Proesiando escrita por Layla Glêz


Capítulo 26
Resiliência


Notas iniciais do capítulo

Sim, acho que estou repetindo os temas. Mas não consigo não falar sobre essas coisas. Então vai ter feminismo sim! E nem comecei ainda.
Enfim, drabble inspirada no vídeo da Jout Jout (VEJAM!) sobre a hashtag Primeiro Assédio.
Beijos e boa leitura!



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Tinha um trajeto rápido. Saía de casa para o ponto de ônibus, apenas uma quadra e meia a pé. Todo dia, passava na frente da padaria de Seu João e ele sempre a saudava com um sorriso doce, às vezes lhe dava até um pão recém-saído do forno. Uma gentileza que era recompensada na propaganda que fazia a qualquer um do bairro. Com direito a slogan: você quer um pão? Só lá em Seu João.

Seu João então contratou José e, cada vez que ela passava na frente da padaria, ao invés de pão recebia uma frase. Mas nada de poesia, nem do riso do velho João. Sempre vinha precedido de assovio, com palavras diferentes.

“Onde tá indo, moça bonita?”

Não respondia, fosse pelo assovio ou pelo sorriso torto, ela não ia com a cara de José.

“Um pão por um beijo!”

Resiliente, não mudou o percurso. Batia os pés, passava rápido, ou até mesmo mudava de calçada. O assobio continuava, irritante. Quando Seu João não pode mais com a padaria, José ficou mais solto, sua vizinha até afirmou ter mudado o rumo por conta dele.

Descobriu que não era só com ela.

Descobriu que resiliência também rimava com resistência.


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