Corações ao Mar escrita por Izabell Hiddlesworth
Notas iniciais do capítulo
Aí você escreve a drabble no final do caderno de biologia e fica contando as palavras a dedo, cortando os pulsos, a cara e o coração para ficar só nas 200. Então você passa o caderno para sua amiga de exatas e pede para conferir a conta. -q (Preciso terminar o resumo de biologia, senhor)
Palavra do dia: admoestar.
Durante duas horas, Phillippe o ouviu discursar sobre sua juventude, sobre a construção do Porto de Jade e um navio corsário chamado Sangue de Dragão, cujo capitão, Raj, era filho de indianos nascido em alto-mar. O pai o descrevera – com um sorriso nostálgico – como um homem de pele morena e traços finos, cabelo preto como óleo e olhos sempre sorridentes.
Contara sobre beijos furtados entre as docas, no convés do navio e sobre tardes no píer abandonado da encosta. Houve uma – e aí o pai quase chorara, entre um ataque de tosse e o brilho melancólico no olhar – em que Raj o convidara para desbravar o mundo ao seu lado.
– Mas isso implicava em abdicar de minha herança, da comodidade da casa e dos amigos por perto – o pai suspirou nessa altura, afagando as costas de sua mão. – Fui covarde, recusei e abandonei Raj sem sorriso algum. Deixei que me casassem com sua mãe, enquanto Sangue de Dragão partia para nunca mais voltar.
Phillippe comprimiu os lábios, retraindo-se.
– Eu amei os dois, Phil. Mas meu coração nunca mais foi inteiro sem Raj aqui. Entenda que estou a te admoestar sobre os efeitos da maresia e sobre as covardias da nobreza.
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