O quão estranho é ler o Sol após ele mesmo escrever?

Desculpe a minha má educação, aliás, meu nome é Sol. Sim, aquele astro que louvam toda manhã por um simples capricho ou crença.

Não venho irradiar hoje, meus sentidos não permitem tal audácia.

Dizem que o pior no mundo de vocês são as mortes intermináveis, é que meros mortais nunca presenciaram uma imersão seguida da extinção de uma estrela.

E desta vez, não serei o espectador, serei engolido.

Acham-se colossais, na pior das hipóteses, sou uma mísera formiga e se seguirmos a lógica, o que são vocês?

O que mais fantasia meu teor de loucura, é a iminência da beleza entre corpos, como o próprio pó pode amar? Se nem a imensidão pode sacrificar a vida por um amor? O que difere suas mentes putrefatas da de um anjo? Quem sabe um anjo é muito, afinal anjos não deveriam ser erradicados.

No meu testamento, nas minhas reticências, só tenho um pedido. Vai ser esdrúxulo sentir o meu orgulho se esvaindo em cinzas... Quero ser como vocês, um ser humano.

Mesmo tendo ouvido tanto de uma alma sofredora, quero a dor na minha pele, as chamas na minha espinha. Viver.