E chega a hora de escolher uma última história. Partirei feliz, lisonjeado pela atenção.

Pensei muito sobre qual seria a situação mais interessante para narrar neste nosso derradeiro encontro. Assim, cheguei a uma conclusão rematada: justapor a essência de todas.

Meu relato aconteceu hoje. Está acontecendo agora, enquanto você acompanha a transcrição de meus sopros. Não estou presente apenas aqui; viajo por todos os quatro cantos do mundo, vendo, simultaneamente, de tudo um pouco: todo o trajeto da humanidade.

Neste dia, neste momento, acompanho o desabrochar de inúmeras vidas vindas à luz. Carrego também a umidade de imensuráveis lágrimas e o amargor de suas perdas, fins, desencontros e descaminhos.

Desço sobre as pétalas de flores entregues a uma namorada.

Faço dançar o catavento na mão de uma criança.

Levo o hálito de vidas que se vão, e também ajudo a soprar o frescor do clamor das vidas que nascem.

Vida e morte. Início e fim. A essência do existir. O eterno ciclo dos seres humanos, em todas as suas nuances e seus matizes infindáveis.

Até mais! Estou indo agora, mas não se preocupe. Eu sempre volto. Ao sentir a primeira brisa ao rosto, terei retornado.

Já sabe como me escutar.