Antes que novembro acabe... escrita por OmegaKim


Capítulo 1
Um – Meu castigo é me mudar pra uma cidade nova.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Um – Meu castigo é me mudar pra uma cidade nova.

O sol vem direto no meu rosto, sou obrigado a cerrar as pálpebras e meio cego caminho até a entrada da minha nova casa. Com a caixa de quadros nos braços, torço mentalmente para não tropeçar e me estabacarno chão.

Acabei de me mudar pra essa cidade. Todos os créditos vão para o meu pai por causa disso. Afinal, foi ele quem me arrastou pra esse fim de mundo.

Eu morava em Los Angeles desde os seis anos, porque foi quando meus avóscomeçaram um processo pela minha guarda e da minha irmã e antes disso, eu morava emLondres. Mas depois que meus avós ganharam a guarda da minha irmã, meu pai não quis nos separar. E embora ele tenha ficado com minha guarda e tivesse bastante motivos pra sair dali, ele continuou em Los Angeles, o que me obrigou a continuar também. Foram dez anos vivendo lá. Dez anos construindo uma vida. Eu tinha amigos, uma namorada carinhosa, era popular na escola, morava num apartamento luxuoso e tinha tudo que queria na hora que queria, e todos que eu conhecia queriam ser com eu.

Mas então papai recebeu essa proposta pra trabalhar no hospital dessa cidadezinha do interior com menos de vinte mil habitantes, pra qual ninguém quer vim e aposto que nem ele queria vim, mas a perspectiva de ganhar duas vezes mais do que ganhava em Los Angeles foi o que o fez vim pra cá, claro, isso tudo e o fato de eu ter ferrado com tudo em LA. E aqui estou eu, tirando as caixas com nossos pertences do carro e colocando tudo na sala da nossa nova casa.

Ponho a caixa de retratos em cima da mesinha de centro na sala que papai já montou. Puxo as mangas da minha camisa até os cotovelos e já estou saindo pra buscar outra caixa quando meu pai me chama:

- Noah! Venha aqui, rápido!

Ele está no segundo andar. Subo a escada correndo, pulando degraus até que chego aonde ele está: no meu futuro quarto.

- O que está fazendo? – pergunto assim que passo pela porta e o vejo olhando pela janela, a minha janela, com um binoculo.

- Venha, venha. – ele me chama, seus olhos castanhos estão brilhando de entusiasmo. – Você precisa ver isso.

Que bonito, eu estou fazendo o trabalho pesado enquanto meu pai está espiando a vizinha.

Ando e paro ao seu lado, ele me passa o binoculo, o ajeito em frente aos meus olhos e de primeira não entendo o que vejo até que uma garota usando biquíni aparece diante dos meus olhos. Ela tem o cabelo num berrante tom de roxo e a pele muito branca, está de costas pra mim usando um biquíni preto de bolinhas brancas, que me faz lembrar do vestido de bolinhas que Bianca, minha namorada, usou na festa dos anos 80, no ano passado.Entrego o binoculo de volta pro meu pai, minha mente cheia de lembranças e meu coração pesado de saudade. Nunca quis tanto estar em um lugar como agora.

- Uma bela visão, não? Tirou a sorte grande, ficou com a melhor vista. – diz tocando meu ombro, um sorriso grande demais no rosto.

Saio do quarto sem dizer nada com o olhar desapontado do meu pai sobre mim. Ele provavelmente esperava que eu ficasse entusiasmado ou meramente excitado com a visão do corpo seminu da minha mais nova vizinha, mas não. Tudo que ele teve de mim foi um olhar triste sobre a bela moça.

