Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 12
Quando Nymphadora machucou o braço




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652587/chapter/12

— E agora que eu quero falar para Louise que eu gosto dela...

— Você gosta da Louise? — indagou Charlie, terminando de colocar o sapatinho em Ronald. Uni as sobrancelhas, tentando ver se ele estava se fazendo de idiota.

— Sim... Eu sempre gostei.

— Sério? Eu pensei que gostasse de Dora.

— QUÊ? — eu até me engasguei! — Eu... Como assim? Isso é impossível, por que pensaria algo assim?

— Todo mundo acha que você curte a Dora. — arregalei os olhos, quase deixando Ginny cair de meu colo.

O quê? — minha voz até falhou. Charlie foi só a porta do mundo paralelo em que todos que eu conhecia viviam e nesse mundo paralelo, todos achavam que eu gostava de Nymphadora. Eu não faço ideia de onde eles tinham tirado isso, mas todo mundo, eu digo todo mundo, achava que eu gostava dela. Eu mal conseguia conversar por mais de cinco minutos com a garota sem ter um AVC, por que alguém em sã consciência acharia isso?

Eu quase fiquei louco durante as férias, eu não conseguia parar de perguntar os motivos para todos que eu conhecia.

— Vocês estão sempre brigando! — justificou Audrey. — Minha mãe diz que ela brigava muito com papai antes de se casar com ele. E faz sentido. Os opostos se atraem, certo?

— Isso não tem o menor sentido! — retruquei, irritado. Eu não queria aceitar aquilo, eu não queria que pensassem que eu sentia algo por Nymphadora nem de brincadeira porque eu NÃO sentia nada por ela, e sim por Louise!

— Claro que tem... — Franchesca apontou seu cigarro para mim. — Dora também gosta de você.

— Hã? — meu coração quase parou. Olhei para os três completamente chocado. — Quando é que vocês iam me contar isso?

— Você é cego, ou algo do tipo? Como você nunca notou que ela gosta de você? — questionou Charles.

O mundo parecia estar prestes a desabar em cima da minha cabeça. Eu não conseguia mais parar de pensar naquilo e nem sabia como resolver. Uma semana antes da volta para Hogwarts, Louise apareceu na porta da minha casa:

— Vamos nadar? — sorriu ela, tirando os óculos escuros.

— Agora?

— É claro! — ela olhou seu relógio. — São nove horas da manhã, vai fazer vinte e seis graus e eu sou uma garota te chamando para sair.

Após arrumar uma mochila pequena, Louise e eu caminhamos por quase uma hora até o riacho além do parquinho. Conversamos sobre tudo, sobre o que seria de nós se os trouxas nos descobrissem, o que seria das vacas se nós parássemos de comer vacas, o que seria do mundo quando a água acabasse... Qualquer assunto que ela se dispusesse a debater era interessante, porque tudo em Louise era interessante.

Impossível nunca terem notado o maldito sorriso idiota em meu rosto toda vez que ela aparece ou sorri, eu era um completo babaca por Louise.

— É lindo, não? — perguntei. Ela nunca tinha visto o riacho.

— É perfeito. — ela acariciou um sapo próximo a um musgo. Tirou a bolsa das costas e tirou suas chinelas e simplesmente tirou a regata.

— Ei! O que você tá fazendo?

— Tirando a roupa. — riu ela, tirando os shorts. Senti minhas orelhas queimarem e eu desviei o olhar, ainda tentando manter minha pose de cara “legal”. — Eu vim aqui para nadar, lembra?

— Ah... Sim, claro.

— Bill, você pode olhar! — riu Louise. Virei-me novamente, tentando não olhar para sua barriga, nem para sua calcinha e seu sutiã de ovelhas, eu estava quase tendo um infarto, pior, eu estava com medo de ter uma manifestação bem visível ali, na frente dela. Tirei a camiseta e a bermuda rapidamente e pulei no riacho, tendo um choque térmico tremendo.

— Pula! — gritei, recuperando-me do choque.

— Ok... Lá vou eu! — ela deu alguns passos para trás e pulou, gritando. Gargalhei, esperando ela aparecer, ofegante, cuspindo água. Joguei um pouco de água nela e ela fez o mesmo, em segundos estávamos em uma batalha aquática. Nadamos todo o riacho até nossos dedos ficarem enrugados.

— Louise... — ela terminou de pegar mais um pedaço de bolo preparado por minha mãe antes de me olhar. Já passava das quatro da tarde e nós estávamos sentados diante do riacho, comendo. — Você sabe que eu gosto de você, certo?

