The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 6
Apologies


Notas iniciais do capítulo

Rogue of Space, WalkerGirl, pedroossos, Apaixonada por livros, Beauty Queen e Serial Killer (que descobriu minha identidade secreta) esse capítulo é pra vocês amores.
Boa leitura...



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Em meio a todas aquelas pessoas, achar alguém de oitenta e cinco centímetros e em movimento era difícil. Virou dois, três, quatro corredores, até ver uma pontinha dos cachinhos. Apressou os passos atrás da sobrinha.

O que diria a Hazel? Estava tão concentrado em não perder a menina de vista que nem percebeu a garota morena em quem esbarrou até estarem ambos no chão. Nico sentiu as bochechas corarem quando percebeu que estava caído em cima dela. Se levantou depressa e olhou pros lados, estendendo a mão para ajudá-la.

–Me desculpe, eu estava... – perseguindo minha sobrinha de dois anos, pensou - desculpe.

A garota o fitou, como se pudesse pulverizá-lo mas pareceu mudar de opinião, apenas pegou um pacote de salgadinho do chão e assentiu.

–Tudo bem.

Ele se desculpou novamente e voltou a correr. Como se fosse cronometrado, ele pegou Marie quando a mão dela estava a cinco centímetros da base de uma pirâmide de latas de achocolatado.

–O que eu diria pro seu pai se você sumisse? Ei, Frank, perdi sua filha no meio do supermercado, foi mal? Não fuja de mim, Marie.

Marie olhou pra ele, fez uma careta, cruzou os braços e virou pro outro lado. Ele voltou para onde tinha deixado o carrinho – fazendo questão de evitar o corredor em que tinha visto a garota – e colocou Marie dentro dele, não era um bom dia para se correr atrás de crianças.

Nico pegou tudo o que precisava e mais um monte de coisas aleatórias que Marie pedia.

–Só queria ver se seu avô não fosse o dono de todas as riquezas debaixo terra... teríamos que vender nossas casas pra te alimentar – Nico falou.

–Vovô?

–Um cara alto e chato. E bem desagradável, quando quer.

Marie fez o que adorava fazer, o ignorou e começou a cantar a música de abertura de um desenho. Depois de pagar tudo, pensou em como levaria tudo aquilo até o apartamento. Uma ideia idiota lhe ocorreu e ele sorriu. Carregou Maria com um braço e as compras com o outro até o estacionamento.

Colocou as sacolas no chão e deixou a mão sobre o mesmo, se concentrando.

–Jules-Albert? O que acha de pegarmos outro carro emprestado?

Dois minutos depois, Nico avistou seu motorista zumbi com um carro estacionando. Estava na metade no caminho quando colocou Marie no chão, tirou o colar dela e colocou no bolso. Em seguida verificou a lâmina de ferro estígio presa na calça, ficava ali tanto tempo que era como uma parte dele.

Colocou Marie no banco de trás, prendeu o cinto e se sentou ao lado dela.

–Como vai a morte, Juls?

Jules-Albert assentiu e começou a dirigir. Antes de chegar ao apartamento Nico mandou o zumbi devolver o carro para onde quer que tivesse achado.

Ele e Marie subiram, a menina pediu os doces assim que chegou em casa, Nico colocou ela numa cadeira da cozinha e checou a hora. Eram quase quatro da tarde, ele tinha que começar logo. Lavou as mãos e começou a trabalhar num dos poucos pratos que conseguia fazer sem explodir nada: espaguete.

O macarrão foi fácil, o molho quase o deixou louco, nunca estava bom. Marie ria da cara de desespero do tio enquanto comia seus cookies. Ela saiu da cadeira três vezes, em uma delas para pegar o livro de colorir.

