– O que?! – Acir estava tremendo, suando, a garganta dolorida e a pele quente. Raone colocou a ponta do dedo na testa do índio.

“Quente.” Murmurou. “Fique aqui, irei perscrutar a área, e trarei medicamentos quando voltar.”

A criatura em sua forma humana saiu do que parecia ser a mesma caverna de antes. Horas depois Raone retornou com algumas flores coloridas.

“Eles nos perderam.”

– Quem?

“Os caçadores.”

– Eu vi você, lutando contra meu pai e destruindo minha tribo…

“Foi apenas um sonho.”

Acir encarou a fera, os olhos cheios de fúria e ressentimento.

– Por que você faria algo como aquilo?

“Já lhe disse que fora apenas um sonho.” Porém Raone sabia que não era apenas um sonho, era uma visão, ele também tivera a mesma visão, na mesma noite, apenas acordara antes do garoto. Não sabia o porquê tentaria destruir aquela tribo, decidiu então ficar na caverna com Acir e não sair.

Dez dias se passaram com os dois juntos, a relação ainda estava à mesma entre eles.

– Faz quinze dias...

“Quinze?”

– Desde a primeira vez que nos vimos. – Acir abriu um tímido sorriso o escondendo de Raone. – Contando os dias em que estive apagado, é claro.