Antes que novembro acabe... escrita por OmegaKim


Capítulo 17
Dessezeis - Na festa.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. E eu venho aqui na humildade postar esse capitulo!! O primeiro de 2016!!
Curtam a fofura do começo e até!!
Ah, e obrigada Duda por ter recomendado a fic!! Aproveite o capitulo.
Boa leitura e bem vindo gente nova!!



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Dezesseis – Na festa.

Enquanto as mãos de Will estavam no volante do carro notei que a lateral do seu dedo mindinho da mão esquerda estava machado de azul e o mesmo se repetia pela palma da mesma mão e até mesmo havia uma machinha sobre sobrancelha direita do seu rosto. Franzi a testa pra isso.

– O que aconteceu com você? – resolvi perguntar, mas assim que a pergunta saiu da minha boca eu já sabia a resposta. Will estivera escrevendo.

– O que? – soltou confuso e me olhou de soslaio já que estava dirigindo.

– Sua mão está suja. – falei e me aproximei dele, com a manga da minha camisa limpei a mancha sobre a sua sobrancelha. – E aqui estava sujo também. – disse assim que terminei de limpa-lo.

Ele riu antes de responder.

– Eu estava adiantando algumas atividades da escola. – explicou.

– Você é muito nerd. – provoquei rindo e ele sorriu minimamente.

Will parou no sinal, olhei pra frente. Fitei o sinal de trânsito e desejei que ele ficasse logo verde. Eu me sentia ansioso e terrivelmente inseguro ao mesmo tempo. Uma parte de mim queria sair correndo daquele carro enquanto a outra queria apenas continuar com encontro. Resolvi escutar essa segunda parte. Mas mesmo que eu soubesse que não estava fazendo nada de errado, aquele nervosismo ainda estava comigo.

– Oi. – Will sussurrou no meu ouvido me tirando dos meus pensamentos, sorri pra ele.

– Oi. – sussurrei de volta e o beijei. Segurei seu rosto e o beijei. Fazer isso tinha se tornado tão natural quanto respirar.

A buzina do carro atrás de nós, foi o que fez com que nos separássemos. Will com as bochechas meio rosadas simplesmente voltou a dirigir. Eu me inclinei em direção ao porta luvas dele e comecei a vasculhar ali. Acabei achando alguns CDs.

– Se importa se eu colocar algum? – perguntei mostrando a ele os CDs que tinha achado.

– Vai em frente. – respondeu e ajeitou os óculos no rosto. – A estação de rádio daqui é uma porcaria.

Voltei a olhar para os CDs.

– Aretha Franklin. Música Clássica. – fui falando. – Uh. Você escuta rock? – soltei meio surpreso. Will não tinha cara de quem gostava desse tipo de música.

– Qual o problema? – olhou pra mim de canto de olho.

– Você não tem cara de quem gosta desse tipo de música. – mostrei a ele o CD onde se lia Alexandria.

– Gosto das letras. – explicou. – E a batida é boa.

– Tudo bem, então. – me resignei e coloquei o CD para tocar.

A batida pesada e inconfundível da banda começou a ecoa pelo carro inteiro. A voz do vocalista alta e clara e logo me vi balançando a cabeça e deixando a música se infiltrar em mim. Eu sempre gostei desse tipo de música, não sei explicar ao certo porquê. Acho que foi a influência do meu pai. Mike sempre foi fã desse gênero, eu ainda lembro das músicas do AC/DC que ele costumava cantar baixinho para que eu dormisse quando era pequeno. Acho que por isso acabei me tornando fã dessa banda, mas sei que se meus avós tivessem ganhado a minha guarda no tribunal a anos atrás, eu seria alguém um pouco diferente agora. Com certeza meus gêneros musicais se resumiriam a música clássica e com conteúdo, nada dos gritos e da batida louca que as bandas de rock trazem. E com certeza, eu não estaria em Dickson e não teria conhecido Will. E pensando por esse lado, acho que estou bem assim. Prefiro essa vida do que a outra.

– O que foi? – perguntei assim que percebi Will me secando de soslaio. Ele mudou a marcha do carro antes de responder:

– Você. – disse simplesmente como se isso explicasse tudo.

