As mãos de Haruka subiram pelas costas e pelo braço de Makoto, sentindo a pele exposta do braço e a pele oculta pela roupa, concentrando-se em cada movimento dele, reagindo a cada sensação que ele lhe causava. Era um pouco assustador, ainda agora, como deixava de ser ele mesmo para se justapor à existência de Makoto.

Ele, que sempre quis ser independente, sorvia o ar com que Makoto preenchia seus pulmões, rendendo-se, alimentando-se de beijos. Ele, que odiava a solidão, e havia demorado tanto para perceber que nunca esteve sozinho e nunca estaria. Ele, que por vezes, odiava-se, não poderia mais fazê-lo, porque ele não era mais apenas Haru, era também Makoto, e ele nunca odiaria Makoto.

Ser amado incondicionalmente, e amá-lo dessa mesma forma avassaladora. Seu melhor amigo, seu amor de infância, sua paixão de adolescência, seu romance para a vida inteira.

Os primeiros dias da primavera batiam na janela do seu quarto aquecido pelo calor do eterno verão dos seus sentimentos, transmitido em gestos, toques, beijos e arfadas, esse calor que aquecia os lençóis, nos movimentos languidos que se tornavam urgentes. Em palavras tão preciosas, sussurradas suavemente junto ao ouvido, fazendo seu amado estremecer.

— Makoto, eu te amo.