Diário Virtual escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 19
Desencontro do mal interpretado


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dar as boas-vindas a todos os leitores novos, e agradecer aos que permanecem me acompanhando. Não passei no sisu :'( um ano inteiro de estudos pra nada :'( mas não dá pra desanimar ne?

Ah, e sei que alguns leitores de Garota Imperfeita andam meio na revolts ne.

"COMASSIM VOCÊ ATUALIZA DV DUAS VEZEA POR SEMANA E DEIXOU GP EM HIATUS TEMPORÁRIO?"

~le eu desviando dos pontapés e porradas

Genteney, eu escrevi no celular um capítulo de GI tantas vezes que desanimei, meu celular desligava toda hora e me fazia perder o trabalho feito. Acho que só atualizo ali quando tiver posse do meu futuro notebook.

Boa leitura



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Querido Diário, pensei que as coisas não poderiam piorar, e mais uma vez vejo o quanto estava errada. Se bem que, dessa vez, a culpa não é inteiramente minha.

Passei a noite me revirando na cama, pensando no discurso que faria para o David. Assim que julguei apropriado, me levantei da cama e fui me arrumar, mas ainda era muito cedo. Assisti um pouco de televisão, atualizei minha docete em Amor Doce, até ensaiei na frente do espelho, e foi mais vergonhoso do que parece.

"Eu sinto muito pelo meu comportamente, David, vamos voltar um pouquinho no tempo? "

"David, eu tenho sido uma grande idiota. Quer recomeçar?"

Fiquei com pena de mim mesma e resolvi ir pra escola. Andei o mais devagar que conseguia mas mesmo assim, cheguei uma hora adiantada.

Por sorte, não tive que passar muito tempo congelando no frio; a garota responsável por abrir os portões me viu e me chamou pra entrar.

A Thawane, esse é o nome dela, é uma garota bem magricela. Ouvi boatos de que ela tem bulimia e depressão, mas nunca dei muito crédito a isso. Quero dizer, agora eu também era alvo de fofoca de certos alunos, e nem tudo o que diziam de mim era verdade.

Thawane devia ter uns vinte e pouquinhos, e fazia faculdade. Nunca conversei com ela, pra ser sincera, então não sei de muitos detalhes. Vi ela colando uns cartazes na parede e resolvi ajudar, até porque ela tinha me feito um favor enorme ao abrir o portão.

E adivinha só o que tinha naqueles cartazes? Um anúncio oficial de que haveria um baile no fim do ano letivo, e o aviso dizia que todos deviam ir em pares. E ali começou minha primeira aflição do dia.

Tipo assim, o David me convidaria? E se ele convidasse outra? E se ele não me convidasse? E se outro garoto me convidasse? Sei que a última opção era no mínimo cômica, mas deu pra entender.

Fiquei pensando tanto nisso e no vestido que usaria, enquanto colava cartazes por toda a escola, e logo o sinal bateu. Fui para a entrada, esperando o David aparecer, e não vi sinal dele. Tive o desprazer de ver os amigos, e olhar pra eles me dava uma agonia danada.

E pode parecer implicância minha ou imaginação, como sempre, mas juro que um a um, os amigos dele iam passando e me fuzilando com os olhares. Miguel foi o pior deles, nem disfarçou o ódio latente, e tenho certeza que o movimento da boca dele significava um "IDIOTA". Sério, o que fiz pra ganhar tanto desprezo?

Quando o sinal tocou de novo, e a Thawane foi fechar os portões, me recusei a ir para a sala. Não durou muito a minha espera por ele na secretaria, a inspetora veio e me expulsou dali. E essa foi minha segunda aflição do dia; o David tinha faltado e os amigos dele pareciam até que me culpavam.

Ele estava doente? Tinha se dado conta da besteira que fez ao se oferecer pra ser meu namorado, se jogado de uma ponte ou se enforcado com uma corda como um protesto suicida?

No caminho pra minha sala, topei com o Miguel. Ele, como sempre, estava dando em cima de alguma garota, e pensei se seria uma boa perguntar a ele o que tinha acontecido. Estava bem dividida sobre fazer isso, mas ele acabou escolhendo por mim quando perguntou :

– O que você quer? - como se eu fosse uma criatura repugnante que não merecia estar respirando o mesmo ar que ele.

– O David... ele... só queria saber... - eu gaguejei tanto que a menina começou a rir.

Ela deu um beijinho no queixo dele, sussurrou um "até depois" com a voz mais fingida e afinada que alguém poderia fazer e foi embora. E é claro, Miguel me olhou com raiva de novo, me culpando por ter feito a mina dele sair.

– O que... Você... Quer? - ele perguntou pausadamente, e realmente cheguei a ficar com medo.

– Ta tudo bem com o David? - perguntei por fim.

Ele me olhou de cima a baixo por uns bons segundos, e suspirou, talvez percebendo que eu não fosse uma ameaça nem nada.

– Ele foi te esperar na rua Alameda, aquela que você sempre usa pra vim. - ele respondeu.

– Por que ele faria isso? - perguntei, não acreditando.

– Ele não te encontra na entrada nem na saída. Deve ter achado que, se te esperasse, você não poderia fugir. - Miguel disse, dando de ombros. - Mas pelo que parece, não funcionou. Você está aqui e ele, idiota como é, deve estar te esperando até agora lá.

Me senti muito culpada, porque se eu não tivesse saído tão cedo, teria visto o David. Miguel se afastou, indo pra sala dele, e decidi ir pra minha. E assim começou minha 3° aflição.