– O que tem eu? – e na minha insegurança achei que estava fazendo algo errado.

– Você é uma graça, Grace. – fez a piada mais tosca de todos os tempos e eu não pude evitar rir, porque a lembrança que veio junto dessa frase era doce o suficiente para me fazer sorrir.

Lembrei daquele dia na biblioteca quando eu tinha ido mal na prova de Inglês e o procurei entre os livros daquele lugar, para pedi ajuda. E o encontrei e nós discutimos antes que eu deixasse o orgulho longe de mim e assumisse que precisava de ajuda, e então ele disse que eu era uma graça, e o modo como fiquei sem jeito naquele dia... Aquele deveria ter sido o primeiro sinal de que alguma coisa importante estava começando a acontecer. Mas é claro, eu não percebi.

– Que piada tosca, Moore. – falei. – Esperava mais de você. – fingi desapontamento.

– Tipo o que? – ergueu uma sobrancelha na minha direção, me desafiando. O azul dos seus olhos parecendo mais escuro e existia um certo tom de malicia na sua pergunta.

Olhei para o lado oposto ao dele, apenas para evitar que ele reparasse nas minhas bochechas ficando vermelhas.

– Tipo: continue dirigindo. – mandei e ele riu, mas continuou dirigindo.

A música ainda continuava tocando quando finalmente chegamos no restaurante. No primeiro momento Will tinha ficado surpreso e logo depois ele compreendeu que durante todo o caminho eu o tinha distraído para que ele não percebesse para onde estávamos indo e por isso, ele se limitou a balançar a cabeça. Como pude me deixar levar?, ele parecia estar pensando. Me inclinei em sua direção e deixei um beijo no seu pescoço, sobre a sua pulsação. Senti a veia vibrar sobre meus lábios e o loiro se arrepiar.

– Surpresa. – sussurrei a ele. Will entrelaçou sua mão na minha e encostou sua testa na minha, ele beijou meus lábios vagarosamente e desejei que nunca mais saíssemos desse carro. As coisas pareciam mais certas aqui dentro, sem ninguém olhando e julgando.

Então nos separamos.

– Foi Emma quem te falou sobre esse lugar? – ele perguntou e abriu a porta para sair, fiz o mesmo do meu lado.

– Ela disse que você sempre quis vir aqui, mas nunca pôde.

– E você simplesmente me trouxe aqui sem questionar nada?

O fitei e cruzei os braços. Eu não estava entendo a reação dele. Will parecia levemente irritado como se eu tivesse emprestado seu livro predileto e nunca mais devolvido.

– O que há? – perguntei. – Achei que ia gostar da surpresa.

O loiro respirou fundo e ficou de frente pra mim e atrás de si observei a entrada do restaurante, as janelas de vidro deixavam que eu visse o movimento lá dentro. Não existia muitas pessoas ocupando as mesas, então supus que seria fácil achar uma mesa. Entretanto, não me preocupei com isso afinal, liguei algumas horas atrás para reservar uma mesa para dois. E até onde eu sabia, estava tudo ok.

– Eu só... – ele tentou dizer. – Ninguém nunca fez uma coisa dessas pra mim. E esse lugar é muito caro.

Mantive meus olhos no rosto do loiro e acompanhei cada expressão no seu rosto. Uma hora ia da incredulidade total a admiração. Ele sorriu no começo e depois pareceu preocupado. E no fim, consegui entender o que havia de errado com ele. Will estava com medo de que aquilo não fosse nenhum pouco real, de que alguma coisa desse errado porque até agora as coisas estavam certas demais. Ah, pobre garoto pessimista, quis dizer, acredite no que vê e veja. Mas não disse. Eu simplesmente dei dois passos até ele e o abracei. Envolvi meus braços ao seu redor e capturei seu cheiro. Will fez o mesmo comigo, apreciei isso.

– Não seja um idiota agora. – falei. – Te fiz dirigir até aqui, já reservei uma mesa para nós dois e tenho dinheiro suficiente para irmos pra China então apenas entre naquele restaurante e fique feliz. – mandei depois que o soltei.