Nico colocou a comida no forno e a sobremesa na geladeira. Pegou Marie e levou para o banheiro, encheu a banheira e colocou a sobrinha dentro dela. Entre espuma voando, água no rosto e risadas ele nem viu o tempo passando, tirou Marie da banheira tão rápido que ela nem teve tempo de reclamar. Ele tinha meia hora até o pai e a madrasta chegarem e ainda estava com a blusa manchada de molho. Vestiu Marie com uma blusinha branca e uma saia verde clara rodada e a deixou no berço, assistindo vídeos no celular, enquanto tomava banho. O colar estava de volta ao pescoço da garota, o que o deixava mais tranquilo.

Pontualmente, às sete e um o interfone tocou. Nico não entendeu, sabia que Perséfone não estava brincando quando disse que eles poderiam se materializar no meio da sala de estar. O porteiro disse que "o pai dele e sua adorável acompanhante” estavam ali, ele apenas revirou os olhos e disse que podiam subir. Minutos depois alguém bateu à porta, ele suspirou e foi atender. A expressão de Hades era quase neutra, um pouco irritada. O terno estava tão impecável que não teria se surpreendido se o pai o tivesse emprestado de Caronte. A madrasta usava um vestido lilás, com as alças amarradas pra trás, curto na frente e longo atrás, além de saltos púrpura. Os cabelos presos pela metade num coque trançado

–Olá, Nico, querido - Perséfone sorriu. - Seu pai trouxe o vinho.

Nico abriu caminho e sinalizou para entrarem. Hades cumprimentou com um aceno e sorriu - isso mesmo, sorriu– ao ver Marie no sofá. De acordo com suas contas, a taxa indicativa de vezes que o Senhor dos Mortos sorriu de verdade variava entre dois e três.

–E aí está a pequena Marie. Venha cá, dê um abraço no vovô.

Pelos próximos dez segundos Hades pareceu menos com um deus imortal e mais com uma pessoa normal vendo os familiares no Natal. Se Nico pudesse ficar mais branco do que já era, teria ficado ao ver a sobrinha gritando "vovô" e correndo para os braços de Hades. Percebeu que a boca formava um perfeito O quando Perséfone o cutucou segurando o riso.

–Está obedecendo sua mãe? - ele perguntou e Marie assentiu - Seu pai está se comportando? - ela assentiu de novo e ele a imitou. - Bom.

Perséfone e Nico ficaram observando Hades se sentar no sofá e fazer perguntas a Marie, como um mortal comum.

–Como estão os estudos? – disse Hades do nada, Marie mexia na orelha dele.

–Não piso numa escola desde Westover Hall, pai.

–É claro. Acredito que já superou o incidente anterior... – O pai pegou a neta e começou a andar pelo apartamento, como se estivesse em casa.

–Superei? Você botou Will pra correr na primeira oportunidade! – Nico estava tão confuso que soltou a frase sem nem perceber.

–Ah, por favor, ele preferia pop a rock...

–Eu gostava dele - Nico cruzou os braços, como uma adolescente tentando convencer o pai a deixá-la ir a uma festa.

–Claro, tanto que no mês seguinte apareceu com aquela garota... Anne?

–Alice.

–Sim, essa. Mas pelo que me lembro ela te largou dois dias depois.

–Porque você colocou zumbis atrás dela. Só porque ela era filha de Deméter.

–Vamos lá, eu não podia te deixar namorar alguém que fosse irmã da minha esposa.

A verdade era que Hades tinha espantado todos as pessoas que gostavam de Nico. Depois de Joseph ser perseguido por aranhas fantasmagóricas ele tinja desistido. E parado de falar com o pai.

–Que tal nós comermos agora? – Perséfone bateu palmas e a comida apareceu em cima da mesa.

–Por que não? – Nico respondeu ainda fuzilando o pai. Foi até ele e pegou Marie, andou até a mesa e a sentou lá cadeira.

Eles se sentaram e se serviram, um silêncio constrangedor tomou conta da sala.

–Como seu tio está sendo com você, pequenina? Ele é muito chato, não é? - Hades perguntou, tomou um gole do vinho e passou um guardanapo à menina, que só se sujou mais ainda com o molho.

