Eu acabara de voltar de seu funeral. Foi difícil permanecer firme, não chorar. Eu precisava confortar seus pais, e eu não faria isso com mais lágrimas.

Eu me mantive ao lado de seu caixão o tempo inteiro. Nossos amigos me perguntavam como eu estava. Eu apenas assentia. Todos sabiam que meu mundo acabara quando ele se fora. Meu mundo se resumia a ele. Fora Jean quem me fizera ver o valor da vida e fora ele quem me ensinara que nem tudo está perdido, por mais que pareça. Com todos os problemas que eu tive, ele me ajudou a permanecer forte, a vencer todas as batalhas que a vida me impunha. A única batalha, não, a única guerra na qual ele não me acompanhou foi a sua própria contra a leucemia. Eu o acompanhara, eu tentava me mostrar esperançoso, mas ele sabia que era só encenação. Ele sabia que eu desabava quando estava em casa, sozinho.

Agora eu estava em nosso apartamento. Os cômodos pareciam tão lúgubres sem Jean. Não havia alegria, não havia luz. Havia apenas eu e minhas lembranças de nossos últimos momentos compartilhados. Havia apenas eu e minhas lágrimas. E o pior de tudo: não havia Jean.