamãe é a melhor. — retrucou Charlie.

— Cala a boca e vamos! — disse Nymphadora, tirando seu xalé.

— Dora... — alertou o homem, fazendo-a enrubescer. Nós tiramos nossas ‘fantasias’ e seguimos o pai de Nymphadora. Era engraçado o quão tensa ela estava, mesmo com seu pai parecendo um cara bem legal. Sua casa parecia um lugar bem acolhedor, semelhante a minha casa, só que bem mais espaçosa e organizada. O homem deixou sua bolsa em cima da mesa enquanto Dora nos empurrava em direção do sofá. Observei ele beijar e sussurrar algo em uma mulher que era a suposta Andie. Ela tinha umas feições um pouco intimidadoras, mas parecia ser uma boa pessoa. Dora estava roendo as unhas desesperadamente quando seu pai aproximou-se de nós, sentando-se ao lado de Audrey, que acariciava Mimi Rose em seu colo.

— Dora, você sabe que não pode brincar de Você-Sabe-Quem mata o bebê Potter, já conversamos sobre isso. — Charlie apertou minha mão e olhou-me rapidamente, mas eu apertei de volta para que ele ficasse quieto.

— Ele me obrigou! — acusou Nymphadora, apontando para mim. Arregalei os olhos, completamente chocado, sentindo-me traído. O homem riu.

— Ambos sabemos que isso é mentira, Dora. Assuma sua culpa.

— Com licença, isso que Dora disse é mentira, eu...

— Eu sei disso, Bill. — sorriu o homem e eu assustei-me por ele saber meu nome. — Bill Weasley, certo? Dora fala muito sobre você. E eu estava em Hogwarts quando sua mãe era monitora chefe. Você se parece muito com ela.

Senti minhas orelhas pegarem fogo, sentindo um misto de vergonha e orgulho. Ele focou seus olhos castanhos para Dora, que ainda estava quase roxa de culpa.

— Garotos, o que aconteceu com a família Potter foi algo muito triste para vocês brincarem disso. Eu já expliquei para Dora, mas pelo jeito ela não entendeu muito bem.

— O que aconteceu com eles, tio Ted? — perguntou Audrey. Constatei que o nome dele era Ted Tonks.

— Coisas horríveis, Audrey. — a voz forte e impactante era de uma mulher, que apareceu com uma bandeja de sanduíches, ela olhava Nymphadora de forma extremamente irritada, o que fez a garota desviar o olhar, coçando-se toda e roendo as unhas, nervosa. — Os Potter sofreram demais para que vocês ficassem rindo deles.

— Onde está o bebê Potter? — perguntou Charlie, enfiando um sanduíche na boca. Belisquei sua coxa, envergonhado. Mamãe era muito clara quando nos mandava rejeitar comida na casa dos outros e sempre comer muito pouco, pouquíssimo. Não queria que ninguém pensasse que éramos mortos de fome.

Andie e Ted se entreolharam quando Dora simplesmente disse:

— Está sendo sugado por Você-Sabe-Quem na casa dos Nott, no fim da rua! — então tapou sua boca, como se tivesse fugido de seu controle.

— Ok, chega, você vai tomar banho agora mesmo! — ordenou a Senhora Tonks, irritada. Aquela foi a primeira vez que eu vi Nymphadora tomar uma bronca dos pais, o que não era nada raro. Antes de conhece-los, eu pensava que ela era uma criança mendiga que nem as crianças que vagam no centro de Londres, ou alguém pobre, como eu, afinal, ela estava sempre com as roupas sujas e com o cabelo parecendo um ninho de rato, mas pelo jeito a convivência com Nymphadora dentro de uma casa era pior que fora dela.

Quando ela desceu após seu banho, parecia outra criança sem aquela camada de sujeira, roupas limpas e cabelo penteado.

— Onde está seus cachinhos verdes? — sorriu Andie Tonks. Nós todos nos entreolhamos, não entendendo nada, e Nymphadora olhou para seus pés, parecendo incomodada. Então Ted e Andie se entreolharam, receosos.

— Hora de ir para casa, crianças. — sorriu Ted Tonks.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olááááá,

O que estão achando? Meus personagens secundários ainda não apareceram :'(, apenas Audrey, que é sonsinha assim, mas é um amor, inclusive, já saiu os personagens!!!!

Personagens: http://2.bp.blogspot.com/-m16l_k_HwHs/Vh1X5F_TeRI/AAAAAAAABI4/6bYfTzFeUPk/s1600/yas%2Bmama.jpg

O Acb é uma surpresa a parte que estou guardando para vocês, mas a pista que eu dou é que Ron comenta que Bill trocava cartas com um garoto de um escola do Brasil... ENFIM hahahahah

Espero que estejam gostando!