The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 4
Family Business


Notas iniciais do capítulo

Olá, biscoitos de polvilho.
Serial Killer, WalkerGirl, Daphne Di Angelo, Ogawara Ryunosuke, Lia Cielo Olympus, Beauty Queen, pedroossos, Rogue of Space e Filha do Mar, vocês sabem porque coloquei isso aqui e saibam que são uns amores. Muito obrigada pelos comentários ♥
Não vou fazer vocês lerem um texto enorme nas notas iniciais (talvez eu já tenha feito isso) então vamos logo ao que interessa. Boa leitura.



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Nico andou pelo quarto com Marie nos braços, tentando pensar em alguma coisa. Não podia deixá-la sozinha mas precisava arrumar algo para manter os fantasmas afastados. Porém, para conseguir algo assim teria que deixá-la com alguém.

–Não, Nico, isso não. Nem pense nisso – disse em voz alta para si mesmo.

Era uma ideia horrível mas ele não tinha escolha. Suspirou e entrou no closet de Marie. Ela, por sua vez, passava a mãozinha no projeto de barba dele. Ele não fazia a barba havia dias, mas não propositalmente, tinha pensado tanto em como não morrer com os monstros e depois em como manter a sobrinha viva que se esquecera.

Vasculhou os cabides até encontrar um casaco fininho e vestiu nela. Andou até o quarto de hóspedes, onde só tinha entrado uma vez, para deixar a mochila, pegou o celular e voltou à sala.

Desligou a televisão e constatou que Marie dormia no seu colo. Com a mão livre procurou o número do táxi. Ele tinha certeza de que Marie não gostaria de uma viagem pelas sombras, então o táxi era a melhor opção.

Ao se aproximarem do prédio ele ainda não sabia exatamente o que diria. Eles tinham brigado e ambos eram orgulhosos demais para se desculpar, esse era um pré-requisito para ser da família de Hades.

Ele adentrou o hall do prédio, como de costume o porteiro dormia, era sempre assim depois da meia-noite. Pegar a chave embaixo da mesa dele era mais difícil com um bebê no colo. Ele finalmente conseguiu desenganchá-la e entrou no elevador.

Abriu a porta e inspirou o odor de comida estragada misturado com flores.

–Lar doce lar – ele disse.

Nico caminhou com a menina até o próprio quarto, chutou as roupas de cima da cama e a colocou no centro, com travesseiros espalhados por todos os lados. Ela parecia tão serena dormindo que ele odiava pensar no que poderia ter acontecido se o espírito conseguisse chegar à garotinha.

Deu uma última olhada nela e começou a vasculhar as gavetas, novamente atrás de papel. Procurava por um rolo papiro que recebera de Hécate por levar dois de seus filhos ao acampamento. Tinha sido bem útil, uma carta ou bilhete escritos nele só podiam ser lidos pelo destinatário ou alguém muito ligado à pessoa.

O que procurava estava na gaveta da escrivaninha, todo empoeirado e com um cheiro de museu mais forte do que se lembrava. Arrancou um pedaço suficientemente grande para o que tinha em mente e pegou uma caneta.

Querido Hades.

Só comecei assim porque preciso de um favor, ainda te odeio. Marie é meio que sua neta, então é sua obrigação ajudar. Seus amados fantasmas estão vindo atrás da garota, e não os do tipo "que bela menininha, vamos assisti-la" são mais os "não tive a pós-vida que acho que merecia, vou me vingar na garota". Preciso de algo para mantê-los afastados.

Nico

Releu e parecia suficiente. Dobrou uma vez e fechou os olhos, se concentrando. Quando os abriu novamente, o fantasma de um adolescente irritado o encarava. Não realmente irritado, só fingia para não dar o braço a torcer.

–O que quer dessa vez, ó, Príncipe Supremo do Mundo Inferior? - perguntou Tyler.

Nico tinha esbarrado com ele algumas vezes em suas andanças pelo reino do pai. Mesmo que não dissesse, ele sabia que Tyler ficava super animado em sair do Mundo Inferior de vez em quando.

–Preciso que entregue isso ao meu pai - Nico respondeu e entregou o pedaço de papiro.

O fantasma imediatamente abriu.

–De novo, cara? - perguntou antes de sumir, deixando apenas uma névoa, que logo desapareceu também.

De novo sozinho - exceto por Marie, que ainda dormia - ele imaginou a confusão que arrumaria se qualquer um lesse o bilhete, por isso o papel especial. Provavelmente, muitos fantasmas usariam a energia de Marie para se conectarem ao nosso mundo, isso seria desastroso e nada agradável para ela.

Ele tentou observar o céu, ver televisão e até mesmo dormir. Não obteve sucesso em nada, não conseguia se concentrar. Enfim achou algo seguro e agitado o bastante. Deixou uma pequena adaga de bronze celestial em cima do criado mudo e fechou a porta. A presença do metal iria repelir qualquer espírito do Mundo Inferior, por um pequeno tempo, o suficiente para que ele chegasse.

Ligou o som da sala alto o bastante para que o interfone começasse a tocar. Foi até a cozinha e começou a jogar fora toda a comida estragada, ajeitar as coisas nas prateleiras, e até mesmo lavar a louça. E claro, para não perder o hábito, jogou os vasos de flores no lixo.