— Oh. — ela sorriu. — Eu também gosto de você.

— Não... Não desse jeito. Eu gosto de você... — ela ficou vermelha. — Eu achei que devia deixar isso claro.

Ela tomou um pouco do vinho que roubou de sua casa e olhou a paisagem, segurando um sorriso. Então olhou-me, com aquele sorriso simplesmente magnifico que somente ela sabe como dar.

— Bem, eu fico feliz em saber disso, porque eu também gosto de você. Mas eu pensei que não tinha chances por conta de Dora e tudo...

— Dora? — essa criatura me segue até mesmo onde não tem nem como incluí-la. Engoli seco, tentando não surtar. — Eu não gosto de Nymphadora, eu nunca gostei...

— Eu pensava que vocês tinham um caso, na verdade...

— Merlin... — cobri meu rosto, enquanto Louise ria. — Como... Como você chegou a essa conclusão?

Louise olhou-me como se eu fosse burro.

— Bill... Você fala dela o tempo todo. E quando não está falando sobre ela, está olhando para ela, e quando não está olhando para ela, está dando um jeito de relacionar algo a ela, desde uma cor a uma palavra que ela errava muito quando era mais nova. — Louise parecia desconfortável com minha reação. — E você gosta dela, não gosta?

— Eu gosto dela da mesma gosta que eu gosto de Audrey. — respondi, matando formiguinhas que passeavam ao redor das uvas de Louise. Ela pegou meu pulso e amarrou uma miçanga roxa ao redor dele. Era a mesma miçanga que ela tinha em seu tornozelo. Reprimi um sorriso e aproximei-me para beijá-la.

Foi a melhor sensação que tive aos 15.

— E então... Você gosta de mim?

Louise sorriu lentamente.

Na volta para casa, eu fui tirar satisfações com quem realmente importava.

Nymphadora abriu a porta de sua casa com um sorriso abatido, tinha machucado seu braço quando saiu rolando a escada de sua casa. Eu me surpreenderia se fosse qualquer outra pessoa que não tropeçasse ou caísse o tempo todo, como Dora.

— Está doendo, criança?

— Não muito. — ela fungou um pouco e fechou os olhos como uma criança manhosa enquanto eu desenrolava o péssimo curativo que ela fizera. Observei a sala de estar, ela estava desenhando e ouvindo um pouco de Joplin antes de eu chegar. Seu cabelo estava louro escuro, e provavelmente ficava daquela cor também quando ela sentia dor.

— Está um pouco infeccionado. Você não tem um kit...

— Tenho, ali, debaixo da mesa. — levantei do sofá e peguei o kit de emergência.

— Se está aqui é porque é bem usado. — comentei, risonho. Dora também riu um pouco, mas parecia preocupada com seu braço. Fiquei em silêncio enquanto eu limpava o local e Nymphadora mordia os lábios, segurando-se para não reclamar. — Eu estou namorando com Louise agora. — revelei, sem olhá-la.

A casa parecia abandonada, até a música pareceu sumir por um tempo. Olhei Nymphadora, com receio do que eu mesmo sentia por ela. Eu tinha certeza dos meus sentimentos por Louise, mas Dora sempre foi uma incógnita. Seus olhos estavam marejados, mas eu não sabia se era apenas pelo ferimento.

Passei um pouco de uma poção revigorante para melhorar o local até Nymphadora começar a chorar.

— Está doendo?

— Muito. — soluçou ela. Tirei rapidamente toda a poção, mas ela segurou minha mão. Nymphadora chorou de verdade, como eu nunca vi antes. Fiquei em silêncio, devastado. Demorou alguns segundos para conseguir falar. — Eu consigo fazer isso sozinha.

— Ok. — sussurrei.

Ela enxugou as lágrimas e fez seu próprio curativo, levantando-se bruscamente em seguida. Levantei-me também, pegando minha bolsa. Ela foi até a porta e abriu, dando-me um sorriso breve e quebradiço.

— Boa noite, criança.

Desci as pequenas escadas de sua casa e virei-me para acenar, mas Nymphadora parecia terrivelmente séria.

— Boa noite. — assentiu. — E não me chame mais de criança.

E fechou a porta.

Patti Smith - This Is The Girl


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ta doendo, criança?

SIM, BILL SUA ANTA

Cortando nosso clima amoroso, podemos voltar para a programação normal!

Espero que tenham gostado, comentem, critiquem,

Beijos!!