O mais irônico naquela história toda, Chris pensava, era que quando eram mais jovens — e supostamente, mais inconsequentes — nenhum deles tomou qualquer atitude, ainda que o sentimento que ambos compartilhavam não fosse uma coisa recente.

Em tese, eram dois homens maduros e bem resolvidos. Na prática, apenas duas almas perdidas. Poderiam passar horas, até dias, naquele quarto, discutindo, e não chegariam a uma conclusão satisfatória. O fato era que nenhum deles pensou nas consequências. E também — como Jonny dissera — não havia maneira de sair daquela situação sem que pelo menos um deles se machucasse. Não havia homizio para onde correr.

O lado positivo, Chris pensava, com humor irônico, era que sofreriam juntos, porque também não havia modo de relegar a dor a apenas um deles.

— Eu entendo o que você quer dizer, Jonny. E talvez eu seja egoísta por pensar assim, mas eu não me contento com uma parte de você.

— Chris... Eu...

— É claro que eu nunca pediria pra você escolher entre eu a sua família, até porque, convenhamos, você já deixou claro que é incapaz de tal escolha. Acho que já é hora de pagar pelos nossos pecados.

Buckland não respondeu e nunca um silêncio foi tão constrangedor.