Depois de terminar foi para a sala, então para o quarto e assim por diante. Quando terminou tinha duas pilhas de lixo, um monte de roupas sujas e uma grande caixa com coisas que tinha achado. Sentou-se no chão, na frente da caixa, e parou para ver os objetos com mais calma. Por cima estava uma caixa menor, que ele reconheceu facilmente, era a que a amiga da mãe tinha entregado a ele. Abriu e pulou as fotos em preto e branco, havia um sapatinho de lã, um livro de histórias em italiano, e um objeto metálico na forma de uma folha. Ele encarou aquilo sem saber o que fazer. Ele nem mesmo se lembrava da mãe, mas quando tentava imaginá-la, sentia o cheiro de biscoitos recém-assados e perfume adocicado. Talvez fosse real, ou talvez só algo que ele tinha criado, mas era acolhedor.

Ele fechou a caixinha e a colocou de lado. A próxima caixa era prateada e estava meio amassada. Ele se lembrava bem de onde viera essa. Dentro estavam um arco, um gorro verde, um envelope e uma estátua. Os últimos dois itens ele havia colocado, mas a caixa havia sido presente de Ártemis. Na verdade, essa tinha sido a última vez em que vira Thalia, ela ainda era a tenente da deusa e a caçadora que menos odiava homens em geral na época. A pedido de Ártemis, ela dissera que ambos pertenceram a Bianca, como ela conseguira de volta ele nunca saberia.

Percy tinha entregado a estatueta pra ele novamente e dessa vez ele aceitara. No envelope estavam três cartas de Mitomagia que ele tinha colado com fita adesiva.

Ele sentiu um toque no ombro e por pouco não pulou em cima de Marie. Ele tinha tomado um susto e tanto, mas Marie apenas o ignorou e sentou entre ele e a caixa maior.

–O que você tá fazendo, tio Ico? - ela perguntou.

Os bracinhos batiam na borda, mas isso não a impediu de mexer no conteúdo restante. Algumas armas ainda estavam lá, como punhais, adagas, uma lança quebrada e flechas, ele tentou tirá-la de lá e ela voltava para o mesmo lugar.

–Estou limpando essas coisas, não mexa - ele disse.

Ela tirou um vídeo game portátil e achou muito interessante passar de página em página sem jogar nada.

–Eu quelo minha mamãe - ela disse baixinho - e o meu papai.

Foi tão repentino que ele parou uma camiseta a meio caminho do chão.

–Olha aqui - ele se curvou para a frente para que ela pudesse vê-lo de ponta-cabeça - eles saíram mas vão voltar logo. Enquanto isso, nós podemos fazer coisas muito divertidas, tipo... - ele não conseguiu pensar em nada divertido - tipo algo divertido em que você possa pensar. Aliás, amanhã vamos a um lugar muito legal.

–Vamos?

–Sim, mas só se a senhorita for dormir - ele fez cócegas nela.

–Onde que a gente tá? - ela perguntou.

Ele se lembrou de que Marie dormia desde que saíram do apartamento de Hazel e Frank. Olhou para a cama, o edredom preto e branco estava caído no lugar por onde Marie escorregara.

–Essa é minha casa. Tecnicamente não é uma casa e sim um apartamento... Acho que deu pra entender. Estamos aqui porque... Uma batata entrou pela janela da sua casa.

Quando terminou a frase se perguntou o que estava dizendo. Marie assentiu e se encostou na perna dele. Em alguns minutos ele terminou de ver as coisas da caixa e guardar tudo. Marie adormecera ali mesmo. Ele deu um jeito de ajeitar o edredom com ela no colo, deitou a menininha no meio do círculo de travesseiros novamente e guardou a caixa no armário. Se já não estivesse acostumado, teria levado um susto com a aparição de Tyler atrás dele.

–E então? - Nico perguntou.

Tyler estendeu o bilhete anterior e uma caixa verde água.

No verso do bilhete estava outro recado, dessa vez endereçado a ele na letra floreada de Perséfone.

Adorado enteado,

Caso ouse jogar minhas preciosas flores no lixo de novo faço seu apartamento ficar tão cheio que você não vai poder andar nele.

Seu pai é um ignorante e se não fosse por mim - de nada - teria queimado sua preciosa carta. Ele pensou que fosse um pedido de desculpas.

Hazel nunca comentou nada sobre isso, talvez nunca tenha acontecido antes. Enfim, na caixa há uma pedra chamada ágata verde (você vai entender porquê). Não tem nada de especial, só achei por aí, mas obriguei Hades a encantá-la. Vai manter fantasmas longe e funciona melhor em contato com a Marie, mas o único jeito de neutralizá-la completamente é colocando dentro da caixa. Volte logo a falar com seu pai, vocês dois me irritam.

Perséfone.

Perséfone nunca ia direto ao ponto. Ele desconfiava que se ela não fosse uma deusa não conseguiria fazer aquilo tudo caber no pedaço de papel.

Mas de qualquer jeito, estava mais leve. Dentro da caixinha estava um colar com uma pedra verde pendurada – realmente fazia sentido. Não se importava mais com os fantasmas indo atrás dele mas não deixaria que nada se aproximasse de Marie.

Ele segurou a caixinha firme da mão, agradeceu o fantasma e foi dormir.


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Notas finais do capítulo

AI MEU DEUS EU TÔ TÃO FELIZ!!!!
(aposto que você pensou que eu tinha esquecido)
WalkerGirl, MOÇA DO CÉU quando vi sua recomendação eu fiquei tão feliz, contei até pra minha mãe (comentário desnecessário). Ela não entendeu nada, aliás, mas resolvi que ia escrever o próximo capítulo - no caso esse - antes pra "comemorar".
Nem sei mais o que dizer, imagine um ataque fangirl.

Se você leu até aqui - ou pulou pra parte em que o surto acaba - não custa nada deixar um comentário, favoritar, seguir o exemplo da WalkerGirl ou me mandar um doce...
Titia ama vocês