Nico pensou no que Hazel acharia das manchas nas roupas.

–O tio Ico, é legal, vovô. Por que você não gosta dele?

Nico ignorou a conversa e limpou o rosto dela.

–Não é que eu não goste dele, querida. Ele só não entende o que é melhor pra ele.

–Eu tenho vinte e cinco anos, sei muito bem escolher sozinho - Nico revirou os olhos.

–E eu tenho milhares, quer competir? E aliás, Megan só estava com você porque é meu filho, lamento. Convenhamos, filho, você é mais rodado que certos filhos de Afrodite – ele tomou outro gole e começou a comer.

–Talvez ajudasse se meu pai não espantasse todos os meus namorados! – Nico se levantou.

–Meninos! – gritou Perséfone, cortando Hades antes que ele pudesse dizer alguma coisa.

Ambos olharam pra ela, a expressão era como se fosse matá-los, por mais que sorrisse. Ela deu a volta na mesa, pegou Marie no colo e encarou os dois homens, cada um em uma ponta da mesa. Quando Nico reconheceu aquele sorriso quis correr.

–Marie e eu estaremos no quarto dela. Vocês dois – ela apontou – não saem daqui até se resolverem.

Ela caminhou com a menina em direção ao quarto e estalou os dedos. Assim que entrou e fechou a porta Nico correu até a porta da frente e tentou abri-la, como esperado, o trinco não saiu do lugar.

–Vamos, desfaça isso! – ele gritou para o pai.

–Se eu desfizesse ela sentiria e refaria a barreira – ele respondeu, despreocupado.

–Ótimo – Nico se atirou na cadeira e cruzou os braços.

Depois de dez minutos ele encarava o teto, em vinte estava deitado coma cabeça sobre a mesa, em trinta estava sentado no chão, em quarenta tinha girado tanto o anel no dedo que estava vermelho.

–Pode parar com isso? – Nico disse entredentes sem olhar Hades.

–Isso o que?

–Ficar bebendo esse vinho, está pior que o Sr.D...

–Não me irrite, garoto.

Você está me irritando.

Hades suspirou.

–Garoto, sabe que só faço o melhor pra você. Sou um deus, lembra? Posso ver o futuro.

–Não seria mais fácil simplesmente me dizer? – ele virou o rosto para ver a expressão do pai.

–Se eu dissesse, o que você faria? Tudo bem, talvez eu devesse ter perguntado antes de mandar os fantasmas... e os guerreiros... e os espíritos inquietos. Não vamos sair daqui até que eu faça isso, então... Me desculpe, Nico!

Nico analisou a situação, essa era uma noite de surpresas. Ficou pensando por uns dois minutos até que se levantou sorrindo. Andou de um lado pro outro, atrás da cadeira de Hades.

–Mas é claro, querido pai. Desde que jure que não irá mais interferir. Pelo Estige.

–O que?! – o senhor dos mortos se levantou e eles ficaram de frente. – Não confia no seu próprio pai?

–Pai esse que me enganou para levar Percy até o Mundo Inferior na guerra dos Titãs – dessa vez ele não sorriu.

–Tudo bem – Hades o olhou irritado – não irei interferir, juro pelo Estige.

Eles apertaram as mãos e o ar se tornou mais denso para depois voltar ao normal. Nico foi até a porta e dessa vez ela se abriu.

–Finalmente, - Perséfone surgiu no corredor - pensei que nunca fossem conseguir. Agora sejam bons meninos e me tragam a sobremesa.


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Notas finais do capítulo

Bônus: Jules-Albert realmente existiu. E ele era gordinho, procurem na Wikipedia.
Fato desnecessário: Eu deveria ter postado horas atrás, mas o "vou dormir só vinte minutinhos" foi até seis da tarde.

Espero que tenham gostado, até semana que vem, bolinhos.



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