The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 3
Stay way from the girl


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos!
Obrigada Rogue of Space, Lia Cielo Olympus, WalkerGirl, pedroossos e laurinha, que comentaram o último capítulo. Fiquei muito feliz com os comentários de vocês ♥
Esse capítulo é dedicado a minha priminha, que chora mais que a Marie.
Boa leitura.



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Nico levantou num pulo, tinha se esquecido o quanto o choro de Marie podia ser irritante e agudo. Depois que Frank e Hazel saíram ele tinha dormido no sofá sem nem perceber.

Ele correu até o quarto da sobrinha e a pegou no colo. Com sua sorte, não adiantou nada.

–Ei, ei, ei. Estou aqui – disse ele esperando que ela parasse.

–Mamãe – falou ainda com cara de choro.

–A sua mãe saiu, Marie – ainda soava estranho ver Hazel como mãe de alguém. – Mas você ainda tem o tio Nico – ele deu o melhor sorriso que conseguiu.

Teria que melhorar isso, pois Marie fez um bico e voltou à choradeira.

Nico balançou-a, Frank tinha dito que ajudava. Aparentemente não com ele.

Correu até a sala e pegou o bloco de anotações de Hazel. No meio, tinha uma página com o título choro/manha e ele resolveu agradecer a ela pela clareza. O primeiro item era Enrolados, simples assim. É, a clareza tinha acabado.

Andou de um lado pro outro tentando pensar em algo, até se lembrar de que vira um pôster num cinema anos atrás com essa palavra. Hazel deveria saber que o conhecimento dele em filmes era basicamente nenhum.

Abriu a porta do escritório, que na verdade não era usado por ninguém na parte escritório, mas era onde guardavam as armas e suprimentos para caso algum monstro atacasse. No oitavo andar. Se sentou na cadeira atrás da escrivaninha e pegou um bilhete que estava sobre o teclado.

Nico,

Leo e alguns campistas de Hefesto conseguiram criar um dispositivo pra bloquear o sinal dos monstros com a internet, ele está distribuindo entre os semideuses secretamente. Antes que pergunte, sim, ele se acha o Batman por isso.
Enfim, não se preocupe.

Beijos, Hazel.

Considerando que a maioria das invenções de Leo ainda explodia, isso não era muito tranquilizador. Ele ligou o computador e ajeitou a sobrinha, que ainda chorava, no colo.

Nico pensou em Leo, tinha visitado ele e Calipso no ano passado a pedido do pai, que precisava de novas armas para seu exército. O relacionamento deles não tinha ido pra frente – o que era loucura, considerando o que ele fizera pra ficar com ela – mas eram os melhores amigos que já tinha visto. Na época, Calipso tinha um namorado mortal, Leo parecia muito bem com isso.

Como se lendo seus pensamentos, uma imagem de Leo apareceu na tela, com o rosto sujo de graxa.

–Olá, meus amigos/fãs – ele realmente disse barra – espero que tenham gostado do meu presentinho. Agora vão poder... – uma mão feminina apareceu na tela.

–Eu disse que não deveria dizer isso! – a voz de Calipso disse.

Leo revirou os olhos e continuou.

–Agora podem acessar seus... – ele olhou pro lado – jogos, sem eventuais monstros entrando pela janela. Sejam felizes e qualquer dúvida é só procurar telefone do cara mais foda que você vai conhecer no google. Tentem não morrer, crianças.

Uma foto de Leo fazendo sinal positivo enquanto Calipso revirava os olhos apareceu por uns segundos e sumiu, exibindo a tela normal.

Com o silêncio repentino, Nico percebeu que Marie tinha parado de chorar. Levou uns dois minutos pra lembrar que a palavra para vídeos era Youtube, e digitou o nome do filme. Logo, imagens de uma garota com cabelos enormes que só podia ser a Rapunzel, apareceram.

Marie assistiu ao vídeo em silencio.

–De novo, tio Ico – falou ela no final. Ela puxou a manga da blusa dele e ficou mexendo, como quando mordemos o canto da boca sem perceber.

Nico apertou o replay e Marie começou a cantar junto. Fez isso pelo menos cinco vezes, ouviu a mesma música tantas vezes que se pegou cantando quando a minha vida vai começar junto com Marie.

Ele não entendia o que tinha de tão legal naquela animação para ser vista tantas vezes. Finalmente, Marie desceu do colo dele e saiu andando do cômodo. Nico clicou no parar e seguiu-a lentamente.