O loiro balançou a cabeça e meio rindo bagunçou meu cabelo.

– Ei. – protestei e comecei a ajeitar meu cabelo, mas então ele me deu um beijo na bochecha e depois ele segurou minha mão e juntos fomos até o restaurante do outro lado da rua.

Na medida que avançávamos até a entrada, fui capaz de pegar o olhar de uma mulher num vestido elegante sentada próximo a janela. Ela olhou primeiro pra mim e depois para as nossas mãos entrelaçadas e então virou o rosto e bebeu um gole do seu vinho antes de sussurrar algo para o homem ao seu lado e então havia dois pares de olhos sobre eu e Will. Ignorei eles.

Havia um homem na recepção, fui até lá ao mesmo tempo que Will capturava tudo o que podia da decoração do lugar. Observei seus olhos se arregalarem levemente por trás das lentes do óculos e adquirirem um certo brilho. Fiquei feliz com o fato de ele estar feliz.

– Posso ajudar? – o homem da recepção usando um terno muito elegante me tirou do meu momento de “adoração a Will”. Pisquei.

– Sim. – falei. – Temos uma reserva para as 20hs.

– Hum. – o homem me avaliou e provavelmente pensou que eu estava mentindo, mas no último segundo decidiu verificar se existia mesmo uma reserva. – Nome?

– Noah Grace. – procurei Will com os olhos. Aquele loiro já tinha se afastado de mim e como uma criança estava encantado pelo lustre do restaurante. Ele avaliava o objeto com curiosidade e tive que admitir que aquele lustre era bem bacana, com todos aqueles cristais estilo século 19.

– Aqui. – o homem falou. – Mesa para dois, certo?

Assenti meio distraído.

– Por aqui. – e ele saiu de trás da bancada da recepção. Chamei Will e juntos seguimos o homem.

A nossa mesa ficava no lado direito do restaurante, perto da janela e perto do casal elegante que olhou torto pra mim. Olhei torto pra eles enquanto puxava a cadeira pro Will sentar, eu estava fazendo questão de deixar tudo muito especial e bonito e qualquer adjetivo do gênero. Por que? Eu não tinha a menor ideia. Era apenas que o sorriso que ele me dava, o brilho nos olhos dele e o jeito leve que ele estava se comportando me dava uma sensação tão incrível e boa e grande dentro do meu peito, que nem sei. Apenas queria que nada estragasse isso, nem mesmo aquele casal e seus olhares atravessados.

O homem, que depois percebi ser o gerente nos entregou os cardápios e a carta de vinho. Deixei que Will escolhesse, porque ele parecia mais familiarizado com isso e sim, eu confesso: eu não entendia nada dessas coisas.

– Irei chamar um garçom para servi-los. – o gerente falou.

– Tudo bem. – falei e então ele se afastou, indo atrás de um garçom. Então fitei Will. – Está gostando?

O loiro sorriu pra mim e colocou sua mão sobre a minha por cima da mesa. Era um gesto tão simples e tão reconfortante ao mesmo tempo e não existia nada demais ali, era só a mão de Will sobre a minha. Acabei sorrindo pra ele.

– Está tudo perfeito. – declarou. – Mas você tem certeza de que pode...? – a preocupação se refletiu no seu rosto.

Suspirei.

– Relaxa, Will. Apenas aproveite.

Então tirou a mão de cima da minha e pegou o cardápio Observei seus olhos azuis passarem sobre todos aqueles nomes, o reconhecimento passou por seu rosto. A verdade era que eu tinha dinheiro para pagar por essa noite sim. Como eu consegui? Kate, Dan, Derek e Bianca contribuíram um pouco e o resto foi exclusivamente mandado por Maya, depois que contei a ela para que precisava de tanto dinheiro. Foi Kate quem me obrigou a ligar para minha irmã na noite da festa do pijama e contar tudo que estava acontecendo. E Maya como uma boa irmã deu gritinhos no telefone de tão empolgada depois que contei a novidade e aposto que nesse momento Vovó e Vovô já sabem da grande notícia: Eu gosto de garotos.

– Já sei o que vou querer. E você? – ele disse. Pisquei meio distraído e tratei de dá uma olhada no cardápio.

