The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 16
Dream


Notas iniciais do capítulo

Olá, bolos de cenoura!
Como vão?
Capítulo saindo um pouco atrasado porque nos últimos sete dias fui no médico pelo menos três vezes. Aí vocês se perguntam se estou doente. A resposta é não, mas minha mãe nem teve a ideia de perguntar se eu queria ir.
A boa notícia é que enquanto esperava escrevi 90% desse capítulo e o próximo está quase pronto.

Se quiserem, ouçam essa música enquanto lêem: https://www.youtube.com/watch?v=ZCSX3mM6940.
Não tem muito a ver mas... Sonho! Vão entender depois.

Já enrolei demais, boa leitura.



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Mais dois passos e três prateleiras à direita e lá estava. Era um volume de capa dura, vermelha e de couro. Logo estava aberto sobre uma das mesas da biblioteca, sendo folheado rapidamente por Nico.

Infelizmente a vida não era fácil e livros de biblioteca não vinham com um “manual de como falar com Hipnos".

O livro não tinha nada que ele já não sabia, falava que Hipnos vivia “num palácio construído dentro de uma grande caverna no oeste distante, onde o sol nunca alcançava, porque ninguém tinha um galo que acordasse o mundo” e outras informações sobre a árvore genealógica incompreensível dos deuses.

Depois de folhear os cinco livros que tinha pegado do começo ao fim, afastou a cadeira e bufou. Não fazia sentido procurar naqueles livros, se você fosse ao monte Olimpo original não encontraria Zeus e Dioniso tomando vinho e falando sobre quais eram as guerreiras mais bonitas da Grécia.

–Pense, Nico, um lugar tranquilo... sem barulho, afastado, mas conhecido...

A bibliotecária o olhou feio. Ele se levantou e foi procurar em outra seção. A mulher praticamente matava o homem com os olhos, era uma pilha de livros realmente grande. Nico ignorou e abriu o primeiro. Levou pelo menos uma hora até chegar ao último, um sobre a Europa.

–Senhora, vou levar esse - disse se levantando com o livro na mão.

–Mas é claro, - ela deu um sorriso falso - assim que preencher esse cadastro - a senhora entregou duas folhas grampeadas - e fizer a gentileza de guardar aqueles livros. Nas seções correspondentes.

* * *

–Grace? - Nico entrou gritando no apartamento.

Achou a moça sentada na frente do computador e Marie desenhando no canto do cômodo.

–Reyna já voltou? - perguntou sem encará-la, como se a capa do livro fosse muito interessante.

Reyna tinha saído na tarde anterior e só mandara um SMS dizendo que voltaria depois.

–Não. E não achei nada. Teve sorte?

Ele entregou o livro nas mãos dela e ela abriu na página marcada.

–Nunca pensei que fosse bom de geografia, mas isso é na Suíça. E a Suíça fica na Europa. Da última vez que conferi, os deuses estavam na América do Norte.

–Hahaha. Pensei nisso, engraçadinha. Mas pense bem, que lugar mais silencioso que um continente sem deuses vivendo nele?

–Não sei... Esse lugar que você marcou é bem visitado pra ser silencioso, como você diz - ela entregou o livro pra ele e pesquisou o lugar no Google. - Mas pra sua sorte, sei como conseguir a confirmação - Thalia puxou o celular e se levantou.

–Ah, é? E como vai fazer isso?

–Hermes! - ela falou com o telefone e aumentou o volume. - Lembra daquele favor que me deve?

–Não - disse o deus - Quem te deu meu número? George não gosta de virar um telefone.

–E que tal aquela vez na Venezuela, envolvendo um caduceu, líderes de torcida e tapetes voadores? Seria uma pena colocar na rede direta de fofocas do Olimpo, também conhecida como nossa amada Afrodite.

–Não me ameace, garota. O que você quer? Você tem dois minutos.

–Uma informação. O castelo de Chillon por acaso seria onde Hipnos vive... ou dorme, não sei? – ela girou na cadeira e jogou as pernas na mesa.

–Hipnos? Mas é claro que não, por que pensaria algo assim? Humpf...

–Hermes! - Nico gritou.

–O que vocês estão fazendo juntos? Quer saber, não me importo. É sim. Como descobriram?

–Palpite de sorte, acho - Nico deu de ombros, mesmo que ele não fosse ver.

