O que somos agora, Gareth?

A pergunta martelava em sua cabeça, como uma enxaqueca. Primeiramente ele concluiu que a resposta mais óbvia era que eles eram a caça. No entanto, após perscrutar mais afundo dentro de sua mente, percebeu que eles não eram dignos de serem rotulados assim.

Alex se sentia encurralado, e esse tipo de sensação sempre acabava por desencadear seu lado mais imaturo e ansioso. Odiava se sentir preso, mas uma presa era exatamente o que ele era. Se fossem a caça, teria de haver caçadores — e ninguém os estava caçando porque eles já haviam sido pegos.

Agora tanto Alex como o restante daquelas pessoas cuja vida não lhe era relevante estavam no mesmo barco, na fila para o abate.

— Nós somos o gado — Alex respondeu à pergunta de Alex Dois, tantos minutos depois, e tão baixinho que só foi ouvido porque todos queriam escutar outro barulho que não fossem os gritos vindos do lado de fora. — Os açougueiros estão bem ali, atrás da porta. Se não reagirmos, seremos abatidos.

O silêncio instalou-se no vagão e tornou o ar tão pesado que Alex achou que poderia apalpá-lo. Todos ficaram quietos porque todos sabiam o que aquela afirmação implicava.