C.a.c.a.a.c.t escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 17
V. C. N. T.




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200. Começo esse atestado de óbito com um número e uma palavra: donaire. Nos borbotões e burburinhos de baixa laia, é apenas um vocábulo minguado de algum anoso anêmico. No mais faustoso catalão, donaire denota “mulher”. Sei que mais cedo ou mais tarde, doravante meu perecimento, meus filhos lerão esta nota. Sentirão raiva, pois qual pai amável deixaria a sua única herança para uma amásia desconhecida?

Nos extraviados sazões de minha puberdade, pude, após varrer bordéis, esquinas e calamitosos leilões... Encontrar-me, absorto num pesadelo de volúpia.

Numa digressão efêmera pelas entranhas e vielas da cidade baixa, encontrei uma mulher como qualquer outra, ofereci meu cartão, e entre meus lábios lascados, um sorriso cínico e de falso poder apoderou-se da minha expressão. Mas, diante da obviedade e previsibilidade, fui nocauteado. Afinal, o destino prega-te peças que nem Gil Vicente conseguiria escrever. Ela não aceitou.

Devo esclarecer, não era nenhuma cortesã que eu havia abordado, simplesmente uma futura cavidade de veludo. Todas haviam aceitado a alta quantia inicial. Não bastou aumentar... Essa é a mãe dos meus filhos.

Nunca me casei, domei tantas damas, e sempre tornava aos braços da minha amada. 200? O nosso número da sorte.

A herança? Meus filhos.


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