–E como chegamos lá? - Thalia perguntou.

–Tenho certeza que ouvi "uma informação". E além do mais não posso dizer. Tenham uma boa vida. Enquanto podem.

Hermes desligou, eles trocaram um longo olhar e começaram a se mexer.


O pátio da recepção do hotel estava vazio, exceto por Jimmy, dormindo no balcão. Raramente Nico via o outro cara ali, então dava um desconto para o porteiro.

Nico estava muito irritado, a coisa que mais odiava no mundo era quebrar promessas. Por mais que essa tivesse sido feita para ele mesmo. Ele tinha descido com Marie e as duas mochilas antes que Thalia pudesse terminar de se trocar ou reclamar.

–Marie, olha pro tio Nico - ele se abaixou para poder olhar pra ela de perto.

–O que foi tio Ico? - ela brincou com o colar no pescoço.

–Eu vi o sonho que você teve. Com o papai e a mamãe, e depois eles sumindo. É por isso que não quer dormir, não é?

Ela assentiu.

–Nós vamos descobrir quem fez isso pra você. E chutar a bunda dele até ele implorar pela mãe.

–O que é chutar a bunda dele? - ela perguntou, confusa.

–Nada - ele cortou rapidamente. - E você nunca ouviu isso. Preste atenção, nós temos que ver uma pessoa, mas o modo como vamos vai ser assustador, frio e muito ruim. Mas você não precisa ter medo, porque eu vou estar com você - ele passou os dedos na bochecha dela.

–Tá - ela disse simplesmente. - A mamãe disse que você não precisa ter medo quando está com as pessoas que ama - Marie sorriu e o abraçou.

Nico retribuiu o abraço, ainda em choque. Ela provavelmente não sabia exatamente do que estava falando, mas era mais do que qualquer adulto já lhe tinha dito. Ele depositou um beijo da testa da sobrinha e a pegou no colo.

–É isso aí. E quando voltarmos te pago um sorvete.

–Você está bem? - Thalia perguntou

–Tirando a parte de que vou quebrar minha promessa mental, depois de ter mentalmente feito um discurso enorme sobre isso? Estou ótimo. Vamos?


Assim que Nico sentiu terra firme sob seus pés soltou a mão de Thalia e deitou a sobrinha no colo para ver como ela estava. Ela estava consciente mas só continuou assim por tempo suficiente para puxar a orelha de Nico e fechar os olhos, como se estivesse indo dormir depois de um longo dia correndo de um lado pro outro. Ela respirava - Nico realmente checou - então ele se deu por vencido, era o mínimo que se podia esperar.

–É, sua mãe vai definitivamente me matar - ele estava meio tonto, depois de tanto tempo sem praticar algo assim, pular de um continente pro outro de uma vez só era arriscado demais, até mesmo para eles. Ele tinha dividido o caminho em cinco partes. Apenas agora Marie tinha esboçado alguma reação. Thalia, por outro lado já não estava tao bem assim. - Você não vai vomitar, vai, Grace? - ele riu ironicamente.

–Claro que não. Só estou observando o chao, não posso?

Ela tinha vestido o que chamava de "traje de caçada", especial para socar a cara de monstros ou caras idiotas. Também conhecido como uma calça de tecido apertado, uma camiseta preta e cortada do Green Day e uma jaqueta preta de couro. Parecia mais com uma delinquente juvenil do que alguém procurando o deus do sono.

–A boa notícia é que é realmente uma área de poder. A má é que por isso não posso nos mandar direto pra lá. Devemos estar a mais ou menos um quilômetro e meio do lugar.


Depois de mais ou menos uma hora andando feito zumbis, chegaram ao local. Era um castelo antigo, do século XII, feito de pedras. Uma pequena fila de visitantes se estendia na entrada.

–Duas ótimas perguntas. Você tem o dinheiro que usam na Suíça? Como é que vamos entrar sem falar com eles? - Thalia mudou a mochila de ombro.

–As respostas são: não e deixa comigo.

Quando chegou a vez deles ninguém falava inglês, mas o vendedor de entradas chamou um cara que falava italiano e eles conseguiram entrar.

–Desde quando fala italiano? - Thalia perguntou.

–Minha mãe. Ela me ensinou um pouco. Uns anos atrás resolvi aprender - ele deu de ombros. - Onde quer começar a procurar?

