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30 de Janeiro de 2015

Local desconhecido

22:08 da noite

“A sua melhor aliada sempre será a escuridão” guardem essas palavras, algum dia pode salvar sua vida, como salvou a minha, pois a escuridão não te trai, não te mágoa, te dá proteção e sempre te ajudará.

Eu aceitei a escuridão de bom grado e vivo dela agora.

Não me arrependo de ter feito isso, me tornou mais forte.

E nesse mundo de mentirosos e hipócritas você tem que ser forte, tem que aprender em não confiar em ninguém ou vai aprender do jeito mais difícil.

Pode apostar você não quer aprender do modo mais difícil.

Me esgueirei pela rua escura, passado despercebido pelas poucas pessoas desconhecidas que passam, normalmente uso minha fantasia de demônio, como chamo normalmente meu uniforme, para encontra-lá, mas aprendi que usar um casaco preto é mais discreto, então quando tenho que andar despercebido o uso é mais fácil me misturar com as sombras o usando.

Sempre andei pelas sombras, nunca me incomodei com isso, e para fazer o que eu faço não posso ter medo de nada.

E não tenho.

Antes costumava ter, e tinha mais medo que todos, até da própria sombra, era ridículo, eu matei aquele garoto medroso e virei o que sou agora.

Ninguém me dá medo, eles me temem.

Finalmente cheguei no lugar certo, no mesmo beco de sempre, no beco onde a vi pela primeira vez, o beco que a destruição começou onde conheci Calipso.

Me lembro de todas as vezes que vim aqui, todos os segundos felizes, todas os segundos de dor, todas as vezes que quis morrer.

No outro lado do beco, uma pessoa me esperava, vestida com as mesmas vestimentas que as minha, de não soubesse que havia alguém la nunca iria vê-la, a escuridão a envolvia do mesmo jeito que a mim.

Caminhei parando 2 metros de distância dela, mantendo distância da luz e dela.

— Está atrasado! - Ela falou.

— Tive que verificar se nosso amiguinho estava confortável. - Falei

Ela levantou um pouco a cabeça mostrando interesse, mas nunca expondo sua face.

— E?

— Ele não vai morrer, ainda. - Ela podia ver o duplo sentido nas minhas palavras.

Ele estava mal, mas não o suficiente para morrer.

Como esperado ela ergueu um pouco o corpo, mostrando satisfação, ela estava feliz com a dor dele.

— Se for boazinha pode tortura-lo da próxima vez - falei e ela riu, um riso maníaco, o mesmo riso que eu escuto quando riu.

— Será um prazer - Afirmou.

— Você trouxe oque pedi? - Perguntei.

— Trouxe. - Ela tirou um grande envelope amarelo do casaco e jogou para mim - Todas são dessa semana e também tem uma gravação bem... peculiar, creio que vai tirar proveito disso. - Falou satisfeita com seu trabalho, abri o envelope, virando-o de ponta a cabeça.

Um amontoado de fotos, todas elas das minhas bonecas - Thalia em seu quarto, Annabeth com Percy no cinema, entre outras - caiu também um Pen Drive, o guardei no bolso e coloquei as fotos novamente dentro do envelope o guardando no casaco.

— Nada mal – admiti.

— Sou boa no que eu faço - ela disse se alto vangloriando.

— Tenho outro trabalho para você – eu falei friamente.

— O que? – perguntou rápido demais demonstrando sua ansiedade, peguei a sacola que trazia e joguei em sua direção ela o pegou e com relutância a abriu quando viu seu conteúdo soltou uma exclamação, surpresa.

Na sacola havia uma duplicata da fantasia de demônio igual a minha e uma arma com o cartucho cheio.

— Vai precisar, vai receber uma mensagem com o que terá de fazer – me virei para ir embora.

— A! -ela me chamou usando o meu codinome, já que não sabia meu nome real, e nunca irá saber.

— O que quer? – perguntei friamente.

— Quem é você? - continuei de costas para ela, mas virei a cabeça para olhar em sua direção.

— Você, Reyna Avila Ramirez-Arellano - pronunciei seu nome calmamente, como se fosse feri-la com essas palavras - Deveria saber o que não deve perguntar – ela não devia ter perguntado isso!

— Co-como sabe o meu nome? – perguntou Reyna com medo na voz, sorri satisfeito com sua reação – Como descobriu isso? Não deixei pistas! Nunca mostrei meu rosto!!! – ela disse com pânico evidente em sua voz, sabendo seu nome posso feri-la, chantageá-la, saber seu ponto fracos e seus medos e ela está com apavorado pelo o que eu posso fazer com ela.

— Eu sei de tudo e você deve saber que não é insubstituível, seus talentos são impressionantes, mas saiba que eu mando aqui, você é só um pião no meu tabuleiro e se me trair ou falhar comigo, não terei outra opção a não ser descarta-lá, entendeu? – perguntei, ela não respondeu, ficou calada e afirmou com a cabeça de vagar – Agora fique de prontidão que logo receberá seu próximo trabalho - me virei novamente para frente preparado para sair do beco.

— Eu também as odeio! Tanto quanto você! – ela disse, me fazendo rir pela sua hipocrisia, como se ela soubesse o quanto eu as odeio.

Como se ela tivesse sofrido tanto quanto eu.

— Você não sabe o que é ódio de verdade – falei e me retirei do beco, sem olhar para traz, mas sabia que ela ainda estaria no mesmo local chocada e provavelmente com medo, isso fez uma onda prazer percorrer meu corpo.

“ Pare com isso...” – implorou o garoto morto em minha mente, agora sem forças, era como um fantasma que nada podia fazer a não ser observar.

“Nunca” – Respondi, ele nunca mais ia conseguir me atrapalhar de novo.

E com isso não há nada que alguém possa fazer para me impedir agora, tenho tudo pronto só preciso esperar pelo momento certo, o momento perfeito para que elas caiam na minha armadilha.

O momento em que elas vão sofrer, todas elas, pagar pelo que me foi feito.

Pelo que foi feito ao meu irmão.

Pelo que me tornaram.

Continua...