Diário Virtual escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 7
Trabalho de Toco


Notas iniciais do capítulo

Olha como sou legal, dobradinha hoje *-* se eu não postar na semana que vem, lembre-se que postei a mais nessa semana u.u



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É estranho quando você, que sempre pegou a primeira roupa que via pela frente, começa a revirar o guarda-roupa inteira procurando algo decente. E só porque você procura, você não acha.

Agora, se eu resolvo ir de pijama pra escola e colocar só uma blusa de frio por cima, nossa, aparece roupa bonita. Vou ser sincera, não uso mesmo por descaso. Tem dias que só acordo, escovo os dentes, pego a mochila e subo daquele jeito, com a meia na pantufa e tudo.

Como não achei nada legal ali, peguei da minha irmã. Ela me devia, porque quando ela morava aqui, ela usava tudo o que era meu. Até minhas blusas curtinhas, que mal cabiam nela, ela colocava. "Valoriza o meu busto", ela dizia.

Peguei uma blusa de gatinho dela, minha melhor calça-jeans e fui pra escola. Chegando lá, achei que o David viria falar comigo ou algo do tipo, mas quando ele me viu, só acenou pra mim e continuou conversando com os amigos. Claro que eu não deixaria isso me aborrecer.

Enquanto os professores enchiam o quadro de textos, passavam trabalho atrás de trabalho e marcavam datas pra provas, me perguntei que conto de fadas era aquele.

Porque até onde eu sabia, quando a garota começa a ter um lance com o garoto, não existe mais professores dando aula, não tem mais trabalhos, não tem nada. A escola vira o palco pra um reality show, é onde vai rolar os pontos altos da minha vida amorosa.

As cenas de ciúme, briguinhas com a oposição (tipo as garotas que ficam com inveja porque eu to com o cara cobiçado). Cadê isso, gente? Minha vida ta tão errada que nem isso eu vou ter?

No intervalo, ainda fiquei na esperança dele vim falar comigo. Gente, eu estava de maquiagem e com o cabelo penteado. Sabe o que isso significa? Era o amor na sua mais crua personificação. Eu odiava maquiagem, pra mim era a mesma coisa que colocar pó na cara. Cabelo arrumado antes das 11? Nem no domingo na igreja.

E ele não veio falar comigo, mas outra pessoa veio.

— Ei, quanto 'cê cobra pra fazer meu trabalho de compensação de falta?

Porque na escola é assim, se você falta o ano todo, eles te dão uma lista de um moonte de exercício pra fazer, pra compensar essas faltas. O que eles fazem? Procuram os nerds pra fazer por eles.

Eu ia recusar, como todo ano, mas ai, sei lá. Eu fiquei pensando naquilo, sabe? Adivinha o que eu fiz?

— Me encontra no fim da aula que eu te dou a resposta.

Sim, eu fui pensar nisso. E fui contar pra coordenadora da escola.

— Ele disse que me pagava cinquenta se eu fizesse o trabalho dele, e eu meio que to pensando em aceitar.

Sheila, era o nome da coordenadora, passou um bom tempo me olhando. Acho que ela não tava acreditando naquilo. Mas quem ficou surpresa no final foi eu.

— Ah, faz então. A gente sabe que eles não vão fazer. Pega o dinheiro, vai estar ajudando elea mesmo.

E foi assim que, antes da aula, eu tinha a seguinte tabela :

X-Tudo : Todos os trabalhos feitos por 50,00

Combo : 4 trabalhos feitos por 20,00

[ Trabalhos disponíveis pra escolha no combo : geografia, história, química, sociologia, artes, inglês]

Duplex : Trabalho de matemática e física por 10,00

Individual : Um trabalho por 8,00

Então, no fim da aula eu tava lá, recebendo um monte de trabalho e pensando na grana. Só agora que caiu a ficha. Se eu nem dou conta de fazer os meus, pego resumo de resumo, como vou faser aquilo tudo? Mas acho que pensar em toda a grana que vou receber, vai compensar.

Quando eu vi o David, na saìda, ele parecia estar procurando alguém. O engraçado foi que quando ele andou até mim, meu coração acelerou e só depois que ele perguntou "pronta pra ir?" é que lembrei que agora eu e ele éramos... Na melhor definição, amigos.

E tudo bem que ele não elogiou minha blusa, cabelo ou maquiagem, mas ele perguntou o motivo de ter tanta gente ao meu redor minutos antes.

"Ah, nada não", eu disse, me perguntando o que ele acharia de mim se soubesse que eu sou da máfia agora e comando esquemas de trabalhos falsos.

A gente foi junto até a sorveteria, mal nos falamos e pensei se iria rolar aquele climão de novo, como no nosso primeiro encontro. Assim que a gente chegou aqui (na sorveteria), ele escolheu uma mesa, pediu pra mim sentar e disse que já voltava. Só que vai fazer uns 30 minutos que ele não volta, e eu to tipo, angustiada e ansiosa. E estou digitando no celular pra parecer distraída, e não uma otária que levou um toco.

Será que ele iria chamar os amigos pra me zoar? Alguém me filmava do lado de fora, tirando sarros do toco? Se bem que o David não era assim, ele era perfeito. Mas o medo da minha comédia romântica virar terror, é horrível...


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Notas finais do capítulo

Antes que alguém diga que nunca uma coordenadora diria aquilo, e que eu exagerei demais, um aviso : aquilo aconteceu de verdade comigo, minha coordenadora deixou e to cheia de trabalho aqui kkkk



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