O professor Jean era o mais chato em se tratando de horários e regras, e tive a infelicidade de dar de cara com ele ao abrir a porta. Descolei aquela velha desculpa do "eu estava na diretoria resolvendo uns problemas lá", mas nem isso evitou que ele anotasse meu nome no caderninho dos "Descarregos", o que me garantia um intervalo inteiro de castigo fazendo cópias.

Ele me mandou sentar, mas a única cadeira vazia estava bem no meio da panelinha dos populares metidos e esnobes. Fui pra ela, morrendo de vergonha, e coloquei minha mochila em cima da mesa. Tentei me sentar na cadeira, só que o espaço era muito pequeno, e pedi pra garota da frente me dar um espacinho.

– Vê se pode. - ela perguntou, arrastando a carteira pra frente. - Ela acha que pode se sentar com a gente, e ainda pede espaço.

A garota, Ana Paula, me encarou cheia de desdém, mas eu já estava me acostumando com esses olhares. Aliás, qual é o problema dessa gente? Voltamos ao período em que um príncipe não podia ser visto com uma empregada?

Me sentei na cadeira, tendo que encolher a barriga. Pensei em pedir pra que ela fosse um tiquinho mais pra frente, mas ouvi ela me chamando de IDIOTA e decidi ficar quieta.

Passei a primeira aula inteirinha ouvindo eles rindo, fofocando, brincando e falando mal de mim como se eu não estivesse ali. Quando pedi pra pararem, só mandaram que eu deixasse de ouvir a conversa dos outros, como se fosse possível.

Na segunda aula, eram duas seguidas, Jean deixou de passar lição na lousa e passou a explicar a matéria, mas eu mal o ouvia. Teve um momento em que implorei pra que falassem mais baixo, mas fui duplamente ignorada.

Suportei imitarem minha voz, falarem da minha roupa, do meu jeito de falar. E minha paciência durou até a Ana Paula pronunciar umas palavras que quase me fizeram dar um tapa na cara dela. Mandei ela calar a boca, e de repente a sala toda ficou em silêncio. O professor me olhou pasmo, por cima daqueles óculos dele, e perguntou se eu estava bem.

Eu sei, eu sei, devia ter calado a boca e encerrado a discussão. Mas sei lá... aquelas risadinhas de deboche, as zueiras, e AQUILO que ela disse foram a gota d'água. Era tão melhor quando eu era a invisível, ninguém me via e ninguém me perturbava. Então eu era a namorada do David e de repente todos olhavam pra mim.

"Ela se acha só porque agora é a namoradinha do David, quando todo mundo sabe que que ele só ta com ela por pena"

Acha que não sei disso? As pessoas se perguntavam isso e merda, eu também. O que o David viu em mim? Me levantei e disse em alto e bom som :

– Não, professor, não está nada bem. - respondi, furiosa. - Essa garota acha que sabe alguma coisa sobre mim ou sobre o meu namorado, e está me provocando!

A sala inteira reagiu em coro, com uns "Oohs", "Orra, "Ahhs" e " não deixava". Ana Paula fez cara de paisagem, provavelmente surpresa com a minha reação.

O que ela tinha dito antes, sobre o David ficar comigo por piedade, continua rodopiando pela minha cabeça. Me lembro que na hora eu fechei as mãos e punho, não com raiva mas pra controlar a vontade de chorar.

A verdade é que talvez ela tenha razão, e isso me machuca. Claro que não foi nada comparado ao que ela disse depois de se recompor.

– Acha mesmo que não sei de nada? Deixe-me dizer uma coisa, sua nerd estúpida. Onde acha que o seu querido David foi no primeiro encontro dos dois? Você ficou uns bons minutos sozinha, não foi? Aposto que nem sabe o que ele foi fazer, deve ter acreditado na primeira mentira que ele contou. Mas eu sei, ta, eu sei!

Nessa altura, a gritaria era tanta que chamou a atenção da vice-diretora, que quis saber o que estava acontecendo. O professor Jean parecia prestes a desmaiar de tanto pavor, e disse a ela que "essas duas estão quase se estapiando por causa de macho". E nós duas fomos levadas pra diretoria.

Ana Paula mexia no celular, digitando freneticamente, e pensei em como ela podia parecer tão relaxada quando estavam ligando para os nossos pais.

Levei a primeira suspensão da minha vida e pra fechar com chave de ouro, minha mãe gritou tanto comigo que achei que ficaria surda.

– Em TODA A MINHA VIDA, jamais acreditei que JUSTO VOCÊ, eu esperaria qualquer coisa da sua irmã, ah, mas VOCÊ, a ÚNICA que pensei que tivesse um pouco de juízo...

É, essas palavras entraram pelos meus ouvidos e foram parar no coração. Passei a tarde toda trancada no quarto, jogada de qualquer jeito em cima da minha cama.

O mais interessante é que até agora, ninguém perguntou minha versão dos fatos, o meu lado da história. Mas não sei se eu diria mesmo que perguntassem.

Dedinitivamente, não foi assim que imaginei meu dia, e olha que pensei que acabaria em cada merda...


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Notas finais do capítulo

Gente, tem uns altos errinhos nos capítulos anteriores, como o fato de eu ter trocado os nomes Bryan e David várias vezea -como a Vick mencionou- mas isso vai ser solucionado ta? Minha beta ta revisando os capítulos, e espero diminuir eles daqui pra frente.

Beijooos