Existia vários nomes estranhos ali, fiquei um tempo encarando aquilo até que o nome mais simples daquilo tudo chamou minha atenção. Peru ao molho de foie gras. Bom, eu não conhecia esse molho, mas não tinha nada contra perus.

– Já. – falei pra Will.

– Olá, senhores. – o garçom disse assim que chegou até nossa mesa, ele trazia o vinho nas mãos.

– Olá. – eu e Will dissemos juntos, sorrimos com isso.

O garçom abriu o vinho e nos serviu. Eu simplesmente bebi como se fosse refrigerante, mas Will segurou a taça com uma delicadeza que me deu inveja e me fez lembrar dos aristocratas do século passado e com a mesma delicadeza, o loiro bebeu um gole do vinho. Ele não bebeu, não. Essa é a palavra errada. Will saboreou aquele primeiro gole de vinho e muito satisfeito disse ao garçom:

– Incrível. – observei o garçom assenti e depois sorrir para Will. E então ele voltou a encher nossas taças.

– Já sabem o que vão querer?

– Sim sim. – me apressei em dizer.

E logo o garçom estava voltando para a cozinha levando os nossos pedidos. Eu não via a hora de provar a culinária francesa.

Olhei para Will e ele parecia tão empolgado, tão alegre e tão incrivelmente leve que gravei isso na minha mente. Gravei o modo como ele sorria, sempre levantando o lábio superior primeiro como uma criança, o brilho que havia nos seus olhos. Percebi ali, enquanto gravava cada detalhe dele, que eu iria lembrar dessa noite para sempre. Nos momentos ruins, quando o mundo estivesse sendo muito difícil, quando os olhares das pessoas começassem a me incomodar, quando a vida começar a me sufocar, eu iria lembrar dessa noite. Iria lembrar de Will, mesmo que já não estivéssemos mais juntos. Eu iria lembrar de toda essa alegria dele e de como eu me sentia apaixonado, de como as pessoas ao nosso redor não podiam nos tocar, de como o preconceito não podia nos tocar.

– O que foi? – o loiro perguntou e em seguida deu um gole no seu vinho.

– Apenas gravando você. – falei.

– Como assim? – ele pareceu confuso.

– Quero lembrar dessa noite para sempre. – expliquei. – Então, eu estava gravando você. Aqui. – e coloquei a mão sobre meu coração.

Will deixou a sua taça sobre a mesa e segurou minha mão. Olhou bem nos meus olhos e eu soube que ele queria me beijar, mas não se sentia seguro em fazer isso aqui com tantas pessoas em volta, então eu fiz. Me inclinei em sua direção e deixei um beijo breve nos seus lábios. Esqueça essas pessoas como eu estou fazendo. Foque apenas no que importa. Era o que eu estava dizendo com aquele gesto tão pequeno. Mas Will ficou corado, tipo muito corado mesmo. Ele soltou minha mão assustado e olhou em volta como se de repente alguém fosse se levantar e nos mandar sair dali, mas ninguém mandou. Ninguém se mexeu, apenas o casal a nossa frente nos olhou torto. No entanto o casal de velhinhos que estava a duas mesas a nossa esquerda, nos deu um sorriso cheio de compreensão. Eles pareciam estar dizendo: “Já tivemos essa idade, nos entendemos o que estão sentindo”. Acabei sorrindo de volta para eles.

– Qual o problema, Will? – me forcei a perguntar, mesmo já sabendo qual era.

O loiro me fitou, pareceu pensar no que ia dizer e quando achei que ele ia dizer uma coisa. O garoto disse outra:

– Nada. – sorriu pra mim. – Você apenas me pegou de surpresa.

Dei um gole no vinho em minha taça e deixei a jantar transcorrer naturalmente. Depois de alguns minutos o garçom trouxe o que havíamos pedido. No fim, o tal peru com o molho de foie gras até que era bom e o tal Cassoulet que Will havia pedido também tinha um gosto muito bom, eu sei porque enfiei minha colher na comida dele apenas por curiosidade e Will me deu uma bronca sobre ter mais educação e que se eu queria um Cassoulet devia ter pedido um. Resumindo: acabamos trocando de pratos no final, já que eu meio que tinha me apossado do pedido de Will. Mas o que mais eu podia fazer? Aquele Cassoulet era incrível!

