Diário Virtual escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 22
Dane-se todos eles


Notas iniciais do capítulo

Genteney, quase não postei aqui hoje, to beeem enrolada aqui.

Se eu passar a atualizar a fic só nos dias de segunda, iriam ficar chateados?

E amanhã tem capítulo de Garota Imperfeita, corram pra lá ♥



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Querido Diário, tenho uma adivinha pra propor a você. Quero que diga o nome de uma pessoa que dá conselhos pra geral mas não segue nem um terço do que está falando. Melhor, diga o nome de um ser que dá conselhos a si mesmo e não cumpre com o que promete.

Claro que você sabe quem é, sou eu. Eu que faço prometas, que estipulo metas e acabo riscando os itens porque desisti deles. O que me anima é que foi por uma boa causa.

Hoje tive que acordar com um grande empurrão da minha mãe, que me empurrou da cama para o chão. Não estava muito afim de ir pra escola não. Queria ficar na minha cama o resto do dia, desfrutando do meu tédio.

Infelizmente, acabei tendo que jogar a água fria no rosto e saindo de casa com a mochila nas costas. E adivinha quem estava me esperando na rua da minha casa?

Não, não era o Jhonny Deep nem o Robert Downey Junior, porém, quase tão bom quanto. E eu poderia ter surtado ou dado gritinhos se não fosse pelo fato de, sabe como é, eu ter desligado o celular na cara dele e ignorado suas mensagens. Evitado olhar pra ele ou falar com ele pessoalmente. E indiretamente ter feito com que ele faltasse na escola. É, eu sou um monstro horrível e insensível.

Fui andando até o David de cabeça baixa, me chutando por dentro. Por que eu não tinha passado um mísero batom? Ah, sim, porque não queria parecer a minha irmã de jeito nenhum. Espera, por que eu tinha sido tão idiota com ele?

Parei quando cheguei perto dele, e finalmente olhei pra ele. Davia fazia uma cara tão engraçada, como se tivesse visto algo engraçado. Talvez tivesse. Seus lindos olhos verdes brilhavam daquele jeito que fazia meu coração se derreter, e senti meu rosto esquentando numa velocidade impressionante.

– O que está fazendo aqui? - perguntei, ciscando pedrinhas no chão.

– Te esperando. Agora não vai ter como você fugir.

Juro, senti borboletas no estômago, e senti vontade de abraça-lo e de sair correndo. A segunda opção por conta do medo porque eu queria fugir, ainda mais com aquela situação. A primeira porque as borboletas pareciam sobrevoar minha barriga, foi tão fofo o que ele disse. Ou talvez fosse fome o que senti. Se bem que fome era dava uma sensação ruim, não boa. 

David então pegou na minha mão, e começou a andar comigo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Fiquei calada, esperando pelo momento em que ele diria algo, mas não saiu uma palavra da boca dele por livre e espontânea vontade, tive que tomar uma iniciativa.

–David? - perguntei, toda cheia das timidezes da vida. - Tem alguma coisa... pra falar comigo?

– Eu não. - ele respondeu. - Você que precisa falar algo.

Na primeira parte do trajeto, tentei puxar minha mão algumas vezes, ela suava muito e não queria que ele percebesse. Mas David não deixou eu soltar, e acabei me acostumando com aquele contato.

– O Bryan me beijou. - falei, por fim, tirando o peso das minhas costas.

David soltou um looongo suspiro, mas só respondeu com uma outra pergunta :

– É só isso? - e eu fiz que que sim com a cabeça, mesmo sabendo que não era só isso coisísima nenhum. - Espera aí.

Então ele encostou a boca dele na minha e tentou enfiar a língua dele pela minha, elas se encostaram e foi super... não quero nem descrever aquilo, só posso dizer que passei o beijo todo de olhos abertos. O meu PRIMEIRO beijo de língua, eu acho, e mal proveitei o momento. Tudo o que eu podia pensar era que a saliva dele encostava na minha.

Parecia tão simples, sabe? Só que o significado por trás daquilo foi imenso pra mim, sentia algo quente dentro de mim. Queria que durasse pra sempre, queria que o David nunca tivesse parado. Ele queria me dar um beijo melhor que o do Bryan? Bom, foi diferente, sem dúvida nenhuma. E não aproveitei como deveria ter aproveitado, e foi nojento. Mas e daí? Amadurecer talvez fosse isso, apreciar coisas estranhas. Os adultos veneram o café, então o famoso BDL seja isso mesmo. Preciso consultar na internet.

Foi bonitinho o beijo dele.  Rápido, mas disparou algo dentro de mim. Voltamos a andar de mãos dadas com um sorriso no rosto. Alguns alunos que estavam por perto ficaram apontando pra gente e olhando, o que foi desconfortável pra nós dois. Sei disso porque vi as bochechas dele corada, ou posso ter errado de novo e era só o frio.

Assim que chegamos na escola, dei um beijinho na bochecha dele, o que o fez ficar mais vermelho ainda, e fui pra minha sala.

Sentei no meu lugar habitual, na frente, e esperei que a sala fosse se enxendo. Dei graças a Deus por não ter visto sequer um sinal da Ana Paula, mas alegria de pobre dura pouco. Tivemos que descer para a sala de vídeo, e tinha um moooonte de gente lá.

Vi o David sentado com os amigos dele, no fundo, e pensei em me sentar do lado dele. Mas o Miguel ocupou o lugar e me olhou daquele jeito debochado dele, como se estivesse me desafiando a algo, e me sentei num canto.

O que podia ser pior do que sentir seu namorado te olhando lá do fundo com os amigos dele, e saber que provavelmente o assunto da rodinha era você? Uma especialista sobre bullyng aparecer e fazer um longo discurso sobre o tema.

Eu queria morrer naquele momento, sumir pra bem longe. A mulher ainda teve a capacidade de chamar meu nome e pedir pra que eu desse meu depoimento lá na frente, quem tinha dúvidas sobre se o simpósio era pra mim não teve mais.

Eu fiz que não, claro, e me afundei o máximo que pude na cadeira. Mas quer saber? Dane-se. É, eu estava sendo falada por um monte de gente, que cochichavam sem disfarçar.

– Aquela garota sofre bullyng?

– Quem fez bullyng com ela?

– O que ela falou pra chamarem um especista aqui?

– Ouvi dizer que ela chamou a polícia.

– Aposto que é tudo fingimento, pra pagar de boa moça.

Quando o sinal do intervalo bateu, tentei sair nas carreiras dali, querendo ir para o mais longe possível.

Então senti alguém segurando no meu braço e quando me virei, David estava ali, me segurando pela cintura. E sussurrou no meu ouvido :

– Quer ir ao baile comigo?

E eu disse sim, porque naquele momento eu queria mesmo que tudo fosse pelos ares. E sim, descumpri o que eu prometi sobre dar um tempo de garotos.

O que importa mesmo é que tenho um namorado incrível me esperando na porta do banheiro feminino, porque ele com certeza sabe que estou demorando por conta de você, diário.

Quem se importa se eu estou do lado do David na mesa do refeitório, e que o Miguel não para de me fuzilar com um olhar. Quem se importa se continuam olhando pra mim e comentando um monte de besteiras?

Eles não sabem da minha vida, e não devo satisfação a ninguém.


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Notas finais do capítulo

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Obrigado gente