É engraçado – e triste – como as pessoas se orgulham de ser o que são quando, na verdade, não passam de uma combinação de adesivos deixados pelos outros. Somos o que nos deixam ser. Uma coletânea de rastros. Tudo que nos é dito, que nos mostram, nos fazem sentir, nada é inteiramente nosso. Não pertencemos a nós mesmos. Um arranjo e rearranjo, uma sequência, uma marca, um universo inteiro em um corpo só. É preciso recolher todas as peças e atribuir significado novo, reinventar. Recombinar. Só então seremos nós e não eles. A entropia torna-se impossível, jamais retornaremos ao primeiro adesivo.