Diário Virtual escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 21
Pensando em Mim


Notas iniciais do capítulo

Genteney, gostaria de dar as boas-vindas para Rocket_Queen, a mais nova leitora ♥

E agradecer mais uma vez a todos que estão me acompanhando até aqui.

Estamos chegando aos 100 comentários e OMG, duas MIL visualizações, e isso pra mim é mais do que podem imaginar.

Obrigado a todos e leiam as notas finais u.u



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Não consegui dormir noite passa, e passei a madrugada toda bem dizer terminando aqueles malditos trabalhos. O que consola esses meus dedos esfolados é a grana que receberei.

Pensei em muita coisa, e com isso quero dizer que não pensei em nada. Não chego a lugar nenhum, estou mais perdido que gente honesta em Brasília, e essa parede enorme e sem fim não sai da minha frente.

Talvez eu devesse para de tentar derrubar esse muro na base do tapa, e ao invés se usar a força que não tenho usar a mente. Por que não contornar ela? Tem que ter um fim, tem que ter como rodeá-la.

Ou eu tenho mesmo que parar de esperar que uma porta se abra  e quebrar ela na voadora. Porque apesar da paciência ser uma virtude, ela está em falta comigo.

Me sinto quase melhor, essa é a verdade. Quero dizer, não é como se eu tivesse resolvido todas as questões pendentes, exceto a dos trabalhos que eu precisava terminar. Mas será que eu devo mesmo ficar pensando nessas coisas por tanto tempo? Não seria mais prudente esquecer isso por alguns momentos, pra dor de cabeça sumir? Eu to quase deixando de mão, largar um pouco essas preocupações.

Fiz uma maratona e me sinto revigorada. De série ta, não de corrida. Sou da geração saúde que está criando raízes na bunda. Assisti a primeira temporada todinha de MR. Robot, e acompanhei um documentário que passou na tv sobre a AIDS.

Era uma estudante, chamada Melanie, que ia falando sobre a vida dela e a superação que teve. A coitada nasceu com hiv, e me senti tão triste por ela. São nesses momentos que vemos que, por mais que nossa situação esteja ruim, sempre tem alguém pior.

Eu estava chorando no fim do documentário, chamado Recomeço, quando minha mãe entrou no quarto. Foi meio constrangedor ter que explicar que eu chorava por causa de uma pessoa na tv, mas pelo menos dessa vez a pessoa existia de verdade, mamãe detestava quando eu chorava por personagem. Ela entendeu que foi por causa da aids e que me comovi com o lance, e não pediu mais explicações. E ainda ficou surpresa por eu ter "acordado cedo". Mal sabe ela dos esquemas.

Senti cheiro de pão de queijo e desci pra cozinha pra tomar café da manhã. Depois disso fomos pra escola, pra "resolvermos a situação". Claro que tive que trocar de roupa antes, mamãe não ia me levar comigo parecendo um mendigo -palavras dela. Até parece que não vou toda esculhambada pra escola com a primeira roupa que vi todos os dias.

Fiquei sentada enquanto a mamãe resolvia tudo, e com isso quero dizer que ela gritava :

— É bom vocês darem um jeito ou vou chamar a polícia!

Disseram que eu poderia ir pra escola amanhã, e que iam dar um jeito nesse lance do bullyng. Não sei bem o que pensar, e não sei se vai vim coisa boa. Não fiquei tão empolgada com a notícia, e não me levem a mal. Só que, e se piorar? Até agora não fizeram nada de muito grave, não como nesses filmes americanos.

Passei o resto do dia pensando, analisando, refletindo, e acho que nada mais importa. Preciso pensar mais em mim do que em garotos nesse momento, e não quero bancar a egoísta. Porém, estou numa confusão sem tamanho, nem sabendo quem sou eu. O que eu quero, o que vou estar fazendo daqui a uns anos? Eu sei, crise existencial é uma merda.

Minha irmã disse que estou na bad, e que seria interessante se eu escrevesse sobre como me sinto. Eu e a Bad, ia dar uma história fantástica haha. Só que não.

