— Não acha que está sendo um péssimo irmão ao contar isso? — questionei, vendo sua vergonha evidente.

— Ah qual é, Alice não precisa saber que falei essas coisas para você... — coçou a nuca e sorriu.

— Creio que terei que admoestar à Alice.

— Você vai o que?! Jesus, Dália, onde você encontra essas palavras? — Wes arqueou as sobrancelhas e crispou os lábios.

— No dicionário, Wes. — respondi, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Escuta, Dália... Eu só contei porque se depender da minha irmã ela vai passar a vida toda sozinha, ela tem certo medo de expressar o que sente. Por isso estou dando um pequeno empurrãozinho, porque se bem me lembro, você é uma ótima pessoa... Pelo menos, quando brincávamos você sempre me emprestava suas bonecas.

— Isso foi há muito tempo, Wes. Quando éramos crianças. As coisas mudam. — o observei endireitar-se no banco do carro parado.

— As coisas não mudam, as pessoas sim.

— E o que espera que eu faça? Saia beijando a Alice? — indaguei, voltando ao principal assunto.

— É uma boa ideia! — Wes sorriu sem jeito. — Eu quero que tente, Dália. Sei lá... Tente conhecer a Alice, sabe, conhecer verdadeiramente. Eu sei que você gostará do que encontrar.