A menina estava tentando abrir a porta da geladeira, que tinha pelo menos três vezes o tamanho dela.

–O que foi? – perguntou ele para a pequena figura.

–Eu quelo sorvete – olhou pra ele e voltou a puxar a porta.

Ele olhou o relógio e depois a sobrinha. Segundo o cronograma na parede, poderia deixar a menina comer sorvete. Quando Frank disse isso a ele, se controlou para não dizer que deixaria que a menina comesse a geladeira toda, desde que não chorasse.

Abriu a porta para ela, que começou a pular, tentando achar o sorvete. Nico abriu o congelador e achou um pote de sorvete quase vazio. Pensou no escândalo que ela faria se ele dissesse aquilo e decidiu que ela não precisava saber.

–O que achar de irmos até a sorveteria, Marie?

A menininha sorriu e estendeu os braços pra ele. Estava a meio caminho da porta quando percebeu que a garota ainda estava com o pijama verde com que tinha dormido. Por ele estaria tudo bem, ninguém repara mesmo nas roupas que crianças usam, mas a irmã fora bem clara quando disse:

–Se sair daqui sem arrumar minha filha, arranco seus dentes, maninho.

E ela tinha falado sorrindo. Ele tinha achado que era brincadeira, mas claramente não era, ela começou a recitar combinações de cores e roupas. Pelo visto, Hazel era obcecada por roupas infantis, o closet de Marie estava mais cheio que a lavanderia do apartamento dele. Ele pegou uma blusinha azul e uma calça preta e vestiu na sobrinha. Foi mais fácil do que ele tinha pensado.

Abotoou as sandálias e pegou a mão dela, rumo ao elevador. Trancou a porta e colocou a chave no bolso. O elevador estava vazio, tentou passar despercebido com a menina, mas o porteiro o viu.

–Ei, você é o irmão da Sra. Zhang, não é? – perguntou animado.

–Eu mesmo. Somos muito parecidos, eu sei.

O homem sorriu.

–Sou Jimmy – ele estendeu a mão e Nico a apertou.

–Nico – dessa vez ele nem tentou sorrir.

–Ninguém disse nada, então o que devo dizer se alguém procurar por eles?

Nico pensou um pouco, tentando elaborar a melhor desculpa em cinco segundos.

–Diga que foram até Connecticut para uma competição de Frank. Se alguém disser que veio do Acampamento Meio-sangue ou Júpiter, me avise e deixe subir, tudo bem?

–O senhor é quem manda – disse ele e anotou num livro. – Onde vamos hoje, Marie?

–Sorveteeeee – gritou ela, levantando os bracinhos.

Nico se despediu do porteiro e continuou. Achou a sorveteria que Hazel dissera facilmente, havia uma fila para pedir do lado de fora mas dentro não via muitas pessoas nas mesas. Eles entraram e Marie escolheu uma mesa e correu até ela, sentou na cadeira sozinha, como se estivesse escalando uma pequena montanha.

Ele foi logo atrás dela, observando a menina bater na mesa e se mexer de um lado pro outro, ela mal podia esperar pelo sorvete.

Uma garota veio atendê-los e entregou uma espécie de cardápio quando percebeu que ele não fazia ideia do que estava fazendo. Ele folheou e escolheu uma casquinha de limão e menta.

–Qual você quer, Marie?

Marie começou a apontar sabores e murmurar “esse” cada vez que tocava em um. No final era uma mistura de morango, flocos, abacaxi e creme. Nico abriu a boca, como convenceria a menina a não pedir tudo isso?

–O que sua mãe diria, Marie? – perguntou a garota loira.

–Só um – Marie riu. – Mas o tio Ico deixa – ela olhou pra ele com o maior sorriso que conseguia, impossível recusar.

Marie era esperta, ela já tinha descoberto que ele daria tudo que ela pedisse.

–Ela nunca vai comer tudo isso, né? – ele perguntou à garota.

Ela o fitou com os olhos azuis e passou uma mecha clara de cabelo por cima da orelha, fez que não com a cabeça e sorriu.

–Você pode colocar só um pouco de cada sabor?

–Vou ver o que posso fazer – ela disse, pegou o livro e saiu para pegar o pedido deles.

–Qual seu sorvete favorito, Marie? - ele perguntou.

–Todos!

–Mas deve ter um especial.

Ele se lembrou de como as filhas de Afrodite falavam quando uma criança chegava ao acampamento, ele estava bem próximo disso.