Desço a escada vagarosamente e termino de carregar as caixas do carro, depois que coloco todas dentro de casa é quando meu pai parece e decide me ajudar, mas estou tão cansado e suado e todo sujo que me limito a assisti-lo abrir as caixas e guardar as coisas em seus devidos lugares. Já está noite quando a sala parece meramente arrumada, mas ainda não temos uma cozinha decente, pois o caminhão que está com os moveis grandes se atrasou e só vai chegar amanhã, então nos limitamos a pedir uma pizza e comer sentados no chão da mesma em meio as panelas envoltas em plástico bolha empilhadas no chão displicentemente.

- Noah, - meu pai começa. Seus lábios estão brilhantes por causa da gordura da pizza e ele tem uma mancha de ketchup na camisa azul. Ergo meus olhos pra encara-lo ao passo que dou uma mordida no meu pedaço. – sobre a garota...

- Tudo bem, pai. – me apresso em dizer mesmo com a boca cheia.

- Eu percebi que você ficou meio desconfortável com a situação. Quer falar sobre isso? – ele está usando o tom de médico quando vai dá uma notícia muito muito ruim, coisas que envolve sua morte em três meses.

Engulo a pizza e ela já perdeu o gosto, agora ela está descendo por minha garganta como concreto.

Sei o que ele está fazendo. Me analisando. Depois que mamãe morreu quando eu tinha 12 anos, ele tem sido mais protetor do que antes, tem me controlado mais do que antes e definitivamente, tem me questionado mais do que antes. É como se ele quisesse entrar na minha cabeça e descobrir meus segredos mais sórdidos, apesar de que não há nenhum. Mas então quando ele faz essa pergunta: ‘quer falar sobre isso?’tem o mesmo significado de quando ele diz: ‘me conte tudo, agora’. E em geral nunca sei como fugir dela, porque como agora eu não quero falar nada sobre isso e nem sobre coisa alguma. Mas se eu disser isso, ele vai me lançar o Olhar da Tristeza Suprema, que é como chamo o jeito tristes e brilhantes que seus olhos castanhos assumem quando me recuso a deixar que ele participe da minha vida.

No entanto, uma parte de mim quer falar sobre isso. A parte que está chateada por não morar mais em Los Angeles, onde minha vida inteira está. É movido por essa parte que acabo dizendo:

- A vizinha fez com que eu me lembrasse de Bianca. Quero voltar pra Los Angeles.

- Noah, não podemos voltar. E você sabe porque. – ele baixa o olhar.

- Mas eu prometi que ia me comportar, pai. Prometo que não faço mais. – digo, a pizza perdendo toda a minha atenção.

Papai volta a olhar pra mim. O Olhar da Tristeza Suprema estampado em seu rosto e os lábios comprimidos em igual tristeza. “Sinto muito, Noah”, ele parece dizer. Me levanto, não aguento olhar pra ele desse jeito. Dou-lhe as costas e saiu da cozinha. Subo pro meu quarto e me tranco lá, não sem antes bater bem forte a porta.

- Odeio esse lugar. – digo entre dentes me sentando no canto esquerdo do quarto e abraçando meus joelhos.

Eu sei que a culpa real de estarmos aqui é minha. Se eu não tivesse pegado aquele carro e dirigido bêbado e depois batido em um poste nada disso teria acontecido. Eu ainda estaria em Los Angeles, Bianca ainda seria minha namorada, meus amigos ainda seriam meus amigos e minha irmã ainda estaria perto de mim. Mas não, o acidente realmente aconteceu e agora não há nada que eu possa fazer pra mudar isso, porque pelo visto vou ter que morar nessa cidade pra sempre.

Meu pai não vem atrás de mim, ele não bate na minha porta horas mais tarde. Isso é uma das melhores qualidades do meu pai: ele sabe quando te deixar em paz. Então ele me deixou em paz pelo resto da noite. Aproveitei o tempo sozinho para me sentir miserável um pouco e depois acabei dormindo.


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Notas finais do capítulo

Esse foi só o primeiro cap, eu sei que não está muito legal mas apenas o considerem como um capitulo de introdução. Ok?
Bjs e comentem.
Sou nova no quesito romance yaoi...



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