Já passava das 22hs quando finalmente saímos do restaurante e como eu tinha garantido a Will, paguei a conta numa boa. E ainda sobrou dinheiro para mais alguma coisa, mas resolvi guardar esse. Confesso que eu meio que estava com planos de sair outras vezes com Will.

– Quer ir a festa de Emma? – Will me perguntou assim que entramos no seu carro, ele estava colocando o cinto de segurança e eu estava fazendo o mesmo.

– Podemos ir dá uma passada lá, se você quiser. – falei.

Eu não estava com vontade nenhuma de ir naquela festa, apesar de ser a festa da vitória dos meus amigos. A verdade, era que eu queria ir para casa me jogar na minha cama e repassar essa noite na memória do jeito que uma garotinha apaixonada faria, porque no fundo, eu admito, estou me comportando como uma garotinha apaixonada. Mas era que simplesmente não estava conseguindo fazer diferente, era a primeira vez que algo como isso acontecia comigo. E ninguém tinha me dado um manual de como se comportar quando se apaixona, então eu apenas me deixava levar.

– Bom, os pais dela não estão em casa e existe muitos quartos vazios lá. – comentou como se tivesse dizendo ‘a noite está agradável’. E dessa vez, eu não pude evitar que minhas bochechas queimassem.

– O que você está sugerindo? – perguntei e notei o nervosismo na minha voz.

– Nada, querido. – ele riu alto ao ver minha expressão. – Não estou sugerindo nada. – então ele simplesmente ergueu a mão e apertou minha bochecha. – Coisa fofa.

Dei um tapa na mão dele.

– Pare com isso. – cruzei os braços e olhei para frente ao passo que sentia que meu rosto ainda estava vermelho.

Will acabou de dizer que quer dormir comigo?

– Hey, gracinha. – Will sussurrou no meu ouvido, sua voz cheia de cautela. – Foi só uma brincadeira.

Olhei de soslaio pra ele.

– Você é um pervertido. – falei ainda envergonhado.

Will riu e me deu um beijo no canto da minha boca.

###

– Vocês vieram! – Emma exclamou assim que nos viu. Ela abriu os braços e abraçou Will depois me esmagou num abraço também, senti o cheiro de álcool que vinha dela. Emma estava bêbada. – Venham, venham! – ela segurou as nossas mãos e nos puxou para o mar de alunos que ocupavam a sala da casa dela. Percebi que era ali a pista de dança.

A batida inconfundível de Flórida ecoava por aquele lugar inteiro. Notei que a escola inteira parecia estar ali. Vi os meninos do time de vôlei, as garotinhas mimadas do primeiro ano e os veteranos do terceiro. E em meio a aquilo tudo avistei uma cabeleira loira, os cachos se embaraçando por causa do movimento. Bianca. Soltei a mão de Emma.

– Vou ali com a Bianca! – falei alto para me fazer ouvir. Emma assentiu e Will apenas me lançou um olhar meio irritado e me deu as costas, não disse nenhuma palavra, simplesmente continuou seguindo Emma sei lá para onde.

Me enfiei no meio de todas aquelas pessoas, fui as afastando mas foi difícil, estavam todos particularmente empolgados como se Dickson tivesse ganhado a competição. Então eles dançavam e dançavam e se pegavam nos cantos da casa ou na própria “pista de dança”, alguns subiam para os quartos vazios para algo mais particular. Então quando estava chegando perto de Bianca foi que percebi que ela estava dançando com Daniel, mas Elizabeth surgiu de lugar nenhum e se prostrou a minha frente.

– Hey, Noah! – o cabelo cor-de-rosa estava sujo com alguma coisa e seus olhos pareciam desfocados, era como se ela não estivesse me vendo mesmo que seus olhos estivessem sobre mim.

– Hey. – cumprimentei e me afastei dela, mas a garota segurou a manga da minha jaqueta.

