Antes que novembro acabe... escrita por OmegaKim


Capítulo 11
Onze - Meu professor particular se demite.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Vim aqui postar, mas to meio triste... não é nada com vcs não. É só que reprovei em duas matérias das sete que eu fazia nesse período na faculdade. Chato isso... : mas vida que segue.
Vim aqui postar! Espero que gostem desse capitulo e mais uma vez obrigada a My Dark Side por recomendar a fic!!!
Vc é demais garota!!
Boa leitura e bem vinda gente nova!!



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Onze – Meu professor particular se demite.

Observo sem muito interesse os alunos em seus uniformes de educação física correrem em círculos pela quadra da escola. Eu deveria estar ali, com eles, correndo como um idiota pela quadra e suando e reclamando de cansaço do jeito que eles estão fazendo. Mas não. Depois do meu “probleminha” no refeitório acabei sendo dispensado das aulas de educação física. Essas são as vantagens de se ter um pai médico, fica meio fácil conseguir um atestado te impedindo de fazer certas coisas. E eu não acho isso nenhum pouco ruim.

Matt está entre os corredores juntamente de Liz, ambos estão exaustos. Consigo ver isso pelo modo como os dois estão quase se arrastando pelo chão da quadra. Esse tempo todo fumando como se não houvesse amanhã tem afetado os dois mais do que achei que seria possível, e aposto que estou quase no mesmo patamar que eles. Mas é claro, eu estou a um mês limpo de nicotina e acho que é isso que faz com que eu não esteja no mesmo patamar que eles. De um jeito estranho penso que isso é bom.

Elizabeth mudou a cor do cabelo no tempo que faltei a escola, agora está de um rosa pink ofuscante com as pontas do cabelo azul e Matt conseguiu dá um jeito na sua tatuagem. Kiera teve uma grande participação nisso. Eu ainda não vi como ficou, mas Liz me confidenciou que ele disfarçou o nome “Alex” com um desenho. Espero que tenha ficado legal.

Matt desiste de correr e se senta no meio da quadra, Liz se junta a ele e dali, os dois sorriem cansados e acenam pra mim. Aceno de volta. Mas não estou prestando atenção neles, estou, para meu desespero e vergonha, com minha atenção voltada para a figura loira sentada no lado esquerdo da arquibancada, mais precisamente no primeiro lance da arquibancada. O notebook sobre suas coxas e ele concentrado demais em alguma coisa, o vejo digitando freneticamente enquanto ao seu lado Emma ri e diz qualquer coisa para alguém no celular. E enquanto olho para ele, não posso evitar que meu pensamento volte para o domingo, quando nos beijamos sobre minha cama e de como gostei da sensação dos lábios dele pressionados contra os meus, a forma como a boca dele se abriu sob a minha, o jeito que ele colocou a mão na minha nuca e me trouxe para mais perto ou a forma como o cheiro dele ficou na minha roupa depois que ficamos perto por tempo demais. Esses detalhes se colaram na minha mente como carrapicho na roupa e todas as vezes que fecho os olhos vejo isso tudo de novo e sinto uma coisa parecida demais com saudade para ignorar. E é isso que tem me deixado apavorado.

– Terra chamando Noah. – sou tirado dos meus pensamentos por Matt. Olho para o lado apenas para encontrar um sorriso malicioso brincar em seus lábios. – Onde você estava com essa cabecinha? – ele perguntou tocando com a ponta do indicador minha testa. Sorri minimamente com isso.

– Em nenhum lugar importante. – respondi. – Onde está Liz? – notei que ela não estava ali. Olhei em volta.

– Vestiário. Dylan. Sozinhos. – falou simplesmente e o encarei por uns três segundos até as palavras fazerem sentindo para mim.

– Ah.

Passei meus olhos levemente sobre Will. Ele ainda continuava digitando no computador, mas Emma tinha colocado o celular no seu ouvido e ele digitava ao mesmo tempo que falava e ria no telefone. Me perguntei com quem ele poderia estar falando e porque o papo parecia tão animado.

– Sabe, você não está sendo nenhum pouco discreto. – Matt comentou, virei meu rosto em sua direção numa rapidez que me surpreendeu.

– O que? – tentei me fazer de desentendido mas eu sabia que não seria nada fácil enganar Matt. Mas no fim, talvez ele pudesse me ajudar. Pois se existia alguém que entendia dessas coisas, esse alguém era Matt.