Ei, quem sabe eu não faça isso mesmo. A bad é a única que me restou, a que está comigo nesse momento difícil. E você, diário, não posso me esquecer de você.

E adivinha pra quem mandei mensagem hoje? Não me julgue, mas eu estava me definhando no tédio, e fiquei passeando pelo meu email. Sabe, dando aquela limpeza básica. Pensei em tentar conversar com alguém por ali e quando dei por mim, tinha mandado uma mensagem pra Rebecca.

"Como vai sua condicional? ", perguntei, só pra tirar sarro. E e questão de minutos, ela respondeu que ia me surrar ao ponto de realmente ter que entrar numa condicional, como se ela pudesse fazer isso. Eu sou da família, não se bate em família.

Então fiz a loucura de pedir um conselho pra ela e além do "vá para o diabo que te carregue", ganhei um "seja você mesmo, otária, ou seja eu".

Por incrível que pareça, o "seja você mesma" me ajudou a levantar meu ânimo, e me sinto, como eu te disse lá no início, quase melhor. E uma coisa que me resume é escrever nesse diário, então tive que vim aqui, colocar por escrito ajuda a organizar meus pensamentos.

1) Se esse diário é quem eu sou, Bryan vendeu minha alma. Na verdade nem chegou a vender, deu de graça. Não interessa se foi para o garoto que eu gostava, se foi pro Papa, pra presidente. Isso é meu e total invasão de privacidade.

Confiei nele, e apenas nele. Só o Bryan sabia meu login, ele podia vasculhar o que quissesse, apesar de que a maior parte eu falava pra ele mesmo, não tinha tanta novidade. Ele não tinha esse direito, o de me expor.

E tudo bem, talvez isso seja birra minha. Mas se ele gostasse de mim de verdade, mesmo que levasse anos pra dizer -porque eu sei como é difícil se declarar, custava me dizer cara a cara, ou me escrever um bilhetinho?

Eu nunca fiz algo assim com o David e nunca faria. Isso foi ajudar? Okay, ajudou. Mas não foi do jeito certo. Adianta trazer comida pra mesa se o dinheiro foi roubado? A gente mata a fome, mas se consome por dentro. Aquele dinheiro não é nosso, portanto, a comida também. Cadê o prazer de uma boa refeição, a honra?

E aquele beijo de ontem? Como ele me dá um beijo se sabe que estou comprometida? Eu traí o David, indiretamente ou não, e isso não se faz.

Mesmo que as coisas estejam ruins ou estranhas com o David, isso jamais me daria o direito de abusar da confiança dele. Eu sou uma pessoa honesta, mesmo que com linhas tortas. Posso ter feito trabalho para os outros, mas caramba, cheguei a pedir autorização da coordenadora.

Nunca, jamais iria machucar alguém intensionalmente. Da mesma forma que eu não ia gostar de saber que o David deu um selinho em outra, talvez ele não goste do que fiz. Ou não se importe, vai saber. Mas não se faz com os outros o que não faria com você mesmo.

2) David já me pediu pra parar, ou pelo menos diminuir a frequência com esse diário. E por mais que as razões dele sejam sensatas, como :

A- Preciso me comunicar com as pessoas cara a cara. Do que adianta escrever sem inibições se mal consigo dizer um "oi" pra alguém?

B- Total falta de segurança, alguém pode hackear se for online, podem roubar se for físico. E isso já aconteceu comigo, das duas formas, tive minha privacidade invadida.

Mas isso é quem eu sou, e não vou mudar do dia pra noite por ninguém. Como vou tirar de mim minha essência? Não vai ser a força. Por que ele iria querer que eu mudasse, se me apoia 100% da forma que sou?


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Notas finais do capítulo

Quem aqui gosta de fantasia e aventura? O Senhor dos Anéis? RPGs?

Meu amigo Nate começou a postar uma história com essa temática no nyah, deem uma olhadinha :

https://fanfiction.com.br/historia/674541/Caleanor_O_Paladino/