– Preciso te contar uma coisa. – ela disse se aproximando da minha orelha e o cheiro de álcool forte demais nela.

Me soltei dela.

– Está bêbada, Liz. – constatei e ela riu.

– E você vai se machucar se continuar insistindo naquele garoto. – apontou com o queixo para algo a sua frente, olhei para lá apenas para encontrar Will conversando com um garoto. Os dois estavam encostados na parede e ambos tinham copos nas mãos, e não vi Emma em lugar nenhum. Engoli em seco ao ver aquilo, porque uma coisa começou a se agitar no meu estômago. – Olha para ele, Noah. – ela continuou sussurrando. – Você não sabe nada sobre ele. No fim, ele só está te usando. – e vi Will rir de algo que o garoto disse, então o garoto simplesmente se aproximou demais e sussurrou algo no ouvido dele.

Mordi meu lábio com força. O que ele acha que está fazendo? Será que ele não sabe sobre os beijos e as palavras que troquei com Will? E no entanto, era Will que parecia não se lembrar do que tínhamos compartilhado mais cedo na biblioteca. O “eu gosto de você também” parecia não ter significado algum. Desviei meus olhos da cena e foquei em Elizabeth, existia um brilho muito satisfeito no olhar dela então percebi que ela segurava um copo na mão direita. E sem poder me conter, simplesmente tirei aquilo da sua mão e tomei o conteúdo inteiro em um só gole. Na minha frustração, só precisava fazer aquela coisa desagradável parar de crescer no meu peito.

– Vai com calma. – Liz disse e tinha muita diversão estampada na sua voz.

– Noah! – escutei e entreguei o copo vazio para Liz e ela se afastou ainda rindo, como se alguém tivesse lhe contado a melhor piada do mundo. – Noah. – a pessoa falou e me virei para descobrir quem era.

– Bianca. – falei.

A loira segurou minha mão e me levou mais para dentro da multidão de alunos. E logo me vi dançando junto de Bianca, os cachos dela se avolumando ao redor da sua cabeça como a auréola de um anjo. Para falar a verdade, as coisas ao meu redor tinham começado a adquirir um certo brilho e eu sentia essa energia crescendo dentro de mim. Tirei a jaqueta porque eu estava começando a suar, joguei a mesma em algum lugar e retomei a dança com Bianca. Nós pulávamos e gritávamos as músicas e logo depois Dan apareceu e se juntou a nós, então éramos três adolescentes dançando de um jeito bem maluco. Em algum momento Kate e Derek também apareceram e agora éramos os cinco dançando. Mas logo depois começamos a nos dispersar. E em nenhum momento vi Will de novo. E depois... Bom, aconteceram algumas coisas.

Tudo ao meu redor estava definitivamente brilhando e tudo parecia desfocado. Eu não lembrava de ter bebido o suficiente para ficar tão tonto, mas sei lá talvez o tempo que passei sem colocar uma gota de álcool na boca tenha me afetado de algum jeito, feito eu ficar bêbado mais rápido com pouca quantidade. E eu me sentia tão alegre e leve que não desconfiei que havia algo de errado, até mesmo a minha frustração com Will tinha desaparecido. Tudo tinha desaparecido, sobrou apenas aquela vontade de se divertir e dançar e rir.

– Hey, Noah. – Matt me cumprimentou quando me encostei na parede, eu não me sentia nenhum pouco cansado mas as coisas ao meu redor tinham começado a girar. – Tudo bem?

Olhei para ele. Estava com uma expressão amigável, nada de ressentimento ele parecia dizer com os olhos escuros. Pisquei e assenti. Mas então o garoto começou a rir, ele olhou bem para mim e riu. Confuso com isso, apenas me mantive quieto.

– Quer um gole? - me ofereceu a bebida que trazia na mão. Eu estava com sede então nem questionei o que era, apenas estendi a mão e peguei. Tomei um gole grande e aquilo desceu rasgando pela minha garganta e se acomodou queimando no meu estômago. – Ei, ei. Vai com calma aí, gracinha.