A garota dos olhos azuis entregou os sorvetes, sorriu e saiu. Marie começou a comer na mesma hora, o que já começou mal, ela derrubou uma parte na blusa azul.

Ele pegava alguns guardanapos quando duas pessoas falando alto entraram.

–Eu juro, se eu tiver que usar saltos mais uma vez essa semana... - dizia a mulher.

–Você fala como se fosse terrível - o cara de terno que estava com ela ria.

Nico se virou para olhar, eles claramente eram namorados, ele olhava pra ela com um brilho nos olhos.

Ela usava um vestido branco e trabalhado em cima, com a parte da saia vermelha, tinha olhos verdes e cabelo liso alaranjado preso num coque. Deviam estar indo pra uma festa. O rosto lhe parecia familiar.

–Ai meu Deus - exclamou ela olhando para a mesa deles.

Nico pensou que ela iria dizer algo sobre ele estar encarando, mas ela andou até Marie e limpou a bochecha dela com guardanapos rindo. Enquanto ele observava o casal, a sobrinha tinha feito uma enorme bagunça no rosto todo.

–Você fez uma meleca, não é?! - a ruiva perguntou à Marie. Por que todo mundo perguntava coisa a ela?

Marie riu, se balançou na cadeira e voltou a comer.

–Desculpe, não consigo controlar. Crianças são tão... Pai de primeira viagem?

–Não, ela é minha sobrinha... - ele começou. A mulher se virou pra ele e ele descobriu de onde a conhecia. - Rachel Dare?

Ela o fitou por alguns segundos e então gritou.

–Nico di Angelo! De todos os lugares possíveis, esse era o último em que eu esperava te encontrar. - Ela deu um tapa no braço dele - isso é por deixar sua irmã preocupada. Ah, esse é o Mike, meu namorado - ela apontou o homem com quem estava, não devia ser muito mais velho que ela. - Mike, esse é Nico di Angelo, nos conhecemos num...

–Acampamento de verão, anos atrás - Nico completou quando viu que ela não tinha dito a Mike que fazia meio período como oráculo de Delfos.

Ela acenou, agradecida, e os dois se cumprimentaram

–Então, se essa é sua sobrinha, ela é filha da Hazel?

–Mamãe – Marie sorriu.

–Sim - Nico temeu que ela voltasse a chorar - Essa é Marie. Marie, diz oi pra ria Rachel.

Marie acenou.

–Regra número um: nunca deixe ela comer sozinha - ela levantou uma sobrancelha. Pegou um cartão no bolso do namorado e deixou na mesa - a gente se vê por aí.

Ele seguiu o conselho e realmente foi melhor. Assim que terminaram, Nico pagou a conta e voltaram ao apartamento, dessa vez, com Marie no colo.

Ele esquentou algo que Hazel tinha deixado pronto no micro-ondas e deu para Marie comer, dessa vez, sem deixar que ela pegasse a colher.

Depois, deu banho nela, enfrentou uma crise de choro para sair da banheira e descobriu uma nova arma: chantagem. Assim que ele disse que ela poderia ver qualquer filme foi fácil tirá-la de lá.

Era quase nove horas quando ele levou Marie para o berço e ela o fez contar uma história. Não sem antes chamar o pai e quase chorar várias vezes quando ele não apareceu.

Ela dormiu no meio da história e ele foi ver TV. Não passava nada de relevante. Conseguiu ver cinco episódios de uma série, no sexto estava quase pegando no sono quando uma coisa o despertou completamente. Uma pontada no pescoço, isso sempre acontecia quando um fantasma de aproximava. Ele olhou ao redor, nada. Isso só podia significar uma coisa: Marie. A menina tinha o sangue de Plutão, se é que isso faz sentido, já que deuses não tem DNA.

Ele correu até o quarto da menina e a cena que viu o enfureceu. Marie esticando as mãozinhas e o fantasma de uma adolescente se aproximando dela, ele conseguia sentir a raiva do espírito. Ele correu até o berço e pegou a garotinha.

–Saia daqui! Volte para o Mundo Inferior e fique longe dela - ele ordenou, sentindo uma raiva enorme.

Ele abraçou-a assim que o fantasma sumiu. Cuidar de Marie seria ainda mais difícil do que ele esperava.


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Notas finais do capítulo

Apenas lembrando que comentar não dói, não machuca e ainda me deixa feliz