Diário Virtual escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 4
A desolação do meu nome


Notas iniciais do capítulo

Gente eu postei esse capítulo hoje mais cedo, só que percebi que tava com erro no enredo. Apaguei e to recolocando com ele editado, ta? Se você já leu, seria legal reler. Se não leu, segue em frente.



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Tudo começou quando o garoto pelo qual sou apaixonada finalmente chegou em mim e conversou comigo. Mas ele não veio se declarar e dizer coisas como "eu sempre estive apaixonado por você e não sabia se você retribuiria meu amor, por isso não vim antes". Não, ele veio me dizer que alguém mandou meu diário virtual pra ele por email e pediu desculpas por começar a ler, pois ele não sabia de início que era um diário.

É, ele finalmente me notou. E fez de tudo pra me evitar e ficar o mais longe possível de mim. Eu sabia que ele tinha continuado a ler, eu sabia. Sabe como tive a confirmação?

Ele me convidou pra sair. Isso mesmo. E eu simplesmente vibrei, porque sabe como é, se o cara que você gosta te chama pra sair, você surta e diz Sim!! Até que você para e pensa. Por que ele te convidaria mesmo?

Quase liguei para o meu ex melhor amigo, quase. Porque eu precisava de conselhos. Como eu agiria nesse encontro? Era um encontro, ne? O que eu usaria? Como me comportaria?

Porém, Bryan e eu brigamos. Isso porque foi ele que mandou meu diário para o David. Então eu fui pedir conselhos pra minha mãe, e foi vergonhoso. Principalmente depois que ela descobriu que eu não ia sair com o David.

Ela segurava um vestidinho na mão, dizendo que estava esperando por esse momento a anos : o dia em que eu e o David finalmente sairíamos em um encontro.

– O qué? - eu exclamei, alarmada. - Por que eu sairia com ele num encontro? - perguntei, totalmente discrente.

– Não é com ele ? - ela perguntou, assustada. - Como assim não é com ele?

É, não foi nem um pouco legal. Me lembro de ter ficado vermelha que nem tomate e de ter participado de uma conversa que foi mais ou menos assim :

– É com o David, mãe, da minha escola. Não, você não conhece ele. Sim, mãe, eu já falei dele. Sim, mãe, o David sabe dele. Como ele se sente sobre isso? Por que o David deveria sentir algo sobre isso? É, ele não tem nada haver com isso. Ta bom, mãe. É. Pois é. - e isso durou por tipo, meia hora.

Ela parecia até que ia chorar, e eu também. A conversa tava estranha demais, então eu me mandei.

– Pois é, tenho que passar na biblioteca. Tchaw.

Só que eu não fui pra biblioteca, porque eu queria limpar minha mente. E fiquei andando por um tempão, até que me acalmei e voltei pra casa. Eu sei, foi infantil. Mas como você se sentiria se sua mãe chamasse o garoto que você ama de "esses garotos idiotas de hoje em dia" e brigasse com você porque você não ia sair em um -momento dramático- encontro com seu melhor amigo? O cara era como um irmão pra mim. Não consigo nem imaginar uma cena de romance entre mim e ele. Por exemplo :

Piratas do Caribe, no fim do mundo. William Turner virou capitão de uma tripulação amaldiçoada e só poderia ver sua amada a cada quatro anos. Como despedida, eles passam um dia todo juntos se beijando e conversando. Eu consigo me ver no lugar de Elizabeth Swan, mas Bryan no lugar do Will? Ele estaria mais pra Jack Sparrow (eu sei que está faltando um capitão). Ele é meu grande amigo de aventuras que me trai.

Pra se ter um exemplo, quando pintei meu cabelo de laranja pra ficar ruiva, um monte de gente na escola me zuou. Chegaram a me chamar de molho de tomate podre, macarrão azedo e caldo de salsicha. Isso me magoou pra caramba, e contei tudo ao Bryan. A primeira reação dele foi ter dado uma enorme gargalhada, e ele ainda ri toda vez que vê salsichas.

Continuando , então eu chego em casa e escuto minha mãe no telefone.

– Eu não sei, David, como você deixa ela sair com outro assim?

E eu fiquei com raiva, porque Bryan não manda em mim. Minha própria mãe estava insinuando que eu tinha que pedir permissão a ele? Por favor, ele tinha que deixar? Então subi para o meu quarto e liguei pra ele.

– Eu odeio você e quero você o mais longe possível da minha vida.

E é claro que me arrependi de dizer isso assim que desliguei a chamada na cara dele. Não sei o que deu em mim naquela hora, e ainda não sei o que houve.

Minha mãe entrou no meu quarto minutos depois e perguntou se eu estava bem. Eu disse que sim, e ela começou a pedir desculpas, disse que se eu quisesse podia sim sair, com "aquele garoto da sua escola".

E passei o resto do dia assim, entre triste e irritada, me segurando pra não chorar. Não me pergunte, eu não sei o que se passa comigo. Deveria ser o melhor dia de todos e ficou tão esquisito.

A verdade é que, bom... Aquilo passava na minha mente toda hora. "Não é com o Bryan que você vai sair? Como ele se sente sobre isso?". Devo admitir, eu estava me sentindo culpada.

Então mandei um sms pra ele.

"David me convidou pra sair. Queria saber se vai ficar tudo bem se eu for".

Eu esperei por quase uma hora a resposta, até que decidi tomar um banho e me arrumar. Coloquei o vestidinho rosa que minha mãe escolheu pra mim, e fazia um coque no cabelo quando me olhei no espelho. E digo olhei num sentido de examinar melhor.

Deixei meu cabelo solto, coloquei uma calça jeans e uma camiseta de basquete. Bem melhor.

