— Então você está em homizio? — perguntei ao homem com cabelo de dois tons à minha frente. — Por que?

— Furto e umas coisinhas extras — sorriu marotamente.

Aquilo não era uma novidade. Eu já me acostumara com aquele tipo de conversa.

— Sou Marco — me apresentei.

— Jean — estendeu-me a mão. Apertei-a.

Estávamos sentados num dos muitos bares do mundo subterrâneo bebendo uma bebida qualquer.

— Ei, sardento — chamou-me depois de um longo silêncio. — Não quer entrar pra vida do crime e me fazer companhia? Uma vida de aventuras é certamente melhor que uma vivendo nesse fim de mundo.

— É uma oferta tentadora, mas o que eu ganho com isso?

— Dinheiro. E um amigo pela vida inteira. Não, pelo resto da vida. Vivendo-se como um criminoso, você não tem garantia de que vai acordar para ver a luz do sol no dia seguinte — deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

— Eu não tenho nada a perder... Estou dentro! — sorri.

— À novas amizades! — com um sorriso estendeu seu copo. Fiz o mesmo com o meu.

Daquele dia em diante, viramos amigos. Compartilhamos histórias, aventuras e, principalmente, nossas vidas. Eu dividia a minha com ele e ele dividia a dele comigo.