Matt mirou o loiro. Observei o rosto de Matt adquirir uma expressão de saudade. Então ele balançou a cabeça e voltou a olhar para mim, um sorriso no seu rosto.

– O jeito como você está olhando para lá, não é nada discreto. – reformulou a frase e subitamente senti minhas bochechas começarem a arder. E isso fez apenas o sorriso de Matt se alargar mais. O garoto se inclinou na minha direção e apertou minhas bochechas. – Que fofo! Todo vermelhinho!

Afastei suas mãos com um tapa e ele riu mais, ao passo que eu ficava emburrado.

– Pare com isso.

– Tudo bem, tudo bem. – ele voltou a se sentar na posição inicial e olhou mais um pouco para Will.

Fiz o mesmo. Mas o meu lado curioso acabou se manifestando.

– O que aconteceu com vocês? – me vi perguntando. Matt não olhou pra mim, mas pelo jeito que seu corpo se contraiu, percebi que ele não esperava por essa pergunta.

– Por que acha que aconteceu alguma coisa? – devolveu e eu sabia que ele estava apenas tentando ganhar tempo, tentando me fazer desistir.

– O jeito como Elizabeth o odeia, mostra que aconteceu alguma coisa. E o jeito que você olha pra ele, também.

Matt engoliu em seco e quando pensei que ele não fosse dizer nada ou que ele fosse me mandar esquecer isso, o garoto começou a falar:

– Fizemos coisas erradas, dissemos coisas ruins uns pros outros. Às vezes eu penso em como seria se eu pudesse voltar no tempo e desfazer algumas coisas... – suspirou e eu continuei a observa-lo sem entender do que ou porque ele estava dizendo essas coisas. – Mas estou aqui e ele está ali. – e de algum modo consegui percebe toda a saudade estampada nessas palavras. - ... – suspirou e balançou a cabeça. – Não faz sentido.

Silêncio.

Matt ainda continuou olhando para Will, eu fiz o mesmo. Observei, confuso pelas coisas que o garoto tinha dito, o loiro devolver o celular para Emma. A garota guardou o aparelho no cós da calça jeans e abandonou a expressão divertida que seu rosto tinha ao passo que Will parava de digitar no seu notebook e o fechava. Achei esses movimentos estranhos, mas então meus olhos alcançaram a figura musculosa e séria de Mark, que se aproximava deles. O garoto falou alguma coisa a eles e Emma respondeu e depois Will disse algo e se levantou, no entanto quando o loiro passou ao lado de Mark, este segurou-lhe o braço. Mark falou alguma coisa e então Will se virou na minha direção. O loiro cravou os olhos em mim e em nenhum momento olhou para Matt.

Will tinha o rosto muito sério e uma certa rigidez no maxilar e ao seu lado, Mark apresentava um sorrisinho zombeteiro no rosto. Uma parte de mim se sentiu extremante envergonhada enquanto a outra ficou irritada.

Observei Mark se inclinar mais uma vez em direção ao loiro e lhe sussurrar algo. Will soltou seu braço do aperto do outro como demasiada força e deu as costas aos seus amigos, a mim e a Matt.

– Will! Qual é, Will?! – Mark ainda gritou com a voz transbordando em diversão e sarcasmo. – Foi só uma brincadeira!

– Seu idiota! – Emma xingou alto o suficiente para todos na quadra escutarem. Ela empurrou Mark e então saiu atrás do Will, que há essa altura já tinha saído da quadra.

Mark ainda olhou em volta, o rosto cheio de irritação e então andou na direção oposta à que os amigos tinham ido.

– Perdi alguma coisa? – Liz surgiu de lugar nenhum tirando minha atenção da cena.

– Nada. – Matt respondeu.

Elizabeth se sentou ao lado de Matt. Ela tinha as bochechas levemente coradas e seus olhos verdes estavam brilhando, detalhes que denunciavam que o encontro no vestiário tinha sido mais interessante do que pensei que seria.

– Como foi? – Matt se pronunciou e ele parecia realmente interessado. – Conte todos os detalhes!

– Na verdade, - comecei. – não precisa contar nada não.

Liz riu e disse:

– Não quer saber os detalhes sórdidos? – a voz carregada de diversão.

– Não mesmo.

Ela colocou uma mecha cor-de-rosa atrás da orelha e me lançou um olhar malicioso. Então virou-se para Matt:

– Dylan me pegou....

– Opa! – me levantei. – To indo. Tchau.