–Aqui, senhor eu falo italiano - ela jogou um panfleto pra ele e pegou outro para ler.

O panfleto estava em cinco idiomas diferentes, inclusive inglês. Nenhum deles ajudou muito, seguiram os turistas por um tempo, como não acharam nada interessante, partiram em sua própria busca. O lugar era certamente enorme, e alguns lugares eram proibidos, não havia nada em nenhum deles, aliás.

–Não vamos precisar procurar - Thalia falou, parando no meio do caminho.

Ela olhava um homem moreno de olhos azuis, segurando um cajado, parado em uma das entradas. Ele usava um terno aparentemente caro, azul-marinho, com uma camisa branca e sem gravata. E Nico sabia o que era um terno caro, não que os usasse, mas Caronte fizera questão de que ele soubesse diferenciar um bom terno autêntico de uma imitação. Se não fosse o brilho sobrenatural que emanava dele, Nico poderia dizer que ele era um cara rico.

Conforme se aproximavam, seus corpos foram pesando, como se o chão os puxasse pra baixo. Uma vontade de se acomodar no mármore frio surgiu. Nico beliscou o próprio braço para acordar.

–A última vez em que encontrei um meio-sangue... faz realmente muito tempo. O que querem?

Nico ficou ali, encarando o homem. Era impossível olhar pro rosto dele e se lembrar depois. Era como se sua face estivesse sempre mudando.

–Você não é Hipnos – foi a brilhante frase de Nico.

–É claro que não, garoto. Esse é meu pai. E minha tarefa é proteger seu descanso. Por isso vão embora – ele sorriu.

–Hum... não – respondeu Thalia. – Nós tivemos trabalho pra chegar aqui. Então, você não teria um desses testes idiotas, digo, difíceis pra podermos provar que somos dignos e blá blá blá?

–Vou lhes dar mais uma chance de desistir, crianças. Saibam que só não mato vocês aqui mesmo por causa do meu castigo – o sorriso se transformou numa expressão de irritação.

Mesmo com o cérebro lento, Nico se lembrou da batalha de Manhattan. Todos os mortais caíram dormindo durante o confronto por causa dele.

–Morfeu – Thalia murmurou.

–Então, aquele papo de agendarmos uma visita? Com Hipnos, lembra?

Ele mudou o cajado de mão, fez alguns gestos e uma prancheta apareceu na mão dele.

–Assinem, se quiserem passar. Ao assinar e continuar, você concorda com os termos, se responsabiliza por possíveis mudanças de humor de meu adorado pai, castigos que possam ser impostos e o resto. Não vou ler tudo – ele passou a prancheta.

Nico começou a ler, eram pelo menos cinco páginas impressas.

–Não vai ler isso tudo, vai? – Thalia cruzou os braços.

–Com certeza vou. Aqui diz que não podemos entrar com tênis de corrida. E não podemos levar armas que possam causar danos a imortais... como assim? E se houver uma luta?

–Eu não escrevi as regras. Só torçam pra não acontecer. Hipnos é preguiçoso demais pra se dar ao trabalho de se defender. Vão demorar?

–Thalia, acho melhor você ler essa parte – ele passou as folhas pra ela segurando o riso.

–E por que eu... – ela perguntou lendo a parte que ele mostrara - di Angelo eu vou matar você, juro. Assim que sairmos daqui vou matar você – ela jogou de volta nele.

Eles assinaram e seguiram o deus dos sonhos. Ele movimentou o cajado e um túnel apareceu. Quanto mais eles desciam, mais pesados seus olhos ficavam. Nico sentia o poder do lugar, muitas almas tinham sofrido ali.

Chegaram até uma parte plana, que terminava numa parede branca. O lugar era escuro, mas o tom claríssimo era visível, não era exatamente concreto, mais como algodão.

–Fim da linha. Espero não vê-los nunca mais. Digam ao pai que ele é um idiota se tiverem a chance de falar – disse Morfeu, então sumiu.

Eles se entreolharam, colocaram as armas no chão e deram o próximo passo.


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Notas finais do capítulo

Escrito com todo o meu pequeno lado sentimental. É bem pequeno... olha aquele cachorrinho!
Foi isso, bolinhos. Vejo vocês... não sei, logo! Qualquer coisa, perguntem.
Beijos de purpurina.



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