E o jeito como ele pronunciou gracinha, foi o que pôs em alerta mais uma vez. Will tinha me chamado assim mais cedo e me peguei voltando a sentir o aquele sentimento desagradável no peito. Lembrei do garoto se aproximando de Will e dizendo alguma coisa no ouvido ele, lembrei do modo como ele não se esforçou para se afastar e simplesmente deixou. Eles devem estar juntos agora. Em algum quarto vazio aproveitando a noite.

– Tudo bem? – Matt perguntou.

– Estou ótimo. – falei e na minha raiva por Will ter mentido para mim, ter me feito acreditar em coisas que ele não podia retribuir. – Vamos dançar. – então segurei a mão de Matt e o puxei para a pista de dança.

As coisas ao meu redor tinham começado a ficar desfocadas, tudo era um borrão de cores e vozes e sensações. Matt a minha frente colocava as mãos em mim, me puxava para perto e eu deixava. A raiva que estava me acompanhando não deixava que eu o afastasse, então apenas deixava. Deixava que ele chegasse perto e se aproveitasse. Eu me sentia tão incrivelmente leve, tudo estava brilhando e incrivelmente bonito.

– Você é tão bonito. – falei para Matt tocando no rosto dele e o garoto sorriu e me trouxe para mais perto.

A boca dele desceu sobre a minha sem cerimônia alguma. Ele tinha gosto de cereja e álcool, tudo misturado mas o gosto acentuado de álcool fez com que eu me afastasse dele. Não era esse gosto que eu queria, me dei conta. Eu estava esperando, no fim, o gosto mentolado que os beijos de Will tinham. Mas Matt voltou a me beija e tonto como eu estava, não tive força alguma para empurra-lo. No entanto, para meu alivio alguém puxou Matt, o tirou de cima de mim. Eu dei dois passos para trás e esbarrei em alguém, mas a pessoa pareceu não se importar. Pisquei algumas vezes até conseguir focar na cena a minha frente e me deparei com Will, seu rosto contorcido em raiva e ele estava discutindo com Matt. Os dois trocavam insultos e por algum motivo Matt empurrou Will e quando dei por mim os dois estavam trocando socos e eu não conseguia entender o que havia de errado comigo e nem com eles. Não devíamos estar todos nos divertindo?

– Noah, você está bem? – e era Kate, ela me segurou pelos ombros enquanto os meninos separavam Matt de Will.

Eu toquei o rosto dela.

– Você está tão bonita. – falei, minha voz saindo arrastada demais.

Kate revirou os olhos e logo estava me puxando para longe dali. Mas assim que dei um passo, as coisas começaram a girar demais ao meu redor e isso me deixou muito enjoado, então simplesmente me inclinei e vomitei tudo que tinha bebido nos pés de Kate.

– Eca! – a morena exclamou.

Limpei a boca com as costas da mão.

– Desculpa. – pedi a ela.

– DEREK! – ela gritou, muito alto que fui obrigado a tapar os ouvidos.

– O que foi? – o garoto surgiu.

– Leva o Noah daqui. Agora! – ela parecia muito nervosa.

Mas eu ainda estava tonto por isso me sentei no chão.

– Hey, Noah. – Derek surgiu no meu campo de visão. – Vamos para casa, cara. – e tentou me fazer levantar, mas me recusei.

– Não posso andar. – falei. – Está tudo girando.

– Aposto que está. – alguém disse, pisquei e encontrei Will parado ao lado de Derek. O lado direito do seu rosto estava vermelho e ele tinha o lábio inferior partido e notei também que a armação do seu óculos estava meio torta. – Deixe que eu o levo. – falou para Derek, mas seus olhos estavam em mim.

– Tudo bem. – Derek disse e simplesmente se afastou.

– Vamos, Noah. – ele disse num tom sério, sem deixar brecha para que eu contestasse. Me levantei e deixei que ele me levasse para fora dali.

Assim que entrei no seu carro, fechei os olhos e apaguei.


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Notas finais do capítulo

Hummmm... sem nada a declarar sobre esse capitulo! :/
Só queria dizer que na segunda eu já volto a estudar, então vou ficar meio sem tempo e acho que vou demorar apara postar. Porque além de estudar, eu trabalho também então já viu, ne...
bjs e até.



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