– Ei, Noah! – Matt ainda chamou, mas ele estava rindo junto de Liz então não respondi ao seu chamado.

Eu simplesmente continuei descendo a arquibancada e sem querer senti meu olhar ir na direção do lugar onde Will estivera antes. E vi que tinha alguma coisa lá. Fui até lá. Me abaixei e peguei o objeto. Will tinha esquecido o notebook.

Segurei o objeto, olhei em volta. Observei Liz e Matt, mas eles não pareceram notar que o que eu tinha achado. Eles estavam entretidos demais na conversa para me notarem. Olhei para onde Will e Emma tinham ido, peguei o mesmo caminho.

E mais uma vez me vi de volta ao meu quarto, com o barulho da chuva batendo contra o vidro e o telhado de casa, os lábios de Will pressionados contra os meus, os meus dedos enfiados no seu cabelo... Ele me afastando quando a consciência voltou, o jeito desconcertado que o rosto dele adquiriu, a vergonha que senti e Will indo embora dizendo não saber o que tinha acontecido, pedindo desculpas. Ele parecia tão nervoso com o que tinha acontecido, que apenas o deixei ir. E desde então tenho ficado com essa confusão toda na mente.

O que eu devo fazer? Devo pedir desculpas? Ou devo me manter afastado?

Eu me sinto tão envergonhado pelo que fiz, porque de certa forma a culpa foi minha. Foi eu quem se aproximou, foi eu quem o beijou primeiro. Mas é claro, Will não mostrou resistência alguma durante o ato, mas ele me empurrou e isso devia contar como um sinal de que ele não queria isso, que eu tinha estragado alguma coisa. E eu me sinto tão culpado por isso, por ter estragado o começo da nossa amizade, porque eu sei que estávamos caminhando para alguma coisa legal. E o pior de tudo: eu gostei e isso tem me machucado mais do que imaginei.

Balancei minha cabeça, afastei esses pensamentos. Talvez se eu conseguir falar com ele. Pedir desculpas...

Foquei minha atenção no caminho há frente e percebi que já estava no corredor da escola. E logo avistei Will, parado em frente ao seu armário com Emma ao seu lado. A garota dizia alguma coisa para Will, que escutava tudo com uma expressão séria. Ele tinha os braços cruzados e as costas encostadas no seu armário. Respirei fundo e fui até lá.

– Oi. – me forcei a falar.

Emma se interrompeu e se virou para me encarar e Will apenas se limitou a levantar o olhar.

– Oi. – Emma me cumprimentou. – Você é o garoto novo. Veio de Los Angeles, não é?

Assenti.

– Que legal! E como é lá? Tem mesmo todas aquelas celebridades? – ela estava um tanto entusiasmada demais e foi inevitável que um sorriso surgisse no meu rosto.

Pessoas do interior.

– Acho que ele não veio aqui para fofocar sobre sua antiga cidade. Certo Noah? – e pela entonação que ele usou no meu nome percebi que Will estava irritado.

Resolvi me apressar.

– Bom... eu meio que achei seu notebook. – disse estendendo o note para ele.

– Uh. – ele pegou e toda a irritação que existia no seu rosto foi substituída por uma leve surpresa. – Obrigado. – até mesmo sua voz estava mais suave.

– Não há de que. – acabei dizendo, no fim das contas.

E então o silêncio tomou conta do local. Fiquei encarando o Will e ele fazia o mesmo comigo, e como numa provocação sorriu minimamente.

– Er... – Emma começou e ela parecia terrivelmente desconcertada. – Eu tenho que ir ali... então a gente se vê depois Will. E Noah, bom... até.

– Até. – falei e a vi ir embora balançando a cabeça e com um sorriso divertido no rosto.

Depois que Emma se foi, Will se virou de frente para o seu armário e o abriu. Guardou o notebook ali, o fechou e ficou parado de frente para o mesmo. Respirou fundo e eu fiz o mesmo, me preparando para dizer as palavras de uma vez.

– Olha, - comecei. – sobre o que aconteceu...

– Noah. – ele me interrompeu. – Não aconteceu nada.

Encarei suas costas. Surpresa tomando conta de mim.

– Eu só pensei que... – tentei falar, mesmo não sabendo o que dizer.

Me dei conta ali, enquanto tentava dizer qualquer coisa que o que eu esperava era uma reação totalmente diferente. E, agora, quando ele dizia isso, eu sentia como se alguém tivesse me dado um tapa.

