Se essa rua, se essa rua fosse minha,

Eu mandava, eu mandava ladrilhar,

A rua estava molhada devido à recente chuva, e os vãos dos ladrilhos formavam poças d'águas que as pessoas preferiam evitar, então ficavam no conforto de suas casas onde seus sapatos caros estariam a salvo das terríveis poças de lama.

Mas um pequeno garotinho não ligava pra isso.

Se sentia muito sozinho, não tinha amigos, ao menos não verdadeiros, ele era pequeno, tinha apenas 7 anos, mas já sabia que o dinheiro, Fama, influência e prestígio da grande família Uchiha atraía gente falsa.

Crianças também são falsas, também são interesseiras, engana-se quem pensa o contrário!

Então não gostava de toda aquela atenção destinada a si, ou melhor, ao seu sobrenome.

Com pedrinhas, com pedrinhas de Brilhantes,

Só pro meu, só pro meu amor passar.

Então preferia ficar sozinho, e aproveitava a rua vazia e as portas fechadas pra fazer o que mais gostava....

Ser uma criança qualquer. ..

Pulava nas poças espalhando água, que brilhavam lindamente como pequenas pedrinhas por conta dos poucos raios de sol que escapavam do céu ainda nublado.

Nessa rua, nessa rua tem um Bosque,

Que se chama, que se chama solidão,

Ainda brincando com as poças, completamente sujo, ria feliz pelo seu estado, como gostava de dias de chuva!

Aos poucos se aproximava de um bosque que precisava passar pra chegar a mansão Uchiha.

O pequeno Uchiha parou em frente aquele bosque como sempre fazia, aquele lugar tinha algo que o atraía, não sabia exatamente o que.

Era como se algo o chamasse, o convidasse para entrar e descobrir o porquê sentir que aquele lugar exalava uma solidão que só ele era capaz de sentir.

Isso tudo o assustava, oh sim, Uchihas sentem medo, e ele temia aquele bosque.

Mas naquele dia em especial a vontade, A curiosidade, o impulso fora mais forte que o medo, algo sussurrava em sua mente, que algo lá dentro precisava dele.

Sabia pouco sobre aquele lugar, apenas que era cuidado por um escritor pervertido que tutoreava o afilhado órfão, mas poucos viam o pequeno, por algum motivo as pessoas não gostavam da criança.

O pequeno realmente não entendia os adultos, nem mesmo as crianças, de quê adiantava desprezarem as pessoas?

Dento dele, dentro dele mora um anjo,

Que roubou, que roubou meu coração.

Ao adentrar o lugar ficou encantado, parecia bem maior olhando por dentro, as imensas árvores o faziam se sentir minúsculo, mas não se importava, os raios de sol que escapavam da nuvens invadiam o lugar pela copa das árvores frondosas, o lugar parecia encantado!

Era tão silencioso, do jeito que gostava, e apenas por ser tão calmo que ouviu um soluço baixo misturado com o som de água caindo, andou curioso até encontrar uma pequena cascata, um…. Um anjo. ..!

Foi isso que pensou ao ver aquela criatura de pele beijada pelo sol e cabelos dourados como ouro polido... Só podia ser um anjo...mas porque estava chorando?

—Olá- a pequena figura se encolheu ao som de sua voz e soluçou. Andou até se agachar frente ao seu anjo, que se encolheu ainda mais. -Por que está chorando? -E finalmente a criaturinha ergueu o rosto e o pequeno Sasuke perdeu o fôlego, ele tinha o rosto tão infantil quanto o seu, porém angelical, três riscos simétricos em cada bochecha, como uma raposa mas os olhos, ah azuis como o céu no verão, incrivelmente inocentes.

—Lindo... - Murmurou, sem notar o rubor na face do outro- Um anjo -sussurrou, sem notar que estava delineando as marquinhas do outro que estava cada vez mais vermelho.

—O que está fazendo? - sua voz ecoou suave para Sasuke que recolheu a mão envergonhado.

—Desculpe, Sou Sasuke- se apresentou.

—Tudo bem, Sou Naruto. - O loiro já não chorava, mas o fitava com curiosidade.

—Por que estava Chorando? - reformulou a pergunta curioso, mas quase se arrependeu ao ver o pequeno amuar novamente.

—Hoje é meu aniversário- Falou baixinho, como se tivesse confessado um crime imperdoável.

—Você não devia tá feliz?

—Não, eu matei meu Oto-san e minha Okaa-san quando nasci - E voltou a chorar baixinho- Eu sou um monstro- o Moreno o olhou quase incrédulo, não ele era um anjo, o seu anjo.

—As pessoas não gostam de mim, ninguém além do Ero-sennin gosta de mim- murmurava pra ninguém em particular e o outro sentia seu coraçãozinho apertar.

—Eu Gosto De Você, Dobe- disse baixinho.

—Você o...Ora não me chame assim seu. Seu Teme- resmungou fazendo bico, pra logo em seguida abrir um sorriso radiante, e mais uma vez o pequeno sentiu seu fôlego fugir, se pôs de pé e estendeu a mão pra o outro.

—Vem comigo? - o rosto pálido do pequeno Uchiha aqueceu assim como seu coração ao ver o outro se lançar pra um abraça ao invés de pegar sua mão, falando alto que seriam os melhores amigos de todos. Se deixou rir, nem parecia que o outro estava chorando a minutos atrás, apenas se deixou levar pela energia boa que emanava do Seu anjo.

Mesmo sem saber o que aquele calor em seu peito significava, mas sabia queria seu pequeno anjo pra sempre ao seu lado, e de alguma forma, sabia que o outro queria o mesmo.

Se roubei, se roubei seu coração

É porque, é porque te quero bem

Se roubei, se roubei seu coração

É porque, é porque roubaste o meu também.