Eu poderia descrever Marco em uma palavra: donaire. Ele era tão elegante, tão gracioso. Não, perfeito define-o melhor. Seu sorriso carismático, sua mania de ajudar sempre que podia... Até que essa mania quase o matou.

Marco parara o carro para impedir que um cachorro fosse atropelado. Ele estava no meio da pista praticamente vazia e a iluminação era pequena. Quando um caminhão se aproximou, o motorista demorou a vê-lo e não conseguiu frear a tempo. Ele só teve uns arranhões, enquanto meu precioso Marco estava de coma há quase quatro meses. Ele ainda não acordara.

O pior daquilo era que eu o amava e não tive coragem de lhe contar. Não um amor entre amigos, um amor estilo “eu quero passar o resto da minha vida com você”.

Eu o visitava todos os dias no hospital, aguardando para ver seu sorriso maravilhoso outra vez. A verdade é que eu já esperava pelo pior, porque sempre fora assim na minha vida: quando tudo parece bem, o mundo desaba sobre minha cabeça. Marco era meu refúgio. Meus momentos mais felizes foram com ele. Ao seu lado, eu esquecia qualquer problema que me rodeava. Ele era minha droga e provavelmente nunca saberia disso.