– Talvez devêssemos parar com as aulas. – me interrompeu mais uma vez.

– O que? Mas...

Então o loiro se virou de frente pra mim, seu rosto sem expressão alguma.

– Já tivemos aulas o suficiente e me parece que você já está indo bem nas matérias. Já pode estudar sozinho. – então ele deu um passo pra longe de mim.

– Se isso for por causa do que aconteceu... – falei mais uma vez numa tentativa de fazê-lo mudar de ideia. Eu não podia deixar que ele se afastasse de mim assim, a única pessoa que eu tinha permissão para conversar. – Me esculpa. Eu não devia ter feito aquilo.

– Só... vamos parar, ok? – e deu mais um passo para longe de mim. – Sei que você vai se sair muito bem sozinho.

– Will. – chamei e fui atrás dele, segurei seu braço. – Não pode se afastar de mim só porque nos beijamos.

Ele soltou seu braço do meu aperto com uma certa brutalidade.

– Eu já disse que não aconteceu nada. – e seu tom era tão frio que me deixei ficar pasmo. – Agora me deixe em paz.

Ele me deu as costas e começou a andar. E eu fiquei parado, o vendo ir e ir e ir para longe de mim. Ao meu redor senti olhares sobre mim, mas não me importei com eles. Virei para o lado oposto ao que Will fora e comecei a andar, mas antes que eu desse cinco passos Liz me segurou pelos ombros.

– Brigou com seu amiguinho? – ela soltou.

– Não enche. – falei e me soltei dela, continuei em frente ao passo que escutava Matt e Liz resmungarem as minhas costas.

– Noah! – escutei Matt me chamar, mas não me virei. Mas logo ele estava aparecendo na minha frente, me fazendo parar de andar. – Calma aí, cara.

– Sem cabeça para conversar. – falei. – Me deixe ir.

Ele balançou a cabeça, meio sorrindo meio confuso.

– Então que tal darmos um tempo daqui? Tirar o resto do dia de folga? Você relaxa um pouco, eu relaxo um pouco, Liz relaxa um pouco. Todos ganham.

Olhei bem pra ele. E soltei o ar pela boca.

– Prometem que não vão fazer perguntas?

– Tudo que você quiser, querido. – Liz disse ao meu lado.

Sorri em resposta e logo estávamos os três gazeteando aula. Pulamos o muro de trás da escola e fugimos para “O lugar secreto” de Elizabeth e Matt, que no fim não passava de uma casa abandonada nos arredores da cidade, apenas alguns minutos da escola. Era uma casa colonial, caindo aos pedaços e com cara de casa mal assombrada. Entramos por uma janela quebrada e nos sentamos no chão de madeira de um dos quartos que existia no segundo andar.

– Olha o que eu trouxe. – Liz disse tirando uma garrafa de álcool da mochila.

Me apressei em tirar da mão dela, nem ao menos li o que estava escrito nela. Apenas destampei e tomei um gole longo, numa tentativa de lavar toda aquela confusão que estava nos meus pensamentos.

Eu sou gay?

– Ei. Ei. – Matt tirou a garrafa de minhas mãos. – Vai com calma. – e logo ele próprio estava tomando um gole tão longo quanto o meu.

– Ei! – Elizabeth protestou. – Assim não sobra nada pra mim. – e essa vez, foi ela quem tomou a garrafa das mãos de Matt e bebeu um gole.

Eu me encostei na parede e suspirei, sentindo o álcool queimar no meu estomago. Fazia tanto tempo desde a última vez que bebi, que acho que estava ficando fraco.

– Quer? – Matt me ofereceu cigarros, assenti e peguei um. Coloquei na boca e me inclinei em direção a ele, que acendeu pra mim com ajuda do isqueiro.

Logo senti o gosto amargo do tabaco na boca e fechei os olhos, encostando a parte de trás da cabeça na parede de madeira mofada da casa. Fechei os olhos e pedi silenciosamente que toda a minha culpa, confusão e arrependimento fossem embora junto com a fumaça que eu expirava.


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Notas finais do capítulo

Eu dei uma revisada por alto nesse capitulo, então qualquer erro avisem. Blz?
Hum... sobre o capitulo: esse capitulo tem uma pista sobre Will. Na parte que Matt diz aquelas coisas ao Noah e na parte que Mark sussurra algo para Will. O que será, han? Tirem suas próprias conclusões, adoro divagar com vcs nos comentários rsrs...
E é só isso!
bjs e comentem.



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