Astoria havia decidido vê-lo porque estava cansada de se admoestar e perder horas de sono e lazer em busca de uma justificativa para seus atos. Se Draco tivesse feito ou dito algo surpreendente, ela teria ao menos uma desculpa.

Porem, a verdade é que nada havia acontecido. Tinha sido em um dia como qualquer outro: a tarde escorria lenta do lado de fora, o sol inglês opaco iluminava o quarto de tons claros e Malfoy observava-a com aqueles olhos cinzentos solenes e tristes, esperando o medicamento habitual. Seu rosto era um poema melancólico e difícil de ler. E Astoria era uma curiosa que queria descobrir como seria quebrar o silencio que pairava sobre eles de um modo que produziria ainda mais silencio.

Essa era a razão para ter encostado os lábios nos dele da primeira vez.

Mas agora, ali escondida por um vão de parede pouco iluminado, com o corpo colado ao dele, sentindo a pulsação acelerar à medida que perdia a conta de quantas vezes repetia o gesto, precisava admitir que estava fazendo aquilo pela atração física. E porque era errado. Porque era obsceno. Porque era sujo. E porque - que Merlin a ajudasse - era o que ela queria.