Tinha vergonha de aparecer tão deploravelmente, mas você não se importa, certo? Afinal a culpa é sua.

A primeira vez que fiquei sujo de meu próprio tom escarlate, de todos sentimentos lúgubres, escolhi a raiva.

Nunca pensei que meu sangue fosse tão ruim, com um gosto áspero e pegajoso. Mas era o necessário para sobreviver.

Sou sujo, corrupto, um verme que rasteja sobre os corpos mortos.

Mas me surpreendeu você ter envenenado seu sangue só para mim, quanta consideração, quanto amor.

Eu achava que você estava presa em minha teia, mas tinha um buraco enorme que sequer tinha percebido.

Você parecia tão controlável, tão inocente.

Todas as mentiras que contei foram inúteis.

Muito esforço jogado fora.

Antes eu tinha te dado uma chance, a dadiva da ignorância, mas você recusou meu presente.

Agora vou pegar algo em troca de sua grosseria.

Vou deixar você ter um pequenino espaço em meu interior, um cantinho dentro de mim. Afinal, era isso que você deveria ter desejado desde o começo.

Vou pegar seu coração, aquele que bate loucamente por causa do medo, e comer. Mesmo que meu corpo colapse, vai valer a pena.

A morte sempre é a resposta, pelo menos para mim.