Quando estava saindo de casa pra me encontrar com o David, meu celular finalmente apitou.

"Divirta-se"

E é claro que fiquei triste e magoada com essa simples mensagem. Divirta-se? Era só isso que o Bryan tinha pra dizer pra mim? Porque eu poderia mandar ele enfiar aquela diversão num lugar.

Em resumo, quando cheguei no lugar onde marcamos de nos encontrar, eu já estava mais do que nervosa. Chateada, irritada, triste, querendo voltar pra minha cama ou qualquer coisa do tipo. Só que todos os problemas foram esquecidos quando vi ele sentado em uma mesa, olhando pra mim. David.

Ele era perfeito. Aqueles olhos verdes incandescentes fazia com que meu coração batesse mais forte. Minhas mãos suavam, meu corpo todo estava ofegante. E confesso que fiquei com medo de transpirar tanto que minha camisa ficasse molhada debaixo do braço. Sabe como é, aquele círculo enorme de suor.

Andei até ele, mas me pareceu uma caminhada até o inferno. Sabe quando você ta andando e parece que tem alguém olhando? Foi bem pior porque quem me via era o carinha que eu gostava. Juro, morri de medo de tropeçar ou fazer papel de idiota.

Me sentei na cadeira em frente a ele e disse "oi". David também disse "oi" e eu fiquei tipo, caramba, o que eu falo com ele? Como eu iria conseguir comer algo na frente dele ou conversar com ele?

Os primeiros dez minutos, tenho que dizer, foram horrìveis. Um olhava para o cardápio, como se estivesse se escondendo, outro batia os dedos na mesa. E não tinha assunto nenhum.

Pedimos um suco de laranja natural e alguns salgados. Ver ele comendo me fez ter coragem de comer também. Afinal, sou só eu ou mais alguém tem vergonha de comer na frente de outros que não são seus amigos ou da famìlia?

As coisas melhoraram depois, quando ele perguntou se eu queria andar com ele. A gente caminhou por algumas ruas e a conversa foi quase assim :

– Então... Eu sei que disse que ia parar de ler o seu diário, só que eu não parei.

– ...

– E eu sinto muito, porque isso foi invasão de privacidade. Eu me forçava a para e até mandei mensagem pra'quele menino, Brandon...

– Bryan.

– É, esse mesmo, o que mandou seu diário. Perguntei o motivo dele ter me mandando aquilo, talvez tivesse sido sem querer. Mas ele só disse pra eu continuar lendo que eu iria entender.

– Aquele desgraçado... - sussurrei, com raiva.

– Perdão? - ele perguntou, e eu disse que não foi nada não.- A questão, Cassi... Digo, Kathe, é que eu sou completamente apaixonado por você e percebi isso lendo tudo aquilo.

Tudo bem, me pegaram. A última parte foi mentira.

– A questão é que aquele diário mostrava mais do que o dia-a-dia de uma adolescente. Mostrava você, uma garota com seus dramas. E não vou negar, me assustei pra *#&@&@ com algumas coisas que eu li. Principalmente de algumas declarações suas pra mim. Você queria um fio de cabelo meu?

Nessa altura do campeonato eu estava tão vermelha como camarão, torcendo pra ele calar a boca, encerrar logo aquele "encontro" e fingir que nada daquilo aconteceu. Contudo, ele me surpreendeu com isso :

– Acho que agora entendo um pouco mais de você e me sinto ligado a você. Quero dizer, agora eu sei de coisas que nem sua mãe sabe. E eu queria saber se você quer tentar... Ser minha amiga.

Tudo bem, tudo bem, eu sei. Não foi um pedido de namoro. Mas cara, isso foi a melhor coisa que eu ouvi em um longo, longo tempo.

E apesar de ter ficado parada naquele momento e de ter apenas acenado com a cabeça, por dentro eu estava tipo AI MINHA NOSSA SENHORA DA BICICLETINHA SOCORR AI SEN ÔR ME SOCORRE VOU DESMAIAR.

Ele me levou até a porta da minha casa e nessa volta, ele começou a dizer umas coisas sobre mim. Como o fato de eu mesma ter mudado meu nome de Cassidy pra Kathe Lyn. E pediu pra que eu contasse a história disso. No começo fiquei constrangida, mas no final, ele estava rindo tanto que até eu ri.

– Quando eu era pequena, minha mãe disse que meu nome veio como homenagem a minha avó paterna. Só que eu mal via essa mulher na minha infância, e conforme fui crescendo ela sumiu de vez. Nunca mais tive contato nem nada. Fiquei com raiva disso e resolvi mudar meu nome. Eu devia ter uns oito, nove anos. Me nomeei Kathe. Dá pra parar de rir por um minuto? Minha mãe não levou a sério e disse que isso era coisa de criança. Só que ela foi chamada na escola, porque eu tinha feito todo mundo me chamar de Kathe e me recusava a responder a chamada na sala de aula se os professores chamavam Cassidy. Ela não mudou no cartório, mas pegou. Me sinto com três nomes. É que tipo, além de me chamarem de Kathe e Cassidy, meu amigo Bryan me apelidou de Lyn. É, eu sei, a história do meu nome é estranha.

David, em certa altura, chegou a dizer que eu era fascinante, e que nunca tinha conhecido uma garota tão interessante quanto eu.

Ele me deu um beijo na bochecha, disse que me veria amanhã na escola e saiu andando. E é claro que quando eu cheguei em casa, algo tinha que estragar minha felicidade. Parecia que a família estava toda ali, me vendo entrar suspirando de amor. Incluindo